O governo federal celebra que os casos de dengue despencaram no primeiro trimestre no Brasil. De acordo com os números divulgados pelo Ministério da Saúde, foram 215.169 notificações contra 921.716 em 2013, queda de quase 77%. O número de casos graves da doença caiu 80%. Já as mortes diminuíram 87%. No Rio Grande do Sul, ao contrário, as notificações de casos subiram de 307 no primeiro trimestre do ano passado para 410 este ano. O governo atribuiu em coletiva o forte recuo da dengue no Brasil nos primeiros meses deste ano aos avanços na rede pública de saúde e uma maior conscientização popular.


A realidade, porém, é outra. O que determinou extraordinária diferença de um ano para outro foi fator que autoridade nenhuma controla. Foi o clima. Grande parte do Brasil teve um verão muito seco. Menos chuva, menos umidade, menos mosquitos. Por trás do recuo da dengue está a mesma causa da falta de água em São Paulo e a crise energética que agora pesa junto aos bolsos de milhões de brasileiros: a falta de chuva. Tanto que aqui no Rio Grande do Sul, onde o verão foi de chuva mais regular e volumosa, o que garantiu a excelente safra agrícola, os números foram mais altos que no ano passado.


Se depender da tendência atual do clima para o próximo verão, o número de casos de dengue no Brasil no primeiro trimestre de 2015 teria um salto comparado a 2014. De acordo com os meteorologistas da MetSul Meteorologia, hoje a perspectiva é que os meses de verão no próximo ano não repitam o padrão de chuva muito abaixo da média de 2014,inclusive se antecipando prováveis excesso de precipitação em estados do Sudeste e do Centro-Oeste do Brasil, o que poderia levar a um significativo aumento do número de casos da doença. (Com foto de arquivo por José Cruz/ABr/EBC e mapas do Cptec/Inpe).