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Alerta vermelho por vento Zonda na Argentina, onde a ventania seca e quente de Oeste costuma trazer queda de árvores, destelhamentos e incêndios | SMN/Arquivo

Alerta vermelho por vento Zonda na Argentina. O Serviço Meteorológico Nacional da Argentina (SMN) emitiu um raro alerta vermelho por ocorrência de intenso vento Zonda no Oeste do país, válido para as províncias de Mendoza e Neuquén. A advertência é para esta sexta-feira.

O Zonda é um vento típico do Oeste argentino e se caracteriza por ser persistente e com intensas rajadas. É muito quente e extremamente seco, não raro reduzindo a umidade relativa do ar a valores até abaixo de 5% a 10%. O Zonda descende das montanhas dos Andes e sua direção predominante é de Oeste. Ocorre em regra quando há instabilidade no outro lado da Cordilheira dos Andes, no lado chileno da cadeia montanhosa. Rajadas acima de 100 km/h podem ocorrer e costumam ocorrer transtornos como falta de luz e destelhamentos, queda de árvores, além de alto risco de incêndios. A temperatura se eleva acentuadamente, especialmente na região de Mendoza.

De acordo com o Serviço Meteorológico Nacional da Argentina, o Zonda se produz quando o ar úmido do Oceano Pacífico ascende pela Cordilheira do Andes, deixa a sua umidade no lado chileno e descende no lado argentino com ar muito seco que esquenta rapidamente à medida que descende no setor argentino da cadeia montanhosa.

O SMN enfatiza que pode ocorrer em qualquer época do ano, mas é mais recorrente entre os meses de maio e agosto. Ainda segundo o órgão meteorológico argentino, é mais comum se dar em horas da tarde que em outros momentos do dia. Às vezes não alcança a superfície e se denomina de “Zonda de altura”.

Fenômeno semelhante ocorre em outras partes do mundo com cadeias montanhosas com diferentes nomes. São os casos do Chinook nos Estados Unidos e no Canadá, Foehn nos Alpes europeus, Canterbury na Nova Zelândia e vento Berg na África do Sul.

Impactos do Zonda nas pessoas

Segundo o SMN, o vento Zonda tem efeitos no ser humano e que são estudos pela chamada Biometeorologia. O vento muito seco e quente, diz o órgão, pode trazer alteração do ritmo cardíaco, irritabilidade, angústia e depressão, o que já foi documentado em diversos estudos em diferentes partes do mundo.

Ademais, existem estudos que apontam um aumento das ocorrências de acidente de trânsito, mortes por enfarte e atos e violência e criminosos. Na Europa, a legislação até considera a ocorrência do vento Foehn, quando do julgamento de delitos cometidos sob a sua incidência.

Rio Grande do Sul tem vento semelhante ao Zonda

O meteorologista da MetSul Luiz Fernando Nachtigall explica que o processo físico que leva ao vento no Oeste argentino é conhecido como aquecimento adiabático em que o ar ao descender a montanha com o forte vento se comprime e aquece, trazendo o calor.

“É o mesmo processo que traz calor durante a noite e madrugada com rajadas de vento Norte em Santa Maria e nos vales do Rio Grande do Sul quando há uma corrente de jato em baixos níveis precedendo uma frente fria ou acompanhando a formação de um ciclone”, destaca Nachtigall.

O vento Zonda na Argentina nesta sexta está associado a um quadro sinótico de maior escala que vai mexer com o tempo no Cone Sul da América e que, no caso do Rio Grande do Sul, primeiro vai trazer chuva e temporais para na sequência ingressar uma massa de ar frio no fim de semana.

Veja vídeo abaixo com a meteorologista Estael Sias detalhando o episódio de instabilidade entre esta sexta e o sábado que é objeto de alerta da MetSul.