Buscas por vítimas entram no sétimo dia na cidade serrana de Petrópolis, no Rio de Janeiro, e há ainda mais de cem desaparecidos em meio à lama | CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO RIO DE JANEIRO/DIVULGAÇÃO

A segunda-feira começa com saldo de 171 mortos, 126 desaparecidos e quase mil desabrigados em consequência da chuva extrema que arrasou a cidade fluminense de Petrópolis na última terça (15), mostram números oficiais. Os esforços de buscas por desaparecidos prosseguem com apoio de bombeiros de vários estados, mas tiveram que ser interrompidos no Morro da Oficina no começo desta segunda em razão do forte vento na área.

Em meio à tragédia pela qual passa a cidade de Petrópolis, um sopro de alegria e esperança envolveu abrigados e voluntários que estão no ponto de apoio montado na Escola Paroquial Bom Jesus, no bairro Dr. Thouzet. Nasceu no local, às 8h42 de ontem, a pequena Ana Alice.

A mãe da bebê, Giovana Cerqueira, de 19 anos, não estava abrigada e chegou ao ponto de apoio por volta das 7h30 para avisar a mãe, acolhida na Escola Paroquial, que estava sentindo dores. A equipe do posto de saúde, que atuava no ponto, foi chamada e examinou Giovanna, que estava grávida de nove meses, de sua segunda filha.

O parto foi feito pela enfermeira Tatiana Jardim Costa e pela médica Rita de Cassia Araújo. “Eu e a mãe dela a colocamos no chão, e eu falei: ‘faz força’. Logo já vi a cabeça da bebê, e ela nasceu. Foi lindo”, disse Tatiana Jardim Costa. A diretora da escola, Renata Zacharsk, disse que o momento emocionou a todos no local.

“Ela estava tendo contrações fortes. Acionamos a Defesa Civil, que chamou a ambulância, mas não deu tempo. A bebê nasceu aqui mesmo. Foi a coisa mais emocionante que vi na vida. Ela não estava abrigada na escola, só a mãe dela. Foi um momento muito emocionante para todos aqui.” Após o parto, Giovana e Ana Alice foram levadas para o Hospital Alcides Carneiro, no bairro de Corrêas. As duas passam bem.

Desde terça-feira, quando o temporal atingiu Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, provocando alagamentos e deslizamentos, a Defesa Civil da cidade registrou 949 ocorrências, sendo 775 por deslizamentos de terra. Na quinta-feira (17) voltou a chover forte na região e o tempo permaneceu instável no fim de semana, prejudicando a busca por desaparecidos.

A Defesa Civil está trabalhando nas vistorias em áreas afetadas e está com 26 equipes operacionais nas ruas para concluir cerca de 900 análises técnicas por toda a cidade com o reforço de viaturas enviadas por diversos órgãos e voluntários, como o Grupo de Jipeiros. Nas áreas atingidas e que oferecem riscos, foram retiradas 856 pessoas, que foram encaminhadas para os 12 pontos de apoio montados na cidade. Nos hospitais, foram socorridas 197 pessoas em decorrência das enxurradas e deslizamentos.

O grupo Águas do Imperador, concessionária responsável pelo abastecimento em Petrópolis, informou que as sete estações de tratamento de água (ETAs) estão operando regularmente e que o abastecimento foi normalizado nos distritos e na região central da cidade.

O abastecimento já foi regularizado nos bairros mais atingidos pelas chuvas: 24 de Maio, Castelânea, Atilio Marotti e partes altas do Valparaíso. A situação está em processo de normalização no Quitandinha, Floresta, Estrada da Saudade, Boa Vista, Caxambu e Dr. Thouzet. No Alto da Serra e Vila Felipe o abastecimento está normal nas áreas onde não ocorreram deslizamentos. Em Pedras Brancas, as equipes buscam por vazamentos que estejam encobertos, impedindo a distribuição de água. Nesse bairro, o abastecimento está reforçado por caminhão-pipa, assim como no Parque São Vicente, onde 40 metros de redes foram substituídos, mas ainda há vazamentos.

Com o restabelecimento da energia elétrica no bairro Sargento Boening, foi instalada uma bomba provisória que deve normalizar o abastecimento a partir de amanhã. A instalação da concessionária no local foi destruída por uma barreira. O grupo informa que o controle de qualidade da água distribuída foi intensificado desde quarta-feira e que todas as barragens da concessionária estão com níveis normais e não apresentam risco de rompimento. (Com informações da Agência Brasil)