Pela quarta semana seguida o boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos apontou anomalia de temperatura da superfície do mar em patamar de El Niño no Pacífico Equatorial Central (região Niño 3,4) com +0,9ºC. É a maior anomalia até agora.
Com isso, é cada vez mais provável que a NOAA declare um evento de El Niño no decorrer de novembro. Como as anomalias no Pacífico Leste hoje estão em +0,3ºC, logo dentro do terreno da neutralidade, o evento que se acredita ser iminente tem características de El Niño de Pacífico Central, logo não na sua forma clássica, o que explica o Rio Grande do Sul não estar registrando chuva muito acima da média neste outubro até agora, como poderia se esperar se o El Niño fosse clássico.
O que chama atenção é que as saídas dos modelos de clima dos últimos 15 a 30 dias estão a indicar que o pico do evento de El Niño se daria entre fevereiro e abril, o que foge e muito ao convencional que é o aquecimento do Pacífico ter seu auge no fim do mês de dezembro e primeiros dias de janeiro.
Além disso, passaram a indicar que o evento seria mais forte, podendo ser moderado na intensidade, com algumas simulações apontando até um episódio forte do fenômeno com anomalias no Pacífico Central de 1,5ºC a 2ºC.
Se o Pacífico Leste aquecer mais nos próximos três meses se terá um El Niño clássico e a chuva aqui no Estado aumentará bastante com a perspectiva de parte do verão e o outono terem chuva com acumulados excessivos e enchentes.
Por outro lado, mantendo-se o cenário atual de um aquecimento maior no Pacífico Central as características do El Niño fugirão ao tradicional e a chuva pode ser irregular em parte do Rio Grande do Sul. Não há um consenso ainda dos dados quanto às características deste evento de El Niño se instalando no Pacífico.