Anúncios

Cidade de São Paulo (foto) terá uma primeira metade de outubro de chuva muito acima do normal para esta época do ano depois do setembro mais quente já registrado com evidente sinal do El Niño influenciando o clima em São Paulo | ETTORE CHIEREGUINI/AGIF/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Clima em São Paulo começa a sofrer os impactos do El Niño. A cidade de São Paulo teve um mês de setembro que fugiu muito ao normal. Embora a chuva tenha ficado perto dos padrões históricos, a temperatura atingiu desvios enormes das médias climatológicas, o que fez do setembro recém terminado o mais quente de toda a série histórica da capital paulista. Agora, outubro terá chuva muito acima da média na cidade de São Paulo.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia, na estação meteorológica convencional da capital paulista no Mirante de Santana, na zona Norte da cidade, a chuva em setembro somou 77,6 mm. O valor ficou apenas 10 mm abaixo da média histórica 1991-2020 de 88,3 mm, ou seja, perto da normal histórica.

O maior volume de chuva em 24 horas em setembro foi de 29,4 mm, nas 24h encerradas às 9h do dia 28. Houve três dias com registro de precipitação acima ou igual a 1 mm, quatro dias a menos que a média climatológica.

No ano, até 30 de setembro, a estação somou 1.197,7 mm, o que corresponde a um volume 4 % acima da climatologia para os meses do período. O desvio está ligeiramente positivo basicamente por conta da chuva excessiva ocorrida em fevereiro, quando a cidade de São Paulo anotou 428,9 mm.

Mas setembro de 2020 entra para a história na cidade de São Paulo pela temperatura. Com média de 30,2°C, as temperaturas máximas fecharam o mês 5°C acima da média máxima histórica mensal de 25,2°C. Trata-se de um desvio recorde para o mês desde o começo das observações em 1943.

O Instituto Nacional de Meteorologia informa em seu boletim de resumo mensal da cidade de cidade de São Paulo que a máxima do mês de 36,5°C, registrada no dia 24, foi recorde absoluto em um setembro na estação convencional, desde 1943.

Aqui, contudo, a MetSul faz uma importante ressalva. Em 30 de setembro de 2020, a estação automática no mesmo local indicou 37,1ºC. Não havia medição na estação convencional devido à pandemia e o órgão federal havia informado em comunicado que os dados da estação automática valeriam como se fossem da convencional. Assim, afirmar que os 36,5ºC deste ano são um novo recorde de máxima para setembro se afigura um erro.

Já a média das mínimas ficou em 18,1°C, também recorde para a série histórica. A média histórica das mínimas 1991-2020 é de 14,9°C. O desvio foi 3,2°C acima da climatologia. A menor temperatura de setembro foi de 12,6°C, ocorrida no primeiro dia do mês. Já a mínima de 23,6°C, no dia 19, a mais alta deste ano até agora, pode ter sido a mais alta em décadas.

Por que São Paulo teve um setembro tão quente e sem precedentes em toda a sua série histórica? É impossível analisar o que ocorreu sem enxergar o resto do Brasil. No mesmo mês em que a capital paulista registrava temperaturas absurdamente fora do normal, com desvio mensal de até 5ºC nas máximas, o Sul do Brasil tinha o setembro mais chuvoso já visto no Rio Grande do Sul em mais de um século e a seca agrava-se no Norte do Brasil.

Fenômeno El Niño segue se fortalecendo na faixa equatorial do Oceano Pacífico. Anomalia de temperatura da superfície do mar neste começo de outubro no Pacífico Equatorial Centro-Leste estava em 1,5ºC, no limite de moderada e forte intensidade de El Niño | NOAA

O sinal de El Niño, o fenômeno de aquecimento das águas do Pacífico, é muito evidente no padrão de chuva e temperatura do Brasil no mês de setembro com excesso de chuva no Sul, escassez no Norte e temperatura muitíssimo acima da média na faixa central do território nacional, incluindo o estado de São Paulo.

Agora, em outubro, outra manifestação das consequências do El Niño no clima em São Paulo com excesso de chuva. Chuva muito acima da média é esperada nos três estados do Sul, onde o sinal do El Niño costuma ser mais evidente na precipitação, e vai se estender a maior cidade do Brasil.

Projeção de chuva para os próximos dez dias do modelo do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF) indica chuva volumosa e muito acima da média em São Paulo | METSUL

A cidade de São Paulo teve apenas no primeiro dia de outubro a metade da média de chuva de todo o mês na estação do Mirante de Santana e com acumulados que em alguns bairros passaram dos 100 mm. A tendência é chover muito na capital paulista nos próximos dez dias.

Os dados indicam acumulados muito altos de precipitação para esta primeira metade de outubro na capital paulista. É provável que pontos da cidade de São Paulo registrem só na primeira quinzena de outubro volumes de chuva acima de 200 mm. Serão vários eventos de instabilidade em sequência, levando aos volumes muito altos.

A média histórica de precipitação de outubro na cidade de São Paulo, pela série histórica 1991-2020, é de 127,2 mm. Assim, com o que já choveu e ainda se espera tão-somente nos próximos sete a dez dias, outubro já terá chuva acima da média ainda na primeira metade do mês e terminará com precipitação muito superior aos padrões históricos do mês.