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Gabriel Zaparolli/Arquivo

Começa a temporada de praias no final do ano que vai até março e os balneários do Litoral Norte gaúcho se enchem de veranistas em busca de muito sol e mar quente. As condições do clima previstas para este verão oferecem uma boa e uma má notícia para quem buscar a praia.

O clima durante este verão será influenciado pelo fenômeno La Niña que se caracteriza pelo resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico e altera o padrão de circulação atmosférica na região equatorial do oceano que é o maior do planeta com efeitos globais na chuva e na temperatura.

Com a atuação da La Niña, o verão deve ter chuva abaixo da média na maioria das regiões do Rio Grande do Sul com longos períodos de tempo seco. Trata-se de uma péssima notícia para quem depende do campo e da agricultura, mas é ótima notícia para quem vive do turismo no litoral ou passa férias na região.

Existe uma particularidade quando se trata de chuva no verão nas praias do Litoral Norte. A dinâmica das precipitações é distinta da maior parte dos municípios do Estado pela influência das correntes de umidade do mar e do relevo da Serra situada a Oeste da maioria das praias da região.


Por isso, a influência do fenômeno La Niña na chuva é menor em áreas costeiras do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Paraná que em locais de maior continentalidade, ou seja, distantes da costa. Como consequência, ocorrem na estação episódios de chuva – às vezes até volumosa – nas praias enquanto mais ao interior o tempo seco predomina.

O Nordeste do Rio Grande do Sul, pela climatologia histórica, é a parte do Estado que tem chuva mais frequente e com maiores volumes no verão. Isso inclui a Serra e o Litoral Norte. É muito comum em dias quentes e úmidos na estação se formarem áreas de instabilidade sobre a Serra e que depois migram para a costa. É o que explica chover mais em praias como Torres e Arroio do Sal no verão que em balneários como Cidreira ou Quintão, que não possuem a Serra no setor Oeste.

A influência do fenômeno La Niña tem como outro efeito fazer com que as frentes frias passem com menor frequência e intensidade pela costa gaúcha. Os sistemas frontais são seguidos por vento do quadrante Sul e, por efeito, no oceano as correntes oceânicas no litoral passam a ser de Sul após a passagem das frentes. Isso traz águas mais frias da Correntes das Malvinas e o famoso mar “chocolatão” por algas.

Com menor número de sistemas frontais atuantes, há uma maior propensão para o ingresso de correntes de Norte, logo a Corrente do Brasil. O efeito sentido pelo veranista é a presença de águas mais quentes e claras, o que muitas vezes é chamado de “mar de Caribe”. Esta é uma ótima notícia para os veranistas, afinal se prevê uma maior ocorrência de dias com mar mais calmo, quente e claro do que o habitual.

A má notícia é que estas condições de mar mais aquecido trazem mais águas-vivas (“mão d´água) que tantos incômodos causam. O número de pessoas lesionadas nesta temporada de 2022 pode acabar sendo muito alto justamente pela maior frequência de mar aquecido junto ao litoral gaúcho, especialmente no Litoral Norte.

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