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A crise hídrica ficou para trás em Montevidéu e na região metropolitana da capital uruguaia. Com o retorno da chuva e em altos volumes, uma situação hídrica dramática que marcou os últimos meses chegou ao fim no país vizinho. Os moradores de Montevidéu voltam a consumir água dentro dos padrões normais.

O retorno à normalidade no abastecimento de água foi proporcionado pelo grande volume de água na represa de Paso Severino, que abastece Montevidéu e a maior parte da população do Uruguai. O volume da represa atingiu 100% após ter descido a pouco mais de 1% poucos meses atrás.

Com o fim da emergência hídrica e a melhoria constante do cenário, a barragem Paso Severino atingiu 65 milhões de metros cúbicos e completou sua vazão no final desta semana, segundo o gerente-geral da estatal de águas OSE, Arturo Castagnino.

O cenário atual contrasta com a marca mínima atingida no dia 5 de julho, quando o volume foi de apenas 1.117.482 metros cúbicos, num contexto de déficit hídrico em que faltou chuvas no país. “O reservatório já cheio e começou a transbordar, na Coroa do Vertedouro da Barragem Paso Severino”, destacou o diretor da OSE, Edgardo Ortuño.

A melhoria significativa em Paso Severino permitiu a OSE acabar com a proibição de utilização de água potável para fins não prioritários. A medida vigorou por quase sete meses na região metropolitana de Montevidéu devido à crise hídrica. Agora, as famílias poderão utilizar a água para atividades cotidianas como regar o jardim, lavar passeios e pátios, lavagem de veículos e enchimento de piscinas.

Choveu 194 milímetros de quarta-feira até ontem na localidade de Cuchilla de Caraguatá Sur, no departamento de Tacuarembó, anunciou o Instituto Uruguaio de Meteorologia (Inumet), o local onde maios choveu no Uruguai. A medição foi feita entre 7h de quarta e 7h de ontem.

No primeiro semestre de 2023, a região metropolitana de Montevidéu sofreu a maior deficiência de recursos hídricos desde o início dos registros. A fim de enfrentar a quase escassez de água doce, numa medida extrema, o estado uruguaio decidiu usar água do Rio da Prata que levou água salobra para as torneiras de Montevidéu.

Represa que abatece Montevidéu ficou sem água com a seca no outono deste ano | PABLO PORCIUNCULA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Montevidéu teve protestos pela crise hídrica | PABLO PORCIUNCULA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A seca e emergência hídrica foram sem precedentes em Montevidéu e região metropolitana. O reservatório de Paso Severino ficou perto do esgotamento e o rio Santa Lucía, que igualmente abastece a cidade praticamente secou, logo havia poucas possibilidades de se fornecer água à população.

Capa do jornal Observador de Montevidéu em maio informava reservatórios secos, população rezando por chuva e falta de água mineral nos mercados. Mesmo jornal nesta semana noticiava na capa o fim da crise hídrica. | REPRODUÇÃO/ARQIVO METSUL

“Como o mate está salgado!”. A queixa era comum no Uruguai. Diante da seca excepcional, em 26 de abril a estatal decidiu adicionar água proveniente da foz do rio Santa Lucía, salobra devido à proximidade com o estuário do Rio da Prata. Desde então, a água da OSE passou a apresentar níveis de até 440mg/l de sódio e 720mg/l de cloreto, muito acima dos regulamentos, que estabelecem um limite de 200mg/l e 250mg/l, respectivamente.

A água é “segura”, afirmavam as autoridades, mas alertavam a quem tem hipertensão que não bebesse mais de um litro por dia e que pessoas com doença renal crônica, insuficiência cardíaca, cirrose e grávidas evitassem o consumo de água da torneira. O governo uruguaio distribuiu garrafas de água mineral gratuitamente para a população e os estoques chegaram a acabar em supermercados.

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