Equipes de resgate e voluntários seguem buscando desaparecidos após chuva excepcional de 260 mm em apenas quatro horas que trouxe inundações, desabamentos e quase duas centenas de deslizamentos de terra que soterraram dezenas de pessoas e deixam a cidade de Petrópolis em situação de calamidade | CARL DE SOUZA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O número de mortos no temporal que atingiu a cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, subiu para 38 na manhã desta quarta-feira enquanto a cidade avaliava o “cenário de guerra” provocado em poucas horas pelas fortes chuvas. Até o momento, foram contabilizadas 38 mortes e 229 ocorrências, das quais 189 foram por deslizamentos de terra, informou a Defesa Civil após o temporal que ocorreu na tarde de terça-feira na antiga cidade imperial.

O balanço mais do que dobrou desde terça-feira (18 mortos) na localidade que recebeu em menos de seis horas mais chuva do que a média de todo o mês de fevereiro. O número de mortos ainda pode aumentar, uma vez que ainda não foram comunicadas informações sobre o número de desaparecidos e feridos.

As equipes de resgate trabalham para socorrer as pessoas afetadas pelos deslizamentos de terra e inundações, confirmaram jornalistas da AFP. Nas ruas de Petrópolis, muitos moradores descreviam um “cenário de guerra”.

Wendel Pio Lourenço, um morador de 24 anos, caminhava com uma televisão nos braços em direção a uma igreja próxima em busca de abrigo. Sem dormir desde ontem, colaborava no resgate e tentava salvar alguns pertences. “Encontrei viva uma menina que estava soterrada”, contou à AFP.

As autoridades calculam que 80 casas tenham sido afetadas no Morro da Oficina, a área mais atingida, enquanto danos foram reportados em outras seis áreas, segundo as autoridades municipais. Quase 300 pessoas estão sendo atendidas principalmente nas escolas, acrescentou o governo local. Cerca de 400 militares trabalham no local, juntamente com as equipes da Defesa Civil e dos Bombeiros, com veículos, barcos e uma dezena de aeronaves, informaram à AFP fontes do Corpo de Bombeiros do Estado.

Enormes quantidades de lama varreram casas e os telhados arrancados cobriam o chão. Um grande fluxo de água ainda corria dos morros. Muitos carros foram violentamente arrastados. Comércios foram completamente inundados pela água que desceu pelas ruas do centro histórico de Petrópolis.

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A prefeitura de Petrópolis declarou “estado de calamidade” na noite de terça-feira para lidar com a emergência e o governador do estado, Cláudio Castro, visitou o local para manifestar seu apoio. Da Rússia, onde está de visita, o presidente Jair Bolsonaro escreveu no Twitter que acompanhava “a tragédia” e pediu a seus ministros que prestassem “ajuda imediata às vítimas”. “Que Deus conforte as famílias das vítimas”, acrescentou.

O Brasil passou por episódios de chuvas intensas nos últimos três meses, principalmente nos estados da Bahia e Minas Gerais, que deixaram dezenas de mortos e causaram danos a centenas de municípios. Os cientistas argumentam que, devido às mudanças climáticas, os eventos climáticos extremos se tornarão cada vez mais frequentes.

Petrópolis, estância de veraneio da antiga Corte Imperial brasileira, é uma cidade turística de cerca de 300 mil habitantes que atrai um grande número de turistas em busca de história, passeios na natureza e um clima mais ameno em relação ao litoral fluminense, devido à sua elevada altitude.

Em janeiro de 2011, mais de 900 pessoas morreram na região serrana do estado do Rio devido às fortes chuvas que causaram inundações e deslizamentos de terra em uma vasta área, incluindo Petrópolis e as cidades vizinhas Nova Friburgo, Itaipava e Teresópolis.