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Um ciclone extratropical se forma entre a noite desta quinta-feira (15) e a madrugada desta sexta-feira (16) junto ao Litoral Norte do Rio Grande do Sul e Sul de Santa Catarina.

A área de baixa pressão vai se aprofundar rapidamente junto ao litoral, dando origem ao ciclone extratropical com intensificação do vento e da chuva.

A MetSul Meteorologia adverte para uma uma situação particularmente perigosa e de muito elevado risco meteorológico (alerta vermelho) por chuva excessiva a extrema assim como por vento que pode ser suficientemente forte para provocar danos.

Este ciclone será o mais forte a atuar junto ao Rio Grande do Sul e o Sul Catarinense desde a passagem em maio do ano passado da tempestade subtropical Yakecan.

Diferentemente de Yakecan que era um ciclone atípico (subtropical), este ciclone é mais comum no inverno gaúcho e se originará de baixa pressão vinda do Sudeste do Brasil.

A sua trajetória, assim como em Yakecan, entretanto, é incomum porque se tratará de uma baixa retrógrada que vai avançar de Leste para Oeste rumo ao continente.


Modelos numéricos indicam o centro de baixa pressão com 1003 hPa junto ao litoral gaúcho nesta sexta. Não é, assim, uma baixa profunda, mas estará muitíssimo perto da costa, praticamente com o centro sobre a faixa costeira.

Haverá uma área de alta pressão de 1025 hPa no Nordeste da Argentina, gerando um gradiente de pressão que favorecerá vento forte a intenso.

Alerta de vento forte a muito intenso

A MetSul Meteorologia adverte para o elevado risco de vento forte a intenso entre o Nordeste gaúcho e o Sul de Santa Catarina nesta sexta. Alguns pontos podem ter vento com força destrutiva.

Vento de 80 km/h a 100 km/h é esperado no Litoral Norte gaúcho com rajadas que isoladamente podem ser superiores, o que agrava o potencial de danos.

Maior risco em Quintão, Pinhal, Cidreira, Tramandaí, Imbé, Xangri-lá, Capão da Canoa, Osório, Palmares do Sul, Arroio do Sal, Torres, Terra de Areia e Três Cachoeiras.

Rajadas de 80 km/h a 100 Km/h devem ocorrer no Leste dos Aparados da Serra e Planalto Sul Catarinense, mas que podem atingir 120 km/h a 140 km/h nas maiores elevações (montanhas) e pontos de encosta junto ao litoral acima de 1000 metros de altitude.

São esperadas rajadas em média de 60 km/h a 80 km/h no Sul e no Leste da Grande Porto Alegre, incluindo municípios como Porto Alegre, Guaíba, Eldorado do Sul, Gravataí e Viamão.

Rajadas de 80 km/h a 100 km/h devem ocorrer ainda no Litoral do Sul de Santa Catarina e isoladamente podem atingir 110 km/h a 120 km/h na região.

De acordo com os modelos numéricos, o período de maior risco de vento forte a intenso será entre a madrugada e a manhã desta sexta-feira.

Da tarde para a noite de sexta, a tendência é o vento gradualmente diminuir à medida que o ciclone extratropical começa a se afastar da costa.

Vento pode fazer estragos

Há potencial para queda de árvores, postes, destelhamentos e colapso de estruturas, especialmente no Litoral Norte gaúcho e balneários mais ao sul de Santa Catarina.

No Planalto Sul Catarinense e no Litoral Norte gaúcho, não se recomenda o tráfego em rodovias, especialmente de caminhões, entre a noite de hoje e o meio-dia desta sexta devido ao vento muito forte que pode até tombar veículos de maior dimensão.

Risco à navegação

Considera-se altíssimo risco para a navegação que deve ser evitada nos litorais gaúcho e Catarinense assim como na Lagoa dos Patos e Lago Guaíba sob risco de naufrágio de pequenas embarcações.

Adverte-se ainda para o alto risco de elevação da maré (maré de tempestade ou storm surge) com ressaca no Litoral Norte do Rio Grande do Sul e na costa catarinense.

Alerta de chuva volumosa a excessiva

A MetSul adverte que o ciclone não apenas manterá o tempo instável como deve reforçar e muito a chuva no Nordeste gaúcho no final desta quinta e durante a sexta.

Volumes muito altos de chuva devem ser esperados no Nordeste do Rio Grande do Sul (Serra, Aparados da Serra, Grande Porto Alegre e Litoral Norte) e parte do Sul de Santa Catarina.

Nestas regiões, grande número de municípios deve ter chuva perto e acima de 100 mm em poucas horas.

Em pontos mais a Leste da Serra e do Litoral Norte gaúcho os acumulados podem ser extremos com marcas de 150 mm a 300 mm em horas, ou seja, uma a duas vezes a média do mês inteiro.

Nosso modelo de alta resolução WRF chega a indicar marcas de 300 mm a 500 mm em pontos isolados entre o Leste da Serra e dos Aparados e o Litoral Norte gaúcho, portanto volumes extraordinários.

O indicativo exige enorme atenção com as áreas perto da Serra de Maquiné, Itati, Três Cachoeiras, Terra de Areia, Três Forquilhas, Morrinhos do Sul e Torres. Os volumes podem ser muito altos, acima de 200 mm, em setores da orla como de Arroio do Sal a Tramandaí.

Chuva deve causar inundações

Os elevados volumes de chuva projetados para o Nordeste gaúcho devem trazer alagamentos e inundações nesta sexta-feira. O risco é maior no Leste da Serra e Litoral Norte, apesar de que a chuva pode causar transtornos em outras regiões como os vales e a Grande Porto Alegre.

A chuva em alguns momentos será torrencial com altos acumulados em muito curto período, agravando o potencial de alagamentos. Alerta-se para o alto risco de deslizamentos de terra e quedas de barreiras em rodovias da Serra e Litoral Norte, como a BR-101 e a Rota do Sol.

Chuva orográfica trará volumes extremos

A chuva orográfica é a precipitação induzida pelo relevo. Umidade que vem do oceano, trazida por vento, em razão do ciclone, ao encontrar a barreira do relevo da Serra do Mar, ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa à medida que ascende na atmosfera com camadas mais frias.

Isso leva à condensação e à ocorrência de chuva induzida pelo relevo. Em um exemplo bem didático e simples de entender. O que acontece se você chega na frente de um espelho e soltar ar da sua boca? O espelho que tem uma superfície mais fria vai ficar embaçado (úmido) e molhado.

Com a chuva orográfica ocorre o mesmo. O ar mais úmido e quente (analogia com ar que sai da boca) encontra um obstáculo físico que é o relevo (como o espelho) e ao chegar nesta barreira que são os morros sobe na atmosfera e encontra temperatura mais baixa, condensando-se o vapor de água e formando chuva.

Episódios de chuva orográfica são de alto risco porque costumam trazer acumulados de precipitação localmente muito altos e que não raro até acabam superando as projeções dos modelos numéricos.

Impactos em Porto Alegre

Porto Alegre e região metropolitana sofrerão os efeitos do ciclone extratropical junto ao Litoral Norte.

As condições atmosféricas se deterioram muito nas próximas horas, especialmente a partir da madrugada desta sexta, com chuva por vezes forte e vento.

Os volumes de chuva na capital nesta sexta, sobretudo entre a madrugada e de manhã, podem ser suficientemente altos para causar alagamentos e a subida rápida de arroios. De acordo com projeções de modelos, os volumes em poucas horas podem se aproximar ou passar de 100 mm em pontos da região metropolitana.

Há possibilidade de transtornos pelo vento também em Porto Alegre como queda de árvores e falta de energia em diferentes pontos, embora para a capital não se preveja vento tão forte quanto na costa. A chuva volumosa deixará o solo instável e, com o vento, árvores podem cair mais facilmente.

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