Como vai ser o clima em junho? Mês, historicamente, tem muito frio e costuma ser úmido com a maior frequência do ano de ocorrência de nevoeiro no Rio Grande do Sul | Eloana Antinolfi

Como vai ser o clima em junho? O mês é o primeiro do denominado inverno climático que é compreendido pelo trimestre junho a agosto. Juntamente com julho, é o mês mais frio do ano na climatologia histórica. E costuma, pelos padrões históricos, ser chuvoso no Rio Grande do Sul. Depois de um maio mais chuvoso e muito frio, o mês que está por começar não promete ter frio regular e contínuo, na análise da MetSul.

No caso de Porto Alegre, junho tem uma temperatura mínima média histórica de 10,7ºC, a mesma de julho. Já a temperatura máxima média é de 19,2ºC, inferior a de 19,6ºC de julho. Por isso, junho na Capital é o mês do ano com menor temperatura média na série com 14,3ºC, abaixo da média de julho de 14,5ºC.

Já quanto à precipitação, a chuva média histórica de junho em Porto Alegre é de 132,7 mm, o terceiro mês mais chuvoso do ano na climatologia histórica, abaixo dos 140,0 mm de agosto e 139,5 mm de setembro. Os dados se referem à série histórica 1961-1990 do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Clima em junho na temperatura

Maio neste ano terminará com temperatura abaixo da média no Rio Grande do Sul. Foi um mês com alta frequência de incursões de ar frio e seco, o que proporcionou um alto número de madrugadas com mínimas baixas e negativas, após um início de maio que foi temperatura muito alta nos primeiros dias.

Junho, ao contrário, não deve ter a mesma regularidade de ingresso de massas de ar frio de maior intensidade. Não significa que vai deixar de fazer frio, mas ele não será regular e contínuo. Os episódios de frio serão pontuais e haverá muitos dias com mínimas acima da média.

A esmagadora maioria dos modelos de clima analisados pela MetSul aponta a tendência de o Rio Grande do Sul e o Sul do Brasil terem um mês de junho com temperatura acima da média. Algumas simulações apontam uma margem para temperatura mais próxima da média ou pouco abaixo da média em áreas próximas da fronteira com o Uruguai. É o caso do modelo norte-americano CFS, que na seção de mapas está disponível ao assinante com projeções para até seis meses.

Agora, na virada do mês de maio para junho, ingressa uma massa de ar frio com mínimas baixas, mas logo deve aquecer. A maior parte da primeira metade de junho não deve ser muito fria. Alguns dados sinalizam a possibilidade de ingresso de uma incursão de ar mais gelado nos últimos dez dias de junho.

À medida que não se antecipa um junho de frio sustentado e rigoroso, muitos dias devem ter tardes amenas ou agradáveis com máximas acima da média. Isso pode levar, devido à inversão térmica, a uma maior ocorrência de dias de nevoeiro.

Chuva em junho

Junho, como destacado, é na climatologia histórica um dos meses mais chuvosos do ano no Rio Grande do Sul ao passo que mais ao Norte do Sul do Brasil, no Paraná, pela maior proximidade com o Brasil Central, costuma ser mais seco. Além das frentes frias, junho no estado gaúcho é o mês com maior ocorrência no ano de frentes quentes, quando massa de ar quente avança sobre massa de ar frio gerando instabilidade. Estes episódios de frentes quentes de junho, historicamente, trazem muita chuva e raios, além de granizo.

Os modelos são quase uníssonos em indicar um junho de precipitação abaixo a muito abaixo da média no Sul do Brasil, incluindo o Rio Grande do Sul. A MetSul trabalha com a possibilidade de que parte do Estado possa terminar com chuva abaixo da média o mês, mas não cremos que será tão seco quanto o indicado pelos modelos. O mapa abaixo mostra a projeção de anomalia de chuva do modelo norte-americano CFS para junho no Sul do Brasil.

Os mapas são de anomalia, logo de desvio em relação à média, e um desvio negativo não significa ausência de chuva. Chuva de 100 mm, por exemplo, é abaixo da média de junho e acima da média de maio em Porto Alegre. Isso porque a média de precipitação de maio é baixa e a de junho é alta na Capital. Situação completamente diferente no Paraná, onde em junho chove menos na maioria das áreas e um mês mais seco que a média significa pouca chuva.

Assim, mesmo com os indicativos de precipitação abaixo da média pelos modelos, na avaliação da MetSul os gaúchos podem sim esperar episódios de precipitação ao longo do mês e, inclusive, regionalmente volumosa. A primeira metade de junho deve ter ao menos dois eventos de chuva, mas a probabilidade maior é que a segunda quinzena do mês reserve os maiores volumes de precipitação.