O fim de semana será de chuva excessiva a extrema no Nordeste do Brasil com acumulados de precipitação extremamente altos em diversas cidades, especialmente da costa. Sob o cenário de chuva muito volumosa, novos transtornos são esperados para a população com alto risco de deslizamentos de terra e inundações em áreas urbanas e rurais. A chuva excessiva pode levar ainda ao transbordamento de córregos e rios, além do bloqueio de rodovias e quedas de barreiras.
Áreas de instabilidade que há dias avançam pelo Atlântico e vinham sendo monitoradas pelas imagens de satélite alcançam neste fim de semana o litoral do Nordeste com muita chuva. Os acumulados de precipitação neste sábado e durante o domingo podem atingir 100 mm a 300 mm em vários municípios costeiros e da Zona da Mata, não se descartando volumes isolados de até 300 mm a 400 mm.
Os estados que mais preocupam, sobretudo em suas regiões costeiras, são Pernambuco, Paraíba e Alagoas, mas pode chover forte a intensamente também em pontos mais perto da costa do Rio Grande do Norte e de Sergipe. Cidades como Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Maceió, Natal e João Pessoa estão na zona de risco.
A chuva será por vezes forte a intensa com pancadas torrenciais. Os acumulados em alguns pontos em apenas uma hora podem exceder 30 mm a 50 mm, gerando inundações repentinas. Pernambuco, especialmente na região metropolitana de Recife, é a área que mais traz preocupação por ser a que os modelos numéricos indicam os maiores acumulados de chuva. Os totais de precipitação dos últimos dias somados com deste fim de semana podem atingir marcas tão extraordinariamente altas quanto 500 mm a 800 mm em diversos municípios.
Como já choveu muito durante a semana e o solo está saturado de umidade, um dos maiores riscos é de natureza geológica com deslizamentos de terra e queda de barreiras. A chuva muito volumosa da semana elevou os níveis de rios e córregos e, com um novo evento de precipitação excessiva, a possibilidade de inundações e enchentes se torna crítica.
A nova rodada de chuva muito intensa em parte do litoral nordestino é consequência de uma nova onda de Leste que avança do Atlântico para a costa, gerando intensas precipitações e mesmo a possibilidade de trovoadas em alguns pontos. Com a chuva prevista deste fim de semana, os acumulados em algumas cidades em apenas uma semana vão ficar entre o dobro e o triplo da média histórica de chuva de maio inteiro, em regra de 200 mm a 300 mm na maioria das cidades costeiras.
O estado de Pernambuco contabiliza cinco mortes e mais de 500 desabrigados pela chuva intensa dos últimos dias. A Prefeitura do Recife enviou um alerta, através de mensagem SMS para celular, para 32 mil famílias que vivem em áreas de risco de deslizamento. O município ainda suspendeu as aulas de reposição nas escolas da rede municipal que seriam realizadas hoje para compensar as que foram canceladas por causa das chuvas durante a semana.
O que são as Ondas de Leste
Fenômeno que não afeta o Sul, o Sudeste e o Centro-Oeste do Brasil, onde a chuva costuma vir com frentes frias, frentes quentes e centros de baixa pressão, o litoral da Região Nordeste está acostumado com uma condição que tem origem a milhares de quilômetros, na África, e todos os anos traz chuva volumosa para a região nesta época do ano.
São as chamadas ondas de Leste que nada mais são que áreas de perturbação atmosférica que avançam pela região tropical do continente africano em direção às Américas, muitas vezes dando origem às tempestades tropicais e furacões no Atlântico Norte. À medida que uma destas perturbações começa a se organizar e se intensificar com a água quente do oceano, pode dar origem a um centro de baixa pressão que pode rapidamente evoluir para um ciclone tropical.
No caso do Nordeste do Brasil, as ondas de Leste não trazem furacões, mas muita chuva. Estas ondas se formam na área de influência dos ventos alísios, perto da linha do Equador, em especial nos meses do outono e inverno do Hemisfério Sul. Quando estas ondas que cruzam o Atlântico chegam ao litoral brasileiro, causam chuva nas zonas costeiras da Região Nordeste do Brasil, principalmente na Zona da Mata, e às vezes até no Recôncavo Baiano e no litoral do Ceará.
Há um fator agravante para o excesso de chuva no caso das ondas de Leste, a temperatura da superfície do oceano. Quanto mais quente o mar, maior a energia da instabilidade. No caso de agora, a temperatura da superfície do mar está acima da média em toda a região costeira do Nordeste e nas áreas do Atlântico por onde avançam as ondas tropicais.