Chuva mais volumosa poderá retornar a parte do Nordeste do Brasil nos próximos dias. Modelos atmosféricos indicam que a chuva no Leste de região terá duas causas principais: uma frente fria e as ondas de Leste. O sistema frontal  na segunda metade desta semana estará atuando pelo mar e irá estimular a formação de nuvens carregadas com pancadas de especialmente entre Sergipe e Pernambuco. Esse sistema que irá avançar sobre o oceano e irá deflagrar novos episódios de chuva moderada a forte, sobretudo, entre a Zona da Mata e Litoral e talvez até parte do Agreste.

Posteriormente, a segunda causa da instabilidade será o fenômeno típico dessa época do ano chamado de “ondas de leste” que são pulsos de instabilidade que se propagam desde o continente africano até alcançar o Nordeste Brasileiro. As ondas de Leste tendem a chegar ao Nordeste por vários dias seguidos com expectativa de chuva de menor intensidade, porém frequente.

CHUVA FORTE NESTA SEMANA

Com base nas saídas do modelo americano  abaixo é possível que nesta quarta a chuva ocorra com volume mais significativo sobre o Sergipe, com projeção ao redor de 40 mm. Por outro lado, ao longo da quinta-feira a chuva ganha intensidade e atinge também Alagoas e Pernambuco. Mais uma vez a expectativa é de acumulados altos na região da Grande Recife em poucas horas. Segundo projeção do modelo americano poderá chove ao redor de 100 a 150 mm em 24 horas. Volume muito alto num curto espaço de tempo que pode trazer transtornos para a região novamente.

Previsão diária de chuva para o Nordeste do Brasil segundo saída do modelo americano | METSUL

Lembrando que Recife viveu uma verdadeira tragédia no mês passado devido a chuva excessiva que causou inundações e deslizamentos de terra. Na sexta a chuva segue em Alagoas e Pernambuco, contudo, tende a perder intensidade.

A partir do dia 20 de junho  as ondas de Leste irão se propagar em direção ao Litoral Nordestino e tendem a manter a presença da instabilidade. Em princípio os modelos não indicam acumulados tão altos de chuva, porém as últimas semanas foram de muita chuva na região e a vulnerabilidade diante de tantos dias de instabilidade e de volumes excepcionais  de precipitação é alta. Segundo dados da rede do Centro Nacional de Desastres o acumulado chegou perto 1000 mm.

Seja como for analisando os diversos modelos de previsão de chuva para o Nordeste nos próximos dias, há um certo consenso quanto ao potencial de eventos de chuva forte, sobretudo, na faixa Leste da região. O modelo americano abaixo indica que a chuva mais volumosa tende a ficar mais restrita a faixa Litorânea, desde a altura de Salvador até o Sul do Rio Grande do Norte. Nessa área a projeção é em média de 75 a 100 mm. Simultaneamente, destaca-se o Litoral Norte de Alagoas e Litoral e parte da Zona da Mata de Pernambuco com acumulados superiores a 100/150 mm.  Ao mesmo tempo que o modelo chega a indicar quantidade de chuva ao redor de 250 mm em parte do Leste de Pernambuco.

Projeção da chuva forte e volumosa no Nordeste nos próximos 10 dias do modelo GFS | METSUL

Nesse sentido a solução do modelo canadense projeta chuva com acumulados elevados nos próximos 10 dias, contudo, concentra  a chuva mais expressiva entre Alagoas e Metade Leste de Pernambuco. Nessa área a projeção indica acumulados ao redor de 100 a 200 mm que poderão ocorrer até mesmo no Agreste de Pernambuco. No Litoral da Bahia e Alagoas o modelo indica volumes ao redor de 30 a 50 mm.

Projeção da chuva acumulada nos próximos 10 dias pelo modelo canadense | METSUL

PORQUE TEM CHOVIDO TANTO NA REGIÃO?

Antecipadamente já atribuímos a causa primária da chuva no curto prazo a passagem de uma frente e as ondas de leste.  Entretanto, anterior a isso há um evento de escala global em ação desde o ano passado que exerce papel importante sobre o regime de chuva na região: o fenômeno climático La nina.  Além disso, esse evento de La Nina  é o mais intenso no outono desde 1950 e que tem como uma das  consequências o aumento da chuva em parte do Norte e Nordeste do Brasil. Ao mesmo tempo em que o oceano Atlântico na altura do Nordeste tem águas mais quentes que o normal e que pode contribuir para intensificar a instabilidade de forma mais local, ou seja, os eventos de chuva que alcançam o Nordeste brasileiro.