Dados de satélites mostram que nunca desde o começo das medições em 1979 a cobertura de gelo marinho foi tão baixa na Antártida. Os valores são muito inferiores aos anos do passado em que a cobertura tinha sido mais baixa.

ZACK LABE

Embora o declínio na extensão do gelo do Mar Antártico seja sempre acentuado nesta época do ano pelo verão do Hemisfério Sul, o Centro de Dados de Gelo e Neve (NSIDC), dos Estados Unidos, observa que a redução nas últimas semanas foi “extraordinariamente rápida”.

No final de dezembro, a extensão do gelo marinho da Antártida estava no nível mais baixo em 45 anos de registros por satélites. A extensão estava mais de meio milhão de quilômetros quadrados abaixo do recorde anterior de 2018.

Os cientistas do centro ressaltam que quatro dos cinco anos de menor cobertura de gelo marinho na última quinzena de dezembro ocorreram desde 2016. “As causas relacionadas ao clima para a extensão anormalmente baixa do gelo marinho parecem decorrer de uma faixa de temperaturas acima da média que se estende do Mar de Weddell para o Oeste até o Mar de Ross”, disse o NSIDC.

As temperaturas do ar perto da superfície estavam mais de 1ºC acima da média em toda a área em novembro e dezembro, e 2ºC acima no Mar de Ross. Nos últimos dois meses, houve períodos de fortes ventos e pressão atmosférica abaixo da média, o que acelerou o derretimento do gelo marinho.

O setor da Antártida que a temperatura mais ficou acima da média nos últimos dois meses foi justamente o mais voltado para a América do Sul e o Pacífico, onde coincidindo com o padrão novembro e dezembro foram por demais quentes na Argentina com o agravamento da severa seca no país.

O padrão de vento é resumido pelo índice chamado de Modo Anular Sul ou Oscilação Antártica (AAO), uma medida da intensidade dos ventos ao redor do Polo Sul. A oscilação esteve em uma fase positiva durante a maior parte de 2022 e foi bastante positiva no último trimestre do ano.

Isso significou ventos mais intensos do que o normal em torno do continente antártico. Estudos mostram que a fase positiva da AAO tende a reduzir a chuva na Argentina, Uruguai e o Rio Grande do Sul, o que contribui para a estiagem atual que castiga a região.