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O bairro Jardim Pantanal, no distrito do Jardim Helena, na cidade de São Paulo completa uma semana com as ruas submersas devido à cheia do rio Tietê. Moradores fazem apelos por ajuda e dizem não mais suportar conviver cercado pelas águas.

MIGUEL SCHINCARIOL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A prefeitura anunciou um plano de remoção dos 45 mil moradores, oferecendo indenizações para que deixem o local. A enchente atual é considerada a pior desde 2010.

Moradores relatam que não receberam alertas da Defesa Civil durante as chuvas de 31 de janeiro e 1º de fevereiro. A experiência de quem já enfrentou inundações serviu como principal aviso. Em apenas dois dias, choveu 65% do volume esperado para todo o mês de fevereiro.

Temendo as inundações, alguns moradores construíram embarcações improvisadas com madeira e plástico. No passado, enchentes desse tipo ocorriam a cada oito ou dez anos. Agora, acontecem em períodos muito menores, cerca de dois anos.

Muitos relataram prejuízos com a destruição de móveis, alimentos e documentos. Algumas famílias precisaram deixar suas casas às pressas, abrigando-se com vizinhos ou em locais improvisados.

Ruas do bairro foram completamente tomadas pela água, dificultando o deslocamento e colocando os moradores em risco. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil foram criticados pela ausência na região.

Muitos moradores tiveram que atravessar áreas alagadas a pé, caminhando entre escombros e enfrentando a sujeira das águas. O resgate de pessoas isoladas foi realizado, na maior parte, por vizinhos e familiares.

Pais retiraram crianças de casas alagadas utilizando barcos improvisados. Algumas estavam confinadas há dias sem acesso a alimentos e itens básicos. Várias famílias começaram a cogitar abandonar a região para evitar novas tragédias.

A prefeitura anunciou um auxílio emergencial de R$ 1 mil para os atingidos, mas poucos conseguiram acesso ao benefício. Moradores enfrentaram filas de até cinco horas para tentar o cadastramento. Durante esse processo, a Guarda Civil Metropolitana (GCM) foi acusada de agir com truculência contra os moradores e houve protestos.

A tragédia mobilizou redes de solidariedade dentro do próprio bairro. Uma influenciadora local utilizou suas redes sociais para divulgar a situação e pedir doações.

Com a repercussão, comerciantes e voluntários passaram a enviar alimentos, roupas e itens de higiene. Os moradores criaram uma cozinha solidária para distribuir refeições aos desabrigados. Em poucos dias, centenas de marmitas foram entregues.

MIGUEL SCHINCARIOL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O Jardim Pantanal, localizado no extremo leste de São Paulo, enfrenta inundações recorrentes há décadas. A área, situada na várzea do rio Tietê, sofre com chuvas intensas, que tornam ruas intransitáveis e deixam moradores desabrigados.

A construção de aterros próximos ao rio reduz a capacidade de escoamento da água, agravando os alagamentos. As chuvas mais recentes transformaram as ruas com correntezas. Peixes foram encontrados nas vias, evidenciando a força das águas. Moradores relatam que essa situação se repete desde a infância. Muitos tiveram que deixar suas casas, abrigando parentes até que a enchente retroceda.

FOTORUA/NURPHOTO/AFP

Voluntários usam botes para resgatar pessoas isoladas e distribuir doações. O contato com a água contaminada aumenta o risco de doenças, mas a necessidade de auxílio prevalece. Idosos e pessoas sozinhas dependem da solidariedade dos vizinhos para escapar dos alagamentos.

O trabalho voluntário inclui arrecadar mantimentos e levá-los até os necessitados. Mesmo moradores atingidos pelos alagamentos ajudam como podem. Alguns enfrentam dificuldades no trabalho, sendo demitidos por não conseguirem comparecer.

A falta de assistência do poder público é uma queixa constante. A resposta das autoridades ocorre, muitas vezes, apenas quando há cobertura da imprensa. Um morador, após anos de experiência com enchentes, decidiu elevar o nível de sua casa para evitar prejuízos.

Outros bairros próximos também foram afetados pelas chuvas. Locais que antes não sofriam tanto com alagamentos agora enfrentam problemas mais graves. Um plano de bairro foi desenvolvido por um instituto local, em parceria com moradores e urbanistas.

FOTORUA/NURPHOTO/AFP

FOTORUA/NURPHOTO/AFP

Esse plano busca ouvir a comunidade e apresentar propostas ao governo. Entre as prioridades estão o abastecimento de água, saneamento, regularização fundiária e pavimentação das ruas.

Também se propõe a melhoria do sistema de drenagem para escoar melhor a água da chuva. Muitas ruas não são asfaltadas e, mesmo onde há pavimentação, a quantidade de bueiros varia. Isso dificulta a circulação de bicicletas e carros durante os alagamentos. A visibilidade reduzida aumenta os riscos para quem tenta se deslocar.

O plano também sugere um mapeamento das áreas mais afetadas e um diagnóstico sobre as causas dos alagamentos. A proposta é unir conhecimento técnico e experiência da comunidade para encontrar soluções eficazes.

O desassoreamento do rio Tietê também é reivindicado. O objetivo é implementar ações previstas no Plano Diretor de Macrodrenagem, abrangendo o trecho que inclui o Jardim Pantanal.

Os moradores continuam enfrentando dificuldades e contando principalmente com a solidariedade uns dos outros. Enquanto as chuvas persistirem, a ameaça de novas enchentes seguirá sendo uma realidade no bairro.

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