A primeira metade de março no Centro-Sul do Brasil pode ser dividida em dois tempos com uma grande mudança de mudança no padrão da temperatura no Sul e o retorno da chuva para parte do Sudeste.
Mesmo assim, choveu abaixo da média em quase todo o Centro-Sul do país nos primeiros 15 dias de março, o que agravou a estiagem em parte do interior do Rio Grande do Sul, onde mais de 200 municípios estão em situação de emergência.
Uma onda de calor marcou os primeiros oito dias do mês na Região Sul com temperatura muito acima da média histórica e marcas ao redor e mesmo acima dos 40ºC em diversas tardes.
Estações do Instituto Nacional de Meteorologia anotaram no Rio Grande do Sul 38,0ºC em 1º/3 em Santa Maria; 38,1ºC em 2/3 em Santiago; 40,5ºC em Santiago no dia 3; 39,9ºC em Quaraí no dia 4; 38,7ºC em São Borja no dia 5; 37,9ºC em São Gabriel no dia 6; 38,7ºC em Santiago no dia 7; e 39,4ºC no dia 8.
Em Porto Alegre, a temperatura média máxima na estação do Jardim Botânico nos primeiros oito dias do mês ficou em 36,6ºC, ou seja, impressionantes 7,4ºC acima da média máxima histórica de março de 29,2ºC.
Entre os dias 9 e 10, uma frente fria avançou pelo Sul do Brasil com muitas nuvens, chuva irregular e temporais isolados, provocando uma ruptura no bloqueio atmosférico que colocou fim à onda de calor.
A temperatura média máxima em Porto Alegre entre os dias 9 e 15 foi de 27,4ºC, logo ou 1,8ºC abaixo da média máxima histórica mensal de 29,2ºC.
Para se ter ideia de como mudou o padrão, a média das máximas entre os dias 1 e 8 de março foi 9,2ºC acima do período entre os dias 9 e 15 deste mês.
No Sudeste do Brasil, a influência da frente fria na temperatura foi nula em parte da região, mas houve o retorno da instabilidade para pontos que não experimentavam chuva com maiores volumes.
Foi o caso do Rio de Janeiro. Uma forte tempestade atingiu a cidade do Rio de Janeiro na noite do dia 12 com vendaval e chuva localmente intensa. Em vários pontos, choveu mais em apenas uma hora na noite do dia 12 que na soma dos 40 dias anteriores.
Horas antes, no dia 12, um temporal intenso com rajadas de vento muito fortes atingiu parte da cidade de São Paulo com queda de centenas de árvores. A tempestade isolada castigou especialmente a área central da capital paulista.
Chuva na segunda metade de março
A segunda metade de março que se inicia hoje não será muito diferente da primeira no Sul do Brasil com a tendência de a chuva se manter irregular e continuar abaixo da média histórica na maioria das cidades.
Pontos isolados, entretanto, podem experimentar chuva perto ou acima da média, especialmente em localidades de Santa Catarina e do Paraná.
O mapa abaixo mostra a projeção de chuva acumulada para 15 dias do modelo do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF) em que se observa como a chuva tende a ter baixos volumes na quinzena em muitos pontos do Sul, notadamente no Rio Grande do Sul.
METSUL
Por outro lado, no Sudeste se espera um aumento substancial da chuva na quinzena no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e no Centro-Sul de Minas Gerais, assim como na região do Triângulo Mineiro.
Com base nos dados dos modelos, alerta-se para o risco de episódios pontuais de chuva excessiva com volumes muito altos no Rio de Janeiro, Espírito Santo e no Centro-Sul de Minas, especialmente no Sul mineiro.
E a temperatura?
O começo do outono no dia 20 não significará o fim do calor em muitas áreas do Centro-Sul do Brasil e a segunda metade deste mês ainda deve ter muitos dias de temperatura alta em estados do Sudeste, Centro-Oeste e o Sudeste.
Os mapas abaixo mostram as projeções de anomalia de temperatura, ou seja, o desvio da média, para as próximas duas semanas, de acordo com dados do Centro Europeu (ECMWF).
ECMWF
ECMWF
No Sul do Brasil, as temperaturas devem ficar acima da média em cidades do Oeste do Rio Grande do Sul, Oeste de Santa Catarina e Oeste e Norte do Paraná. Nestas áreas, o calor será frequente com várias tardes em que as máximas atingem 32ºC a 35ºC ou mesmo valores superiores isolados.
Já mais perto da costa, no Sul e no Leste gaúcho e no Leste catarinense e paranaense, a temperatura deve ficar mais perto da média com calor muito menos frequente e um predomínio de tardes agradáveis.
No Sudeste, a maior parte da região deve ter uma segunda metade de março em que a temperatura ficará acima a muito acima da média com calor mais intenso e frequente no interior de São Paulo e em Minas Gerais.
Áreas mais perto da costa em São Paulo e no Rio de Janeiro devem ter menor ocorrência de calor e diversos dias com temperatura perto e abaixo da média, o que não significa frio porque as médias históricas desta época do ano são altas. O calor é que fica mais moderado com impacto da chuva para atenuar as temperaturas.
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