A MetSul Meteorologia alerta que a onda de calor que começa deve ser atipicamente longa, uma das mais intensas da história e com potencial de se aproximar ou bater recordes históricos de temperatura. 

O Rio Grande do Sul experimentará hoje e nos próximos dias uma impressionante sequência de dias com marcas ao redor e acima de 40ºC. Ontem, a temperatura chegou a 36,8°C em Teutonia e a partir desta quarta, dia de Natal, vai se iniciar uma sequência de vários dias que pode ir até 31/12 em que as máximas vão ficar ao redor ou acima de 40ºC em muitas regiões gaúchas.

As mais recentes saídas dos modelos numéricos intensificaram o calor dos próximos dias com possibilidade de máximas de 41°C a 43°C, ou isoladamente superiores, nos próximos dias com uma grande intensificação do calor no fim de semana e no começo da próxima semana. Alguns dados chegam a sugerir a possibilidade de quebra do recorde oficial de máxima absoluta de Porto Alegre de 1° de janeiro de 1943 de 40,7°C. Em 6 de fevereiro de 2014, no dia mais quente desde 1943, Porto Alegre teve 40,6°C. Foi a única vez desde a abertura da estação no Jardim Botânico na década de 70, logo em meio século, que a temperatura superou 40°C no local. 

As madrugadas ainda serão amenas e muito agradáveis devido ao céu claro e ao ar muito seco até hoje, entretanto a partir desta quinta as noites serão quentes com mínimas acima dos 20ºC.

A sequência de dias tórridos será proporcionada pelo predomínio do tempo firme com sol. Em alguns momentos, devido ao intenso calor, nuvens se formam, sobretudo em horas da tarde que são as mais quentes do dia e favorecem movimentos ascendentes na atmosfera. Nos próximos dias, com o aumento da umidade e das taxas de instabilidade, não se pode afastar chuva localizada no Estado, principalmente no Centro, Oeste e Sul gaúcho. Chuva muito irregular e isolada que não chega a afetar todos os pontos. 

A MetSul recorda que instabilidade que se forma em dias de excessivo calor sempre traz o risco de forte temporal de chuva, vento ou granizo, às vezes com estragos. As piores tempestades no verão ocorrem justamente em dias de calor muito intenso. São estas tormentas em dias de 40°C ou mais que oferecem um maior risco de fenômenos muito severos e com estragos como granizo grande, downbursts (microexplosões) e em alguns casos tornados. 

Grande parte do Rio Grande do Sul enfrenta um dezembro de chuva abaixo da média. Na Grande Porto Alegre, os acumulados de precipitação deste mês são muito baixos até este momento. Historicamente, grandes ondas de calor ocorrem durante períodos de estiagem. Os recordes históricos de calor do Estado, de 1917 e 1943, quando oficialmente se registrou 42,6°C em Jaguarão e Alegrete, se deram em períodos secos e de perdas na agricultura.

Fazer muito calor em dezembro, contudo, não foge ao normal. É comum termos algumas jornadas no mês muito quentes e às vezes com até 40ºC. Atípico seria não ter forte calor ou muitos dias de temperatura extremamente elevada. Foi o caso de dezembro de 2012, marcado por altíssimo número de dias de excessivo calor e que teve o Natal mais quente da história na Grande Porto Alegre. E será o caso de agora. 

A MetSul alerta que o calor em níveis excepcionais e absolutamente incomuns dos próximos dias trará vários riscos. Será necessário se hidratar muito e evitar atividades físicas nas horas mais quentes do dia. A alta temperatura pode trazer o que se chama de choque de calor que, em alguns casos, pode ser até fatal. Especial cuidado com idosos. Animais domésticos também merecem atenção sob calor extremo.

O calor pode gerar problemas na rede elétrica com cortes de energia e será preciso muito cuidado com aviários ante o risco de mortes de animais. Infra-estrutura como trens e aeroportos podem ter transtornos pela dilatação de trilhos (caso do Trensurb) e necessidade de resfriamento da pista com água em caso de aeródromos. 

O extremo calor afetará lavouras com enorme estresse para as plantas já enfrentando déficit hídrico e poderá gerar perdas, especialmente no milho que está em momento crítico da sua safra.

A persistência do tempo seco associada ao quadro de chuva abaixo da média nas últimas semanas eleva muito o risco de incêndio em vegetação. A temperatura bastante elevada com forte insolação trará um risco muito alto a extremo de incêndios. Por isso, a MetSul adverte que neste período muito quente deve se evitar o fogo como queima de lixo ou um simples gesto de não se jogar bituca de cigarro às margens de rodovias.