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A Amazônia registra o junho com mais queimadas dos últimos 16 anos, apontam os dados de monitoramento por satélite. Os números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais acusam um número de focos de calor elevado que não se registrava desde 2007. Antes mesmo de o mês terminar, os focos de calor superam todos os últimos 15 anos no principal bioma do país.

Amazônia não registrava tantos focos de calor por queimadas no mês de junho há uma década e meia. Pará teve quase o dobro do número de queimadas que a média histórica. | MICHEL DANTAS/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o número de focos de calor na Amazônia até o dia 28 de junho foi de 2.711. A última vez em que tantos focos foram anotados foi em 2007, quando o mês terminou com 3.519.

Como faltam dois dias ainda para o cômputo final de junho e cada dia em registrado, em média, 100 a 200 focos de calor, a tendência é que junho termine com número ao redor de 3.000. No ano passado, o bioma anotou em junho 2.562 focos de calor identificados por satélites.

O estado do Pará é o principal responsável pela estatística ruim de fogo de junho no bioma da Amazônia. Conforme os dados do Inpe, o estado anotou em junho até o dia 28 um número de 614 focos, quase o dobro da média histórica mensal de 343.

Junho, assim, vai terminar com mais queimadas que a média histórica mensal 1998-2022 de 2.682 focos de calor. Na série histórica do Inpe, o pior junho de queimadas foi 2004 com 9.179 focos de calor. Já o sexto mês do ano com menor número de focos de calor se deu em 2009 com 1.023.

Nos primeiros seis meses deste ano, até o dia 28 de junho, a Amazônia teve 7.980 focos de calor identificados por satélites. O número está perto da média histórica do primeiro semestre de 7.795.

É importante recordar que fogo na Amazônia é quase sempre provocado por ignição humana e não acidental ou natural por raios ou problemas na rede elétrica. Trata-se de uma floresta úmida em que o fogo se inicia para atividades de desmatamento visando o uso do solo para pecuária ou agricultura.

Chuva frequente e acima da média na Amazônia costuma inibir a ocorrência de fogo, o que explica que os meses do chamado inverno amazônico sejam os de menor incidência de queimadas. Com um El Niño instalado e a perspectiva de chuva abaixo a muito abaixo da média nos próximos meses, o cenário se tornará propício para uma maior ocorrência de incêndios de origem ilegal durante o pico da temporada de fogo entre julho e outubro.

Projeção de anomalia de chuva de agosto a novembro mostra chuva abaixo a muito abaixo da média na região da Amazônia pela influência do El Niño | IRI

No Pantanal, por sua vez, junho vai terminar com menos fogo que a média. O bioma, arrasado por incêndios no inverno de 2020, até o dia 28 teve em junho apenas 76 focos de calor, número muito inferior à media histórica mensal de 157.

O mesmo não pode ser dito do Cerrado, bioma em que o desmatamento avançou muito nos últimos anos. Em junho, até o dia 28, os focos de queimadas no Cerrado totalizaram 4.089. O valor está acima da média histórica mensal de 3.779. O pior junho de fogo no Cerrado ocorreu em 2003 com 7.079 focos de calor.