Milho sofre com a falta de chuva no Sul do Brasil com perdas já irreversíveis | Edi Buzz/Arquivo

O cenário de chuva para lavouras de milho no Sul do Brasil é muito ruim no curto prazo. As consultorias do mercado já começam a revisar para baixo as suas projeções de produção de milho de verão no Brasil devido à falta de chuva no Rio Grande do Sul, que é o maior produtor nacional nesta época do ano.

Desde o inverno de 2021 a MetSul alertava que haveria escassez e irregularidade de chuva no estado gaúcho no final do ano em consequência do resfriamento do Pacífico com prejuízos para a cultura e riscos principalmente para o milho que é o primeiro a sofrer com os efeitos de estiagem.

A tendência é de agravamento das perdas com danos irreversíveis em muitos municípios e acentuada queda de produtividade em diversas localidades do Rio Grande do Sul ante as precipitações muito escassas e irregulares nos próximos sete a dez dias.

Além da chuva irregular, municípios do Centro, Oeste, Noroeste e Norte do estado enfrentarão dias de calor, alguns excessivo, o que acelerará ainda mais a perda de umidade no solo com piora das perdas.

O mapa acima mostra a última projeção de chuva para sete dias no Sul do Brasil no modelo meteorológico alemão Icon, disponível ao assinante na seção de mapas do site com quatro atualizações diárias.

Como se observa, a chuva será muito irregular no período e em muitos municípios gaúchos pode sequer chover por uma semana mais. As precipitações tendem a ser maiores em Santa Catarina e no Paraná, entretanto devem ser irregulares e com baixos volumes na maioria das áreas.

Perdas irreversíveis com estiagem e Proagro

De acordo com a Emater-RS, em Ijuí as plantas apresentavam sintomas de déficit hídrico com folhas enroladas, inviabilidade do pólen e murchamento de toda a planta.

Nas lavouras em estádio de formação e enchimento de grão havia falhas de polinização e desenvolvimento de grãos nas espigas, impactando na diminuição da produtividade.

Nas em início da floração, notavam-se plantas sem emissão de espigas. As estimativas apontam para redução de mais de 40% do potencial produtivo das lavouras de sequeiro.

Na região de Santa Rosa, a estiagem que se configurou na primeira quinzena de novembro associada ao baixo volume de chuvas trouxe redução de 13% na expectativa da produtividade média.

Em algumas áreas a perda é superior a 50%. Já ocorrem comunicações de perdas e solicitação de vistorias para encaminhamento do Proagro. A baixa umidade do ar associada às altas temperaturas preocupa os produtores.

Chuva escassa em Santa Catarina e Paraná

O Oeste de Santa Catarina também se ressente da falta de chuva mais regular e volumosa com impacto na produção de milho. No Paraná, de acordo com o IDR, clima mais seco retornou em novembro.

Em alguns locais do Noroeste e Campos Gerais, por exemplo, a precipitação total registrada em novembro ficou abaixo de 50 mm.

Em praticamente todo o território paranaense as precipitações ficaram abaixo da média histórica, principalmente no Oeste. Em Guaíra, por exemplo, a média histórica é de 196,6 mm e choveu somente 32,6 mm.

As chuvas registradas em novembro não foram suficientes para repor a água no solo em grande parte do Paraná e as altas temperaturas provocam elevadas taxas de evaporação do solo, intensificaram o déficit hídrico.

Em decorrência da pouca precipitação, em novembro as temperaturas foram elevadas no Paraná com valores acima das médias históricas em todo o estado com anomalia de 1,5ºC.

Em Cândido Abreu, por exemplo, a média histórica das temperaturas máximas de novembro é de 29,2ºC e em novembro de 2021 registrou 32,7ºC ou 3,5ºC acima da normal histórica.