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Dados de satélites mostram que queimadas na Amazônia ficaram acima da média pelo quarto ano seguido em agosto no pior mês de fogo em agosto desde 2010 | CARL DE SOUZA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A Amazônia teve o mês de agosto com mais fogo em 12 anos. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o mês terminou com 33.116 focos de calor captados pela rede de satélites. A estatística do Inpe mostra que se trata do maior número de focos de calor em agosto desde 2010, quando os satélites captaram 45.018 focos de calor.

Agosto foi ainda o mês, considerando todos os meses do calendário, com mais registro de fogo no principal bioma do Brasil desde setembro de 2017. Naquele mês, a estatística histórica traz 36.569 focos de calor. Em agosto de 2017, o bioma registrou 21.344 focos de calor.

É o quarto ano seguido com mais fogo na Amazônia em agosto do que a média. Com os 33.116 focos registrados, agosto superou a média histórica (1998-2021) de 26.299 focos de calor no oitavo mês do ano. Os números de 2022 superam os de 2019, quando houve grande comoção mundial pelas queimadas na Amazônia. Em agosto de 2019, o bioma registrou 30.900 focos de calor.

O agosto de muito fogo se deve em grande parte do que ocorreu na segunda metade do mês, quando o número de queimadas cresceu enormemente na região amazônica, espantando os especialistas na região. Somente no dia 22 foram 3.458 focos e no dia 24 os satélites identificaram 2.475 focos.

Os 3.458 focos de calor captados no dia 22 representaram o maior número diário para agosto na Amazônia desde 2002, conforme o Inpe. Em 23 de agosto de 2002, os satélites captaram 3.548 focos de calor. No dia 25 de agosto de 2002, outras 3.300 queimadas foram identificadas.

Nenhum outro dia de agosto desde então tinha superado os 3 mil focos de calor, até então. Nem o infame “Dia do Fogo”, em 10 de agosto de 2019, em que vários incêndios foram iniciados de forma proposital no Pará, o que acabou gerando investigação da Polícia Federal para identificar os responsáveis, concentrados na região de Novo Progresso.

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Os piores anos de fogo na Amazônia em agosto se deram de 2002 a 2007. Em 2002, agosto terminou com 43.484 focos. Em 2003, 34.765. Já em 2004, 43.320. Em 2005, o recorde da série histórica do mês com 63.764. Em 2006, 34.208. E, por fim, 2007 com 46.385 focos de calor em agosto. Em 2011, o menor número em agosto com 8.002 focos.

Os meses de agosto a outubro marcam o pico das queimadas a cada ano no bioma amazônico. Diferentemente de outros biomas, quase todos os episódios de fogo na região amazônica são iniciados propositalmente pela natureza tropical e úmida da floresta. Florestas, como da Europa e dos Estados Unidos, não são de natureza tropical e pela característica de vegetação, possuem maior combustibilidade, o que torna comparações com a Amazônia indevidas. A Europa registra a maior área queimada desde o começo das medições por satélite em meio a sucessivas ondas de calor e a pior seca em meio milênio.