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A agência espacial norte-americana NASA divulgou nesta terça-feira mais imagens do telescópio espacial James Webb, o mais moderno e potente já construído, e que passa a oferecer à ciência um novo olhar para o universo. As imagens que foram tornadas públicas hoje são incríveis e ajudam explicar as declarações do projeto Webb que disseram ter ido quase às lagrimas com os primeiros registros do telescópio.

Uma das imagens divulgadas é do Quinteto de Stephan (foto acima), um agrupamento visual de cinco galáxias, mais conhecido por ser destaque no filme clássico de férias, “It’s a Wonderful Life”. Hoje, o Telescópio Espacial James Webb da NASA revela o Quinteto de Stephan sob uma nova luz. O enorme mosaico é a maior imagem de Webb até hoje e contém mais de 150 milhões de pixels, construído a partir de quase 1.000 arquivos de imagem separados. As informações do Webb fornecem novos insights sobre como as interações galácticas podem ter impulsionado a evolução das galáxias no início do universo.

Outra foto liberada hoje é da Nebulosa do Anel Sul (abaixo). A estrela mais escura no centro da cena tem enviado anéis de gás e poeira por milhares de anos em todas as direções, e o Telescópio Espacial James Webb da NASA revelou pela primeira vez que esta estrela está envolta em poeira. Duas câmeras a bordo do Webb capturaram a imagem mais recente desta nebulosa planetária, catalogada como NGC 3132, e conhecida informalmente como Nebulosa do Anel Sul. Está a aproximadamente 2.500 anos-luz de distância.


Mais uma imagem incrível (abaixo) mostra uma paisagem de “montanhas” e “vales” salpicados de estrelas brilhantes e que na verdade é a borda de uma região jovem e próxima de formação de estrelas chamada NGC 3324 na Nebulosa Carina. Capturada em luz infravermelha pelo novo telescópio espacial James Webb da NASA, a imagem revela pela primeira vez áreas anteriormente invisíveis de nascimento de estrelas.

Chamado de penhascos cósmicos, a imagem na realidade é a borda da gigantesca cavidade gasosa dentro da NGC 3324 e os “picos” mais altos têm cerca de 7 anos-luz de altura. A área cavernosa foi esculpida na nebulosa pela intensa radiação ultravioleta e ventos estelares de estrelas jovens extremamente massivas, quentes e localizadas no centro da bolha, acima da área mostrada na foto.

Nuvens e água em planeta a 1.150 anos-luz 

E as descobertas não param. O Telescópio Espacial James Webb da NASA capturou a assinatura distinta da água, juntamente com evidências de nuvens e neblina, na atmosfera ao redor de um planeta gigante gasoso quente e inchado orbitando uma estrela distante parecida com o Sol a 1.150 anos-luz de distância. A observação, que revela a presença de moléculas de gás específicas com base em pequenas diminuições no brilho de cores precisas da luz, é a mais detalhada de seu tipo até hoje, demonstrando a capacidade sem precedentes do Webb de analisar atmosferas a centenas de anos-luz de distância.

Enquanto o telescópio espacial Hubble analisou várias atmosferas de exoplanetas nas últimas duas décadas, capturando a primeira detecção clara de água em 2013, a observação imediata e mais detalhada de Webb marca um salto gigantesco na busca de caracterizar planetas potencialmente habitáveis além da Terra.

A imagem do começo do universo (Big Bang)

Ontem, a NASA tornou pública a primeira foto do James Webb, “a imagem infravermelha mais profunda e nítida do universo” jamais feita, olhando para mais de 13 bilhões de anos atrás. A imagem (acima), repleta de pontos de luz de vários tamanhos, mostra as primeiras galáxias formadas pouco depois do Big Bang e apresenta objetos de pouca luminosidade que nunca haviam sido observados.

“É um dia histórico”, celebrou o presidente dos Estados Unidos Joe Biden na apresentação feita na Casa Branca. “Quando vi as imagens pela primeira vez (…) aprendi três coisas sobre o universo que antes não sabia”, afirmou Dan Coe, astrônomo do STSI e especialista no universo primitivo. “Fiquei completamente deslumbrado”, afirmou.

Presidente dos Estados Unidos Joe Biden aplaude a apresentação da primeira imagem tornada pública pela NASA do telescópio espacial James Webb durante evento realizado na Casa Branca, em Washington | BILL INGALLS/NASA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O Webb conseguiu ver milhares de galáxias por meio de seu mecanismo infravermelho, pois, ao mesmo tempo, atravessava as nuvens de poeira cósmica e detectava a luz das primeiras estrelas, que se expandiram em comprimentos de onda infravermelhos à medida que o universo se expandia.

Além disso, foi a primeira imagem de “campo profundo” do Webb, feita com um prolongado tempo de exposição, que possibilita a detecção das luzes mais fracas. Na foto, é possível ver um grupo de galáxias chamado SMACS 0723, que, ao atuar como uma lupa, revelou objetos do cosmos atrás, muito distantes, graças a um efeito conhecido como lente gravitacional.

Com as imagens, os especialistas poderão começar a interpretar os dados compilados. Essa etapa será o ponto de partida para anos de pesquisa, que prometem ser emocionantes. A publicação marca o fim de anos de espera para astrônomos de todo o mundo e também o começo de uma aventura científica.

O telescópio James Webb

Lançado da Guiana Francesa em dezembro de 2021, em um foguete Ariane 5, o telescópio James Webb orbita o Sol a uma distância de 1,6 milhão de quilômetros da Terra, em uma região do espaço conhecida como o segundo ponto de Lagrange. Lá, permanece em uma posição fixa em relação à Terra e ao Sol, com um consumo mínimo de combustível, suficiente para correções de rumo.

Considerado uma maravilha da engenharia, o custo total do projeto é estimado em US$ 10 bilhões, tornando-se a plataforma científica mais cara já construída, igualada apenas pelo Grande Colisor de Hádrons da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN). O espelho principal do Webb tem mais de 6,5 metros de largura e é composto por 18 segmentos folheados a ouro.

A estrutura oferece a mesma estabilidade que uma câmera portátil precisaria para tirar as melhores fotos. Charlie Atkinson, engenheiro-chefe de programa do telescópio espacial James Webb da Northrop Grumman, disse que o equipamento não oscila mais do que 17 milionésimos de milímetro. “Sabíamos que isso exigiria alguns dos melhores talentos do mundo, mas que era possível”, disse.

Após as primeiras imagens, astrônomos de todo mundo compartilharão o tempo no telescópio e farão projetos que serão apresentados para seleção de um júri anônimo para minimizar qualquer avaliação enviesada. Graças ao seu lançamento eficiente, a NASA estima que o propulsor de Webb possa ter uma vida útil de 20 anos, período durante o qual trabalhará ao lado dos telescópios Hubble e Spitzer para responder às questões fundamentais do cosmos.

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