O caso Edward Snowden (foto), o antigo funcionário da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) que denunciou um sistema em massa de espionagem do governo norte-americano dentro do próprio país e ao redor do mundo, instalando um escândalo com ramificações em vários países e continentes, a cada dia tem um capítulo surpreendente. Snowden primeiro apareceu em Hong Kong, onde concedeu entrevista exclusiva aos jornalistas do The Guardian que “estouraram” a notícia. Apesar do pedido de prisão insistente feito pelos Estados Unidos à China, o norte-americano que teve seu passaporte cancelado por Washington conseguiu viajar para a Rússia, criando uma crise entre os governos de Washington e Pequim. Hoje, acredita-se que Snowden esteja há mais de duas semanas no terminal de conexões internacionais do Aeroporto de Moscou, o que faz muita gente lembrar o personagem do ator Tom Hanks, Viktor Navorski, no filme O Terminal. O seu destino é a maior incógnita da atualidade. Na sequência de um incidente envolvendo o avião presidencial da Bolívia com Evo Morales, que despertou a ira de países da América do Sul (Unasul), alguns países da região já se ofereceram para conceder asilo político.

A história de Edward Snowden é tão incrível ao longo das últimas semanas que até a Meteorologia passou a ser protagonista nesta quinta. No começo da tarde da quinta, o jornal norte-americano Washington Post observou em seu site que o voo 150 da empresa russa Aeroflot entre Moscou e Havana realizava um curso nada convencional, evitando o espaço aéreo dos Estados Unidos, e que o fato poderia sugerir que Snowden estava a bordo e tendo como destino Cuba. Escreveu o Post: “O avião não seguiu sua rota normal, que o leva para Noroeste sobre a Escandinávia, e depois Islândia e a Groenlândia, virando para Sul sobre o Canadá e os Estados Unidos. Apesar da curva nos mapas planos, é o caminho mais curto devido à curvatura da Terra. E o mais seguro, já que mantém o avião mais próximo de terra em caso de emergência. Ao invés de tomar a rota tradicional, o voo 150 seguiu para Oeste sobre a Europa Central, cruzando pela Bielorrússia, Polônia, Alemanha e depois pela França”.


Rota comum do voo 150 da companhia aérea Aeroflot entre os aeroportos de Moscou (Rússia) e Havana (Cuba)


Rota desta quinta-feira do voo 150 da Aeroflot entre os aeroportos de Moscou (Rússia) e Havana (Cuba)

A rota diferente nada tinha a ver com Edward Snowden. Logo depois, o Post publicou uma matéria esclarecendo que a mudança se devia a razoes meteorológicas e que outros aviões estavam adotando o mesmo curso. Disse o jornal: “Ocorre que vários voos transatlânticos hoje estão fazendo este curso atípico mais ao Sul, aparentemente por razões meteorológicas”.


Rota utilizada nesta quinta-feira por voo da empresa KLM semelhante ao empreendido pelo 150 da Aeroflot


Curso adotado nesta quinta-feira por voo da empresa Air France também semelhante ao da Aeroflot

E a razão meteorológica era turbulência sobre a Groenlândia devido ao vento de corrente de jato muito intensa sobre a região. A rota escolhida mais ao Sul oferece praticamente o mesmo tempo de voo que a tradicional sobre os Estados Unidos e o Canadá. Aliás, em 8 e 20 de junho aviões já tinham adotado o mesmo curso que causou surpresa aos jornalistas do Post. 


Prognóstico de tempo significativo para o Atlântico Norte e indicativo de turbulência sobre a Groenlândia

Mesmo com esta rota mais ao Sul que o habitual escolhida, ainda assim a aeronave passaria por área controlada pelos Estados Unidos, uma vez que o país é responsável na aviação por grande parte do Oeste do Atlântico Norte. Para evitar a área sob jurisdição de controle de tráfego aéreo pelos Estados Unidos, a aeronave teria que tomar um curso muito mais ao Sul, rumando para o Sul até o Oeste do Saara (África) e depois para Oeste em direção ao Caribe e, finalmente, Cuba. Qual será o próximo capítulo da história de Edward Snownden. Impossível dizer agora, mas, por certo, não deverá ser sobre sol ou chuva.