Anúncios

A cheia do Guaíba começa a atingir grandes proporções e já provoca alagamentos nas ilhas de Porto Alegre. O nível do lago da capital gaúcha continua subindo lentamente, que é o padrão normal em cheias sem vento Sul atuando. Na manhã desta quinta-feira, casas na região do Arquipélago já sofriam com alagamentos.

Na Ilha Grande dos Marinheiros, moradores relatam que a água já invadiu casas, chegando a aproximadamente meio metro na rua Nossa Senhora Aparecida, informou o jornal Correio do Povo.

No fim da manhã desta quinta-feira, o nível do Guaíba medido no Cais Mauá estava em 2,44 metro. No começo do dia, à meia-noite, estava em 2,32 metros. Ontem, no final da manhã, há 24 horas, a medição no Cais Mauá apontava 2,10 metros. O Guaíba, assim, subiu mais de 30 centímetros nas últimas 24 horas.

A cheia do Guaíba se deve às cheias dos vários rios que desembocam na área de Porto Alegre, no extremo Norte da Lagoa dos Patos. Choveu muito ao longo da bacia do Jacuí. Os volumes nas nascentes no Norte gaúcho ficaram entre 200 mm e 300 mm com acumulados de 100 mm a 150 mm em muitos pontos da parte Sul da bacia no Centro do estado, entre Cachoeira do Sul e Porto Alegre.

O nível do Jacuí segue subindo no Centro gaúcho, na área de Rio Pardo, o que indica ainda mais água vindo da região central do estado. O Jacuí responde por grande parte da vazão do Guaíba, sendo seguido pelo Rio Taquari. Rios como o Caí, Gravataí e Sinos têm participação menor.

O pico da vazão do Taquari está alcançando o Guaíba agora, mas o rio já baixa antes de confluir com o Jacuí pouco a Oeste da capital. O Rio Taquari atingiu na terça 2,62 metros em Estrela, o maior nível medido desde a grande enchente de 1941 (29,92 metros) e o segundo mais alto em toda a série histórica de medições que possui 150 anos.

Com a elevada vazão do Jacuí, muita água ainda chegando do Taquari e a chegada das águas do Sinos e do Caí, a tendência é que o Guaíba siga muito alto e ainda se eleve no curto prazo. O que preocupa é que grande vazão chegando coincidirá com mais chuva entre esta quinta e o sábado na área da capital e ainda com a perspectiva de vento Sul no final da sexta e em parte do fim de semana que gera efeito de represamento e eleva ainda mais o nível do Guaíba.

Não é provável que o Guaíba atinja marcas extremas como as de 2015, quando chegou a 2,97 metros no Cais Mauá e causou muitos alagamentos nas ilhas e alguns bairros do Sul e da zona Norte. Ao superar 2,50 metros, contudo, cresce o risco de que a água do Guaíba comece a verter para ruas do Quarto Distrito e junto à Avenida Voluntários da Pátria pela rede de esgotos. Este risco é maior ou menor, conforme o funcionamento adequado das casas de bombas.