Quase metade da Argentina ficou sem luz durante apagão em grande parte do país na tarde de hoje | JUAN VARGAS/NOTICIAS ARGENTINAS/AFP/ARQUIVO/METSUL METEOROLOGIA

Um terço da Argentina ficou às escuras na tarde desta quarta-feira com um blecaute que afetou diversas províncias do país em meio a uma onda de calor. As apurações preliminares indicam que uma queimada no campo, favorecida pela seca e o calor intenso, deu causa ao apagão que deixou milhões de argentinos no escuro.

De acordo com a imprensa de Buenos Aires, um incêndio em algumas pastagens perto de uma linha de energia causou o maior apagão dos últimos quatro anos na Argentina. Toda a região central do país (Córdoba, Santa Fé e Cuyo) e até mesmo vários lugares da cidade de Buenos Aires e subúrbios sofreram um corte de energia.

A alta temperatura provocou um incêndio em uma área de pastagens perto de uma linha de alta tensão que liga Campana a General Rodríguez, na província de Buenos Aires. Nesses casos, o sistema elétrico aciona “proteções” para desligar gradativamente e não danificar o sistema. Por volta das 18h, a usina de Atucha foi restabelecida e o serviço começou a se normalizar na Cidade de Buenos Aires e Grande Buenos Aires, embora faltasse luz em províncias do Oeste do país.

Um minuto antes das 16h, a linha de 500 kV Campana-Rodríguez foi desconectada. Isso fez com que quase 5% do fornecimento de eletricidade deixasse de ser alimentado no sistema. São cerca de 900 MW. Simultaneamente, foi desligada a usina de Atucha 1.

O governo argentino diz que as causas estão sendo investigadas, enquanto a Nucleoeléctrica esclareceu “que a interrupção massiva do fornecimento de eletricidade ocorrida esta tarde não foi provocada pela central nuclear de Atucha I, mas por falhas no sistema interligado”, dizendo que a usina saiu de serviço por “segurança”.

Dez minutos depois, outra linha foi desconectada, afetando principalmente a Grande Buenos Aires e parte da província de Buenos Aires. Às16h30, a conexão que vai de Mendoza ao Rio Diamante também caiu e toda a área do Cuyo, no Oeste argentino, ficou sem luz. O sistema foi dividido em Norte e Sul. O fornecimento foi cortado na Grande Buenos Aires, na Patagônia e na província de Buenos Aires.

Às 16h40, outra linha foi desativada, que chega a Rosário. Isso causou o colapso do sistema na região central da Argentina. Naquele momento, a ligação da rede que falhou foi a de Santa Cruz, colocando a província no escuro. A esta altura, quase 40% do país já estava sem eletricidade.

Às cinco da tarde, foi reparada uma das primeiras linhas que falharam, permitindo voltar a interligar o Norte e o Sul do país. Às 17h20, a rede que liga a Rosário foi restabelecida, permitindo incorporar o Centro do país à rede conectada.

Uma primeira versão para o blecaute indicava que o problema estava na usina de Atucha 1. Porém, a usina saiu da geração preventivamente. O mesmo acontece com Central Puerto. É o maior apagão do país nos últimos 4 anos.

Um incidente semelhante ocorreu durante o Dia dos Pais de 2019, quando todo o país perdeu energia. Foram necessárias 14 horas para a luz voltar em todos os lugares. Fontes do governo informaram ao jornal Clarín que houve falhas no sistema interligado, o que fez com que “saíssem diferentes usinas geradoras”, como Atucha I e Central Puerto.

O apagão ocorreu em dia de calor muito intenso na Argentina. Na província de Buenos Aires, onde se deu a queimada que teria gerado o início do apagão massivo, a temperatura no aeroporto de Ezeiza na tarde de hoje atingiu 38ºC. A leitura das 21h confirmará se houve recorde para março, mas é possível. O Serviço Meteorológico Nacional informou que o trimestre de verão foi o mais quente da história na cidade de Buenos Aires, desde que começaram as medições em 1906.