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Um avião de combate a incêndio despeja água sobre um grande incêndio florestal perto da Ruta 40, a cerca de 12 km de Paraje Villegas e 60 km ao sul de Bariloche, província de Rio Negro, Argentina. Vários incêndios estão ativos há semanas na região. Províncias argentinas de Neuquén, Rio Negro e Chubut já tiveram milhares de hectares de floresta nativa queimados em meio a condições climáticas adversas. | FRANCISCO RAMOS MEJIA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A Argentina teve em apenas três dias mais incêndios que a média histórica de janeiro inteiro, apontam dados de monitoramento por satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, do Brasil. Conforme os números do Inpe, somente ente quarta (12) e sexta (14), o país vizinho teve mais de 1.800 focos de calor detectados, número acima da média mensal inteira 1998-2021 de 1.648. Foram 807 focos na quarta, 410 na quinta e 632 na sexta.

Ainda conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nos primeiros 14 dias do mês a Argentina teve 3.144 focos de calor, portanto o dobro da média do mês todo de 1.648. O recorde em janeiro é de 4.624, em 2002. Com 3.144 focos contabilizados apenas até o dia 14, a Argentina enfrenta o janeiro com mais fogo desde 2017, o único mês de janeiro desde o recorde de 2002 a ter apresentado mais de 3 mil focos.

Os incêndios florestais persistem na Patagônia argentina, onde cerca de 6.000 hectares foram devastados nos últimos 40 dias, segundo autoridades. A poucos quilômetros do centro turístico de Bariloche, espécies de árvores nativas são destruídas pelo fogo, mas sem causar danos às pessoas.

“Não há evacuados ou feridos. Os incêndios ainda estão fora de controle, mas foram combatidos na linha de frente por cinquenta membros da brigada”, disse à AFP Lorena Ojeda, diretora de operações do Serviço Nacional de Gerenciamento de Incêndios (SNMF). “São 5.900 hectares de floresta andina e nativa afetada”, acrescentou. A região central do país está passando por uma das piores ondas de calor da história no verão austral e neste momento concentra a esmagadora maioria das queimadas e incêndios, o que traz muita fumaça do Centro para o Norte do país.


Na Patagônia, a luta contra as chamas se concentra na área dos lagos Martin e Steffen, mas há perigo de propagação. O primeiro grande incêndio em Bariloche foi declarado em 1996 no visitado Cerro Catedral. Desde aquele desastre natural, várias vezes as montanhas arborizadas foram afetadas pelas chamas.

“Estamos prontos para entrar em ação porque o fogo está a 50 quilômetros de áreas habitadas por comunidades mapuche e fazendas agrícolas”, disse à AFP Alejandro Namor, chefe dos bombeiros voluntários da cidade vizinha de El Bolsón. Segundo o SNMF, cerca de 30 incêndios estavam ativos ontem em nove províncias argentinas.

O governo da Argentina declarou emergência por risco extremo de fogo em todo o país em meio a uma onda de calor que autoridades descrevem como “bestial” e que provoca recordes de temperatura no país com máximas de até 45ºC. Devido ao número crescente de incêndios, a Casa Rosada decretou emergência ígnea em todo o território nacional pelo período de um ano com o objetivo de adotar medidas que tendam a prevenir novos focos, reparar áreas afetadas e combater situações que surjam.

O decreto foi assinado pelo presidente Alberto Fernández e publicado na quarta-feira no Diário Oficial. A medida ocorre após o pedido das províncias de Neuquén, Chubut, Santa Cruz, Río Negro e Tierra del Fuego ante os incêndios que afetaram a Patagônia no final de 2021. Por sua vez, o Conselho Federal de Meio Ambiente (Cofema) declarou uma emergência para o mesmo período em dezembro.

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