Um ciclone tropical com intensidade raramente vista nesta época do ano no mundo avança no momento pelo Pacífico Noroeste. O supertufão Mawar se intensificou ainda ao passar pela ilha norte-americana de Guam e atravessar uma reestruturação de parede do olho da tempestade, o que costuma preceder aumento de intensidade de ciclones tropicais.

TROPICAL TIDBITS

De acordo com o último boletim do Centro de Previsão Conjunta de Alerta de Tufões do Pacífico (Joint Typhoon Warning Center), os ventos sustentados de um minuto ao redor do centro da Mawar subiram para até 155 nós (287 km/h) com rajadas acima de 300 km/h.

O verdadeiro ciclone monstro em intensidade estava com uma pressão atmosférica central de apenas 903 milibares, o que faz de Mawar o ciclone tropical mais intenso até agora neste ano no mundo.

Uma vez considerando a intensidade atual e o ambiente oceânico e atmosférico favorável em sua dianteira para maior intensificação, com elevada temperatura da superfície do mar e pouco vento divergente na atmosfera, Mawar pode evoluir para um raríssimo ciclone tropical com pressão central abaixo de 900 milibares nas próximas horas, tornando-se o mais intenso já visto na região ate hoje.

Philip Klotzbach, meteorologista da Universidade do Colorado (Estados Unidos) destaca quão rara é a força atual do tufão Mawar. Segundo ele, apenas dois outros tufões do Pacífico Norte registrados em maio (desde 1950) tiveram ventos máximos na intensidade observada hoje em Mawar: Phyllis (1958) e Damrey (2000).

O tufão Mawar se afastou hoje do território norte-americano de Guam no Pacífico, levando o governador a declarar que a ilha “resistiu à tempestade”. Os meteorologistas disseram que o tufão atingiu Guam com ventos de 225 km/h na quarta-feira, quando o olho da tempestade passou ao Norte da ilha. A tempestade ruma para o Norte das Filipinas e Taiwan.

“Agora continuamos a concentrar nossos esforços em reparar a infraestrutura e restaurar os serviços básicos de luz e água aos residentes”, disse o governador Lou Leon Guerrero em um post no Instagram. “Quero agradecer a todos por tomarem todas as precauções de segurança emitidas e por mais uma vez resistirem à tempestade”.

Moradores da ilha de 170 mil habitantes disseram na noite de quinta-feira que as condições estavam melhorando. “Os ventos estão finalmente diminuindo. Muitos destroços no meu quintal”, disse à AFP Beckie Merrill, uma professora de ensino médio de 46 anos, de uma área ao Sul da ilha.

Mawar causou estragos em Guam | JAMES REYNOLDS/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Dezenas de milhares de casas ficaram sem energia na quinta-feira, disse a Guam Power Authority (GPA), mas observou que um blecaute total foi evitado. “Reconhecemos que as quedas de energia generalizadas dificultam a recuperação pós-tufão. Engenheiros e equipes de rua começaram a avaliar os danos e fazer reparos na infraestrutura crítica ao amanhecer de hoje”, afirmou em um post no Facebook.

Uma avaliação completa dos danos ainda não foi concluída. Imagens nas redes sociais mostraram o impacto dos ventos que arrancaram árvores, arrastaram veículos e desalojaram telhados, jogando detritos por toda parte.

“Como a luz do sol está começando a aparecer, estamos acordando para uma cena bastante perturbadora em Guam”, disse um meteorologista do NWS na manhã de quinta-feira. “Estamos olhando para fora de nossa porta e o que costumava ser uma selva parece palitos de dente. Parece uma cena do filme ‘Twister’, com árvores simplesmente despedaçadas.” As condições do oceano ainda são traiçoeiras, mesmo para grandes embarcações, disse a agência.

Em Washington, a Casa Branca disse que o presidente Joe Biden foi informado sobre a situação. “A Casa Branca está em contato próximo com o governo de Guam e ofereceu todo o apoio necessário”, disse uma porta-voz. Cerca de 21.700 militares dos EUA e suas famílias estão baseados em Guam, que rotineiramente hospeda submarinos de ataque nuclear e bombardeiros de longo alcance.

O território também abriga importantes postos de escuta eletrônica, e as bases dos EUA possuem algumas das instalações de armazenamento de combustível e munição mais importantes da região do Pacífico.

A tenente-comandante Katie Koenig disse que aeronaves e navios militares partiram antes do início dos ventos destrutivos ou foram abrigados em hangares, “exceto por uma embarcação que permanece no porto devido a um motor inoperável”. Koenig acrescentou que todos os militares e civis foram instruídos a se abrigar.

“Nossos membros em serviço exercitam rotineiramente a resposta a desastres naturais e estão prontos e posicionados para responder, uma vez que a ordem de ‘all clear’ (tudo em segurança) seja dada”, disse ela.