A MetSul Meteorologia alerta para um cenário de muito elevado perigo por chuva extrema e localmente excepcional no Sudeste do Brasil nos próximos dias. O cenário é de altíssimo risco no litoral de São Paulo e no estado do Rio de Janeiro. Pode chover muito ainda no Sul do Espírito Santo.

Risco de deslizamentos de terra é muito alto nos próximos dias em São Paulo e Rio de Janeiro | MAURO PIMENTEL/AFP/ARQUIVO
A tendência é de volumes de chuva muito altos e com precipitações por vezes torrenciais com acumulados elevados em curto período entre esta sexta e no o fim de semana, embora já chiva localmente forte no final desta quinta.
Há risco de ainda chover por vezes forte em pontos da região no começo da semana que vem, na segunda-feira, apesar de a tendência ser de gradual diminuição da instabilidade no início da próxima semana.
Vários dados indicam que o sábado pode ser o dia mais crítico deste evento de chuva excessiva com acumulados altíssimos em poucas horas em algumas localidades, acima da média do mês em poucas horas.
O cenário é de maior risco para o Litoral de São Paulo, especialmente entre a Baixada Santista e o Litoral Norte, no Sul da Grande São Paulo, e no Vale do Paraíba, no caso do território paulista.
Já no estado do Rio de Janeiro, grande parte do território fluminense está compreendido na região de alerta, incluindo a Costa Verde, a Região Serrana, a cidade do Rio de Janeiro, a Baixada Fluminense e ainda pontos da Região dos Lagos.
Quanto pode chover?
Será um episódio de chuva extrema. Os volumes em vários pontos devem ficar entre 150 mm e 300 mm, mas localmente há possibilidade de acumulados extraordinariamente altos, da ordem de meses de precipitação em dias, atingindo em alguns pontos 300 mm a 500 mm em apenas três a quatro dias, não se afastando até registros superiores.

METSUL
O mapa acima traz a projeção de chuva em 72 horas até 9h da manhã de domingo do modelo WRF em que se observa o indicativo de volumes de 300 mm a 400 mm isolados, uma vez que seguirá chovendo na tarde e noite do domingo, além da segunda-feira.
Risco crítico de deslizamentos e enchentes
Sob este cenário, a MetSul Meteorologia alerta para a alta probabilidade de alagamentos e inundações, em alguns casos repentinas e graves, o que oferecerá perigo para quem estiver na rua durante enxurradas com intensas correntezas.
Adverte-se também para a probabilidade elevada de quedas de encostas e ainda deslizamentos de terra, em alguns locais significativos e com grave risco à vida humana. A situação é especialmente preocupante no litoral paulista e no estado do Rio de Janeiro, onde a chuva por vezes será extrema em curto intervalo e, pior, com uma sucessão de dias de chuva forte a muito intensa até o começo da semana.
Por que tanta chuva?
Primeiro, uma frente fria chegará à região trazendo chuva forte e risco de temporais isolados. Na sequência, com uma massa de ar frio a Leste do Sul do Brasil e se estendendo até a costa do Sudeste, as condições se tornarão favoráveis a um grande aporte de umidade do oceano para o continente no litoral de São Paulo e no estado do Rio de Janeiro.
O padrão de circulação deve levar vento carregado de umidade do mar em direção ao continente no sentido do litoral de São Paulo e Rio de Janeiro com chuva de natureza orográfica, o que fará com que os volumes de chuva sejam muito altos a excessivos em diferentes cidades, sobretudo do Litoral de São Paulo e ainda no Rio de Janeiro.
A chuva orográfica é a precipitação induzida pelo relevo. Umidade que vem do oceano, trazida por vento, ao encontrar a barreira do relevo da Serra do Mar, ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa à medida que ascende na atmosfera com camadas mais frias. Isso leva à condensação e à ocorrência de chuva induzida pelo relevo.

Vento soprará do mar para o continente com muita umidade devido a uma massa de ar frio sobre o Atlântico | METSUL
O que acontece se você chega na frente de um espelho e soltar ar da sua boca? O espelho que tem uma superfície mais fria vai ficar embaçado (úmido) e molhado. Com a chuva orográfica ocorre o mesmo.
O ar mais úmido e quente (analogia com ar que sai da boca) encontra um obstáculo físico que é o relevo (como o espelho) e ao chegar nesta barreira que são os morros sobe na atmosfera e encontra temperatura mais baixa, condensando-se o vapor de água e formando chuva.
Episódios de chuva orográfica são de alto risco porque costumam trazer acumulados de precipitação localmente muito altos e que não raro até acabam superando as projeções dos modelos numéricos.
A MetSul Meteorologia está nos canais do WhatsApp. Inscreva-se aqui para ter acesso ao canal no aplicativo de mensagens e receber as previsões, alertas e informações sobre o que de mais importante ocorre no tempo e clima do Brasil e no mundo, com dados e informações exclusivos do nosso time de meteorologistas.