Motociclistas cruzam a ponte Long Bien em Hanói em meio à escuridão que tomou conta da cidade após as luzes da iluminação pública terem sido desligadas para economizar eletricidade | NHAC NGUYEN/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Enfrentando uma onda de calor recorde, a capital do Vietnã, Hanói, desligou algumas luzes da rua para economizar eletricidade devido ao aumento da demanda por ar-condicionado. Os parques da cidade de oito milhões de habitantes agora estão mergulhados na escuridão total depois das 23h, enquanto dois terços das luzes das ruas também são desligados na mesma hora.

Os cientistas alertaram que o aquecimento global está intensificando eventos climáticos extremos, como ondas de calor. No início de maio, o Vietnã registrou sua temperatura mais alta até hoje com 44,1ºC, quebrando um recorde anterior estabelecido em 2019.

O historiador do clima Max Herrera observa que “a atual onda de calor no Sudeste da Ásia está reescrevendo a história da climatologia regional com centenas de recordes de temperatura pulverizados todos os dias”. Ele descreve como “brutais” as temperaturas em locais de maior altitude na China, e, portanto, costumeiramente mais frios, mas que tiveram até 44,4°C em Qiaojia que está a 800 metros de altitude.

As noites estão também quentes. Mínimas incomuns e tão altas quanto 31,9ºC foram anotadas em Macau. O Aeroporto de Hong Kong teve máxima de 37,7C, a mais alta registrada em maio até hoje, após mínima de 31,1ºC. Alguns recordes de mínima alta são absolutos e não apenas para maio.

O país sofreu uma onda de calor em abril e outra no final de maio, e a empresa estatal de eletricidade EVN alertou que a enorme demanda de aparelhos de ar condicionado e ventiladores colocou o sistema de energia nacional sob pressão.

Somando-se aos problemas, uma seca severa no Norte do Vietnã significa que os níveis de água nas barragens hidrelétricas estão 30 a 40 por cento abaixo do normal.

“Estou preocupado com a falta de energia, que pode nos afetar gravemente durante o verão quente”, disse Do Tung Duong, morador de Hanói, durante uma caminhada no escuro centro da cidade.

Outra moradora, Vu Thi Hoa, disse à AFP que concorda com a medida de cortar a iluminação pública. “Devemos desligar equipamentos elétricos desnecessários, especialmente as luzes. Fica mais quente se houver muitas luzes acesas”, disse ela. “Precisamos de energia para ventiladores e condicionadores de ar. Será terrível se houver um corte de energia”, acrescentou Hoa.

A Companhia de Iluminação Pública de Hanoi, HAPULICO, reduziu as luzes das ruas da cidade em resposta aos apelos da EVN para economia de energia. A iluminação pública é ligada meia hora mais tarde do que o habitual e desligada meia hora mais cedo.

Embora alguns cortes sejam feitos na iluminação pública todos os anos, “o esquema de economia de energia está em uma área mais ampla este ano, cobrindo 70% do sistema de iluminação pública da cidade”, disse o vice-diretor da Hapulico, Le Trung Kien, à mídia local. “Ainda garantimos iluminação suficiente para tráfego, segurança e ordem”, destacou. Os cortes podem ir até agosto.