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Ingresso de ar quente vai trazer alguns dias de temperatura muito alta para esta época do ano no Sul do Brasil nos últimos dez dias de julho | FERNANDO OLIVEIRA

A primeira quinzena de julho foi marcada por temperatura acima da média em grande parte do Brasil. As maiores anomalias de temperatura se deram no Sul do país, onde as mínimas mais a Oeste da região ficaram 3ºC a 5ºC acima do normal em muitas cidades.

Em diversas localidades do Sudeste do Brasil, principalmente de São Paulo e de Minas Gerais, a despeito de tardes de temperatura acima da média, as mínimas ficaram abaixo da climatologia histórica de julho por conta da atmosfera muito seca.

Os principais eventos da primeira metade do mês se deram no Nordeste e no Sul do Brasil com extremos de precipitação e vento que deixaram vítimas e dezenas de milhares de pessoas fora de casa ou afetadas pelas condições atmosféricas muito desfavoráveis.

Na Região Nordeste, um evento de chuva extrema atingiu no final da primeira semana de julho as áreas costeiras e zona da Mata em Sergipe, Alagoas e em Pernambuco. Alagoas foi o estado mais atingido. Mais de 30 mil pessoas deixaram suas casas e houve ao menos quatro mortes pela chuva.

No Sul, uma baixa pressão que depois daria origem a um fraco ciclone longe da costa, trouxe chuva de até 130 mm na Metade Norte gaúcha entre os dias 7 e 8. Logo na sequência, frente quente se formou com chuva e temporais sobre Santa Catarina.

Entre os dias 12 e 13, ciclone se formou sobre o Rio Grande do Sul. Houve rajadas de 151 km/h no estado gaúcho e 157 km/h em Santa Catarina. A chuva em uma semana, reforçada pelo ciclone, atingiu 200 mm a 300 m em muitas cidades com deslizamentos e cheias de rios. O ciclone ainda organizou linha de tempestade com vento horizontal extremo e tornado e microexplosões atmosféricas embebidas no sistema.

Oito pessoas morreram pelo ciclone (4 no Rio Grande do Sul, 1 em Santa Catarina e 2 em São Paulo), mais de uma centenas de cidades tiveram danos entre pequenos e severos, e no pico da falta de energia entre três e quatro milhões de pessoas estavam sem luz no Sul do Brasil na quinta-feira, 13 de julho.

O ciclone impulsionou no final da primeira metade do mês uma massa de ar frio de  trajetória continental para o Brasil que trouxe os primeiros dias de frio mais intenso do mês no Sul e precipitação invernal (neve e chuva congelada) na noite dos dias 13 para 14 no Planalto Sul Catarinense.

O que esperar da chuva na segunda quinzena

Grande parte do Brasil deve ter pouca chuva nesta segunda metade de julho, afinal é a estação seca do Centro-Oeste e do Sudeste, mas chamamos a atenção que algumas áreas do país que nesta época não costumam ter muita precipitação podem receber volumes de chuva até altos.

A passagem de uma frente fria e o posterior fluxo de umidade de um potente centro de alta pressão no Atlântico Sul devem trazer chuva para o Nordeste catarinense, o Paraná e áreas perto da costa no Sudeste do Brasil nesta terceira semana de julho. Alertamos, inclusive, para o risco de chuva localmente volumosa a excessiva.

No Rio Grande do Sul, a tendência é de predomínio do tempo firme nos próximos dez dias com muito sol. No final do mês, por conta de um bloqueio atmosférico, que vai trazer aumento da chuva mais para a região do Prata e o Uruguai, pode chover com maior intensidade mais ao Sul do estado gaúcho.

No Centro-Oeste do Brasil, áreas mais ao Sul da região amazônica e no Agreste nordestino, a precipitação deve seguir muito escassa ou nula na maior parte dos pontos durante esta segunda metade de julho. No Nordeste, a chuva ocorre mais na costa e em alguns pontos pode se intensa.

Temperatura na segunda metade de julho

A segunda metade de julho começa com o Sul e o Sudeste do Brasil sob influência de uma massa de ar frio, mas entre os dias 16 e 17 vai ingressar um reforço de ar polar no Sul que tende a prolongar o período de temperatura baixa e fazer com que a terceira semana de julho seja mais fria do que a média na maior parte do Centro-Sul do país.

Ocorre que na última semana do mês se projeta um cenário sinótico muito interessante na América do Sul que deve levar a dias de temperatura muito alta temperatura no Sul do Brasil. Observe nos mapas a seguir como haverá duas poderosas áreas de alta pressão ao redor de 1040 hPa sobre o Atlântico Sul e o Pacífico Sul.

As altas pressões funcionam como duas “montanhas” no padrão de onda da longa da atmosfera e estão associadas ao avanço de massa de ar frio em direção ao equador. No vale, na região entre estas duas “montanhas”, vai estar ingressando ar quente.

Por isso, espera-se que após os dias 20 ou 21 ingresse ar mais quente no Sul do Brasil e na última semana do mês sejam registrados vários dias de temperatura alta, alguns muito quentes para esta época do ano com uma sequência atípica de dias de máximas altas para o mês de julho.

No Sudeste do Brasil, a segunda metade deste mês não deve ter grandes desvios das médias. A segunda quinzena de julho deve terminar com temperatura abaixo ou acima da média mensal conforme a localidade. A região não será tão impactada pelo ingresso de ar mais quente no Sul do país na última semana de julho, uma vez que estará mais perto da circulação marítima da alta do Atlântico.

Como consultar os mapas

Todos os mapas neste boletim podem ser consultados pelo nosso assinante (assine aqui) na nossa seção de mapas a qualquer hora. A plataforma oferece mapas de chuva, geada, temperatura, risco de granizo, vento, umidade, pressão atmosférica, neve, umidade no solo e risco de incêndio e raios, dentre outras variáveis, com atualizações duas a quatro vezes ao dia, de acordo com cada simulação. Na seção de mapas, é possível consultar ainda o nosso modelo WRF de altíssima resolução da MetSul.

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