Uma extensa nuvem de poeira gerada por ventos extremos na Patagônia argentina NA segunda-feira (17) por um ciclone que atuava no começo da semana na região avançou pelo Leste da Argentina, atingiu o Uruguai e chegou à costa do Sul do Brasil com muito baixa densidade.

Fim de tarde ontem em Montevidéu com a nuvem de poeira que veio da Patagônia argentina | MARIANA SUAREZ/AFP/METSUL
O fenômeno, incomum pela intensidade e extensão, provocou um céu acinzentado e condições semelhantes a neblina em Montevidéu e cidades do litoral uruguaio no dia de ontem (19), a ponto do Instituto Uruguaio de Meteorologia (Inumet) ter emitido um comunicado sobre a presença da nuvem na capital uruguaia.
O organismo meteorológico uruguaio alertava ontem que a presença de partículas na atmosfera poderia gerar “redução de visibilidade e tonalidade cinzenta no céu”, especialmente em áreas próximas ao mar.
Na Rambla de Montevidéu, a avenida que margeia o Rio da Prata na cidade, moradores constataram a chegada da poeira pouco depois das 17h. O céu adquiriu uma coloração opaca e o horizonte ficou parcialmente obscurecido. Massa de ar frio vinda do Sul da Argentina trouxe consigo a poeira, que se manifestou visualmente como uma névoa em Montevidéu.
Na Argentina, cidades como Mar del Plata, Necochea e Tandil, na província de Buenos Aires, amanheceram ontem sob uma camada de poeira.
Moradores relataram redução de visibilidade e uma fina película de partículas sobre veículos e janelas. A cidade de Buenos Aires também ficou com o céu com aspecto opaco pela poeira em suspensão em altitude.
An impressive dust plume blowing off of southern Argentina today. pic.twitter.com/RK6g8cpe7D
— CIRA (@CIRA_CSU) November 18, 2025
A nuvem se formou após fortes rajadas de vento, que chegaram a 150 km/h em Comodoro Rivadavia e excederam 200 km/h em medições não oficiais de áreas petrolíferas, suspenderem grande quantidade de material particulado fino do solo árido da Patagônia na segunda.
Transportada por correntes de vento associadas a um potente ciclone extratropical no Atlântico Sul, a poeira avançou pelo Atlântico com a circulação ciclônica. Atingiu a província de Buenos Aires, avançou sobre o Sul e o Leste do Uruguai e passou pela costa gaúcha hoje cedo. Ao passar pela costa do Rio Grande do Sul, a nuvem de poeira já era mais dispersa e muito pouco densa, quase imperceptível.

ZOOM EARTH
No Litoral Norte gaúcho, após um começo de manhã com muitas nuvens, com aberturas de sol no meio da manhã era possível ver o céu azul com aspecto acinzentado devido à presença da poeira em altitude e não em superfície.
Normalmente, no Rio Grande do Sul material particulado que chega ao estado vem de Norte, a fumaça das queimadas na Amazônia e do Centro-Oeste que quase todos os anos é transportada por correntes de jato em baixos níveis para o território gaúcho. Já material particulado vir de Sul é extremamente incomum.
Um episódio marcante de material particulado vindo de Sul foram as cinzas vulcânicas da erupção do vulcão Cordon Caulle, na fronteira da Argentina com o Chile, que chegaram em sucessivos episódios ao Sul do Brasil e deram a volta ao mundo em 2011 a ponto de suspender operações aéreas do Rio Grande do Sul a Austrália.
