Anúncios

Chuva supera 200 mm em pontos da cidade do Rio de Janeiro e tendência é que persista a instabilidade na capital fluminense neste começo de semana | THIAGO RIBEIRO/AGIF/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Chuva volumosa e isoladamente excessiva atingiu durante o fim de semana o litoral de São Paulo e o estado do Rio de Janeiro. Os acumulados em alguns pontos ficaram entre 200 mm e 300 mm. Embora os volumes extremamente altos, não há informações de impactos significativos.

Conforme dados do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden), a chuva em 72 horas até 6h da manhã desta segunda-feira somou 286,6 mm em Ubatuba (Perequê-Mirim), 188 mm em São Sebastião, 177 mm em Bertioga, 139 mm no Guarujá, 125 mm em Santos e em Caraguatatuba, e 120 mm em Cubatão. Já a estação do Instituto Nacional de Meteorologia em Bertioga registrou neste mesmo período 169 mm.

Muita chuva também no estado do Rio de Janeiro. Dados coletados pelo Cemaden em 72 horas até 6h desta segunda-feira indicaram 178 mm em Mangaratiba, 177 mm em Petrópolis, 164 mm em Paraty, 142 mm em Angra dos Reis e 106 mm em Magé.

Na cidade do Rio de Janeiro, os acumulados em 72 horas até o final desta madrugada, segundo dados do Alerta Rio da prefeitura carioca, foram de 208 mm na Rocinha, 163 mm na Grota Funda, 156 mm no Jardim Botânico, 133 mm em Laranjeiras, 131 mm no Alto da Boa Vista, 122 mm em Santa Teresa e 120 mm na Barra.

Chuva com volumes tão elevados no litoral de São Paulo e no estado do Rio de Janeiro não é incomum, mas é atípica no mês de agosto. Acumulados tão expressivos são mais comuns nos meses do verão e no começo do outono, não no auge da estação seca da Região Sudeste no mês de agosto.

A chuva prossegue. A previsão ainda é de instabilidade no litoral paulista hoje e amanhã, mas com tendência de diminuição. Tempo melhor é esperado na segunda metade da semana. Já na cidade do Rio de Janeiro, o tempo não firma até quarta-feira e o céu seguirá com abundante nebulosidade e períodos de chuva e garoa.

Por que tanta chuva? Primeiro, a instabilidade foi consequência da chegada de uma frente fria entre sexta e sábado. Na sequência, a precipitação passou a ser de natureza orográfica por conta do vento úmido que vem do oceano e encontra o relevo da Serra do Mar em razão de uma forte massa de ar frio de alta pressão sobre o Atlântico.

A chuva orográfica é a precipitação induzida pelo relevo. Umidade que vem do oceano, trazida por vento, em razão da massa de ar frio, ao encontrar a barreira do relevo da Serra do Mar, ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa à medida que ascende na atmosfera com camadas mais frias.

Isso leva à condensação e à ocorrência de chuva induzida pelo relevo. Em um exemplo bem didático e simples de entender. O que acontece se você chega na frente de um espelho e soltar ar da sua boca? O espelho que tem uma superfície mais fria vai ficar embaçado (úmido) e molhado. Com a chuva orográfica ocorre o mesmo.

O ar mais úmido e quente (analogia com ar que sai da boca) encontra um obstáculo físico que é o relevo (como o espelho) e ao chegar nesta barreira que são os morros sobe na atmosfera e encontra temperatura mais baixa, condensando-se o vapor de água e formando chuva.