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Cidade de Buenos Aires teve nesta sexta-feira a sua maior mínima para agosto em 118 anos de observações | JUAN MABROMATA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Uma massa de ar extremamente quente para esta época do ano traz temperaturas altas atípicas e históricas para a Argentina, a ponto de serem estabelecidos recordes em séries históricas de dados climatológicos de mais de um século.

A temperatura mínima desta sexta-feira na estação meteorológica de referência da cidade de Buenos Aires de 21,2ºC, no Observatório Central, em Villa Ortúzar, foi a mais alta para o mês de agosto desde que se iniciaram os registros há 118 anos. O recorde anterior era de 20,9°C, marca observada em 27/08/2002 e em 23/08/2012.

No interior do país, esta sexta-feira teve um novo recorde de mínima alta para agosto entre todas as estações oficiais da Argentina em Presidencia Roque Saenz Peña, no Chaco, onde a temperatura não baixou à noite de 27,1°C. O recorde anterior era da mesma localidade do Chaco com 27,0°C 18/08/1997.

Às 15h desta sexta-feira, as estações do Serviço Meteorológico Nacional indicavam na Argentina temperaturas no horário de 36,4ºC em Presidencia Roque Saenz Peña (Chaco); 36,1ºC em Las Lomitas (Formosa); 35,2ºC em Santiago del Estero (Santiago del Estero); 34,6ºC em Resistencia (Chaco); e 34,0ºC em Sauce Viejo e Ceres (Santa Fé).

Há apenas um mês, Buenos Aires teve a primeira quinzena de julho mais fria desde 1955 com vários dias de temperatura abaixo de zero, sendo que não ocorriam mínimas negativas na capital argentina desde 2011.

O que causa a temperatura tão fora do normal para esta época do ano nesta sexta-feira na Argentina em várias províncias é uma poderosa corrente de jato (corredor de vento) a cerca de 1500 metros de altitude que transporta ar muito quente e seco pelo interior do continente até as latitudes médias da América do Sul.

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Sondagem por balão meteorológico realizada na manhã de hoje pelo Serviço Meteorológico Nacional da Argentina no Aeroparque, o aeroporto central da capital da Argentina, indicou vento com 135 km/h a cerca de mil metros de altitude, por conta da corrente de jato em baixos níveis da atmosfera.

Em termos leigos, a corrente de jato em baixos níveis é uma corrente de ar estreita encontrada na baixa atmosfera, normalmente em torno do nível de pressão de 850 hPa (ou cerca de 1500 metros de altitude), atuando entre um e dois quilômetros de altura. Ou seja, é um corredor de vento nas camadas baixas da atmosfera.

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Estas correntes de jato em baixos níveis (JBN) a Leste dos Andes que trazem ar quente costumam se originar na Bolívia ou no Centro-Oeste do Brasil e apresentam, em regra, uma extensão de centenas de quilômetros do Sul da região amazônica até a bacia do Rio Praia.

No Prata, o jato costuma recurvar em direção a Leste para o Atlântico. São estes episódios de JBN que trazem vento Norte seco quente de forte intensidade às vezes para o Rio Grande do Sul, especialmente precedendo uma frente fria acompanhada de um ciclone extratropical mais profundo, sobretudo no inverno.

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