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Deslizamento atingiu a comunidade da Rocinha | FÁBIO MOTTA/PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO

A cidade do Rio de Janeiro enfrenta transtornos por excesso de chuva em pleno mês de agosto com deslizamentos de encostas. A chuva persistente com acumulados altos na soma de vários dias agrava o risco de deslizamentos de encostas, o que fez o Centro de Operações (COR), da Prefeitura do Rio, a colocar a cidade em estágio de mobilização com avisos de perigo para deslizamentos.

De acordo com o Centro de Operações, a Defesa Civil Municipal foi acionada 23 vezes em doze horas até a manhã desta segunda-feira como consequência da chuva que atinge desde o final da semana passada a capital fluminense.

As principais ocorrências foram registradas na Rocinha, no Morro da Formiga e em Laranjeiras. A Defesa Civil foi acionada domingo à noite por um deslizamento de terra e de árvores na comunidade da Rocinha. Agentes da Prefeitura realizaram a limpeza a área e efetuaram cortes de algumas árvores. Um imóvel foi interditado.

As equipes da Defesa Civil também foram acionadas numa ocorrência em Laranjeiras, na Comunidade Pereirão. Havia o risco de desabamento de um talude. Toda a área de projeção do talude foi interditada. A Geo-Rio foi acionada para realizar novas análises.

Ontem, deslizamento de encosta atingiu a Comunidade da Formiga, na Tijuca. No local, os técnicos constataram que, em função da movimentação do solo, uma árvore de grande porte tombou sobre uma residência. Dois imóveis (a casa atingida e a casa ao lado) foram interditados.

Conforme a Prefeitura do Rio de Janeiro, não houve o acionamento de sirenes. O protocolo do município prevê o acionamento do Sistema de Alerta e Alarme, também conhecido como “sirenes”, a partir de 150 milímetros de chuva em 24 horas, o que não chegou a ocorrer. Na Rocinha, na zona Sul do Rio, local que registrou um deslizamento de terra sem vítimas, o maior acumulado foi de 104,6 mm em 24 horas às 22h15 de domingo.

Nas redes sociais, o prefeito da capital fluminense alertou a população de áreas de encostas para o risco de novos deslizamentos de terra pela persistência da chuva, que deixa o solo encharcado e mais instável, sujeito a escorregamentos.

Embora chuva volumosa seja mais comum no verão e nos meses do começo do outono, há precedentes históricos de altos volumes de chuva na cidade do Rio de Janeiro em agosto. De acordo com a série histórica do Alerta Rio, a estação do Alto da Boa Vista registrou 230 mm em 24 horas em 22 de agosto de 2020.

Dados de chuva em 72 horas até 15h do Alerta Rio, da Prefeitura do Rio de Janeiro, indicavam acumulados de 212 mm na Rocinha, 170 mm na Grota Funda, 161 mm no Jardim Botânico, 137 mm na Laranjeiras, 136 mm no Alto da Boa Vista e 122 mm na Barra.

A chuva prossegue. A previsão da MetSul Meteorologia ainda é de instabilidade na cidade do Rio de Janeiro. O tempo não firma na capital fluminense até quarta-feira e o céu seguirá com abundante nebulosidade e períodos de chuva e garoa.

Por que tanta chuva? Primeiro, a instabilidade foi consequência da chegada de uma frente fria entre sexta e sábado. Na sequência, a precipitação passou a ser de natureza orográfica por conta do vento úmido que vem do oceano e encontra o relevo da Serra do Mar em razão de uma forte massa de ar frio de alta pressão sobre o Atlântico.

A chuva orográfica é a precipitação induzida pelo relevo. Umidade que vem do oceano, trazida por vento, em razão da massa de ar frio, ao encontrar a barreira do relevo da Serra do Mar, ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa à medida que ascende na atmosfera com camadas mais frias.

Isso leva à condensação e à ocorrência de chuva induzida pelo relevo. Em um exemplo bem didático e simples de entender. O que acontece se você chega na frente de um espelho e soltar ar da sua boca? O espelho que tem uma superfície mais fria vai ficar embaçado (úmido) e molhado. Com a chuva orográfica ocorre o mesmo.

O ar mais úmido e quente (analogia com ar que sai da boca) encontra um obstáculo físico que é o relevo (como o espelho) e ao chegar nesta barreira que são os morros sobe na atmosfera e encontra temperatura mais baixa, condensando-se o vapor de água e formando chuva.