Um surfista pega uma onda em Sydney, em 25 de agosto de 2021, com o swell enorme do ciclone bomba | Saeed Khan/AFP/MetSul Meteorologia

Se o frio intenso deu uma trégua no Sul do Brasil, no outro lado do mundo ar polar provoca marcas históricas de temperatura baixa na Austrália. O frio muito intenso foi favorecido por um ciclone bomba que, além do maior frio em agosto em décadas e com neve, provocou ondas imensas na costa.

Sydney teve na terça o seu dia mais frio de agosto em 25 anos. A grande cobertura de nuvens, chuva persistente e uma intensa massa de ar frio fizeram com que as temperaturas não alcançassem os dois dígitos em grande parte da Bacia de Sydney na terça-feira.

A principal estação meteorológica de Sydney em Observatory Hill, localizada próximo à Harbour Bridge, só atingiu uma temperatura máxima de 11,5ºC. Scone no Hunter Valley atingiu 8,2ºC no dia mais frio em mais de três décadas. A vizinha Cessnock teve seu dia mais gelado desde que os registros começaram quase 50 anos atrás. Narrabri, no Norte do estado de New South Wales, atingiu 7,4ºC. A última vez em que a máxima foi tão baixa em agosto foi em 1962.

A neve cobriu muitas cidades no platô a Oeste de Sydney, inclusive com maiores acumulações que podiam ser vistas em imagens de satélite. Ao mesmo tempo, em Victoria, tempestades violentas causaram estragos com chuva intensa e vento derrubando árvores e linhas de transmissão de energia.

A costa de New South Wales foi atingida por tempestades violentas nos últimos dias e ondas enormes. O mau tempo foi provocado por um sistema de baixa pressão na costa considerada uma “bomba meteorológica”. Ao largo da costa de Botany Bay, as ondas atingiram cerca de 14,2 metros, o que fez a alegria dos surfistas que aproveitaram o swell do ciclone.

A costa de NSW enfrentará vários dias ainda de mar perigoso depois que o poderoso sistema de baixa pressão trouxe ondas enormes e uma onda de tempestade vista apenas uma vez a cada duas décadas. Trata-se de um evento que normalmente seria visto uma vez a cada 40 anos, disse Mitchell Harley, um professor sênior do Laboratório de Pesquisa de Água da Universidade de NSW ao Sydney Morning Herald.

A elevação da maré de tempestade (storm surge) foi de cerca de 47 centímetros, um evento com tempo de recorrência aproximada de 20 anos, disse o Dr. Harley. A erosão da praia poderia ter sido muito pior se a grande tempestade de terça-feira à noite tivesse coincidido com picos de marés ou se o ângulo das ondas tivesse sido mais para o Leste.