A MetSul Meteorologia reforça o alerta que no decorrer da terça-feira deve ingressar ar muito gelado no Rio Grande do Sul, acompanhando uma verdadeira bolha de ar extremamente frio que avançará da Argentina e Uruguai para o território brasileiro. Será um pulso de ar gelado muito forte, intenso, entretanto rápido. Associado a um potente centro de alta pressão de quase 1040 hPa.
A temperatura afunda na terça e madrugada de quarta, mas já da tarde pra noite de quarta começa a perder força o ar frio, apesar de a temperatura seguir muito baixa. Assim o período mais frio será a terça, quarta e o começo da quinta. Não haverá a caracterização de uma onda de frio com vários dias seguidos de mínimas e máximas baixas, logo será uma condição diferente da primeira semana de julho e do começo deste mês.
Se analisado o parâmetro de temperatura em 850 hPa (a 1500 metros de altitude) o ar estará mais frio na noite de terça pra quarta que no pico das ondas de frio de julho e do começo deste mês com marcas de -3°C a -5,5°C em 850 hPa no território gaúcho. Ocorre que já no final da quarta, a temperatura em 850 hPa (não em superfície) já estará entre 6°C e 12°C positivos no Estado, sinalizando que o ar frio muito potente será de muito curta duração.
Os momentos mais frios no Rio Grande do Sul, assim, devem ocorrer entre o fim da tarde de terça e a manhã de quarta. A noite de terça deve ser por demais fria e antes das 21h haverá temperatura negativa no Estado.
Ar polar com temperatura tão baixa como -4°C a -5°C em 850 hPa não é comum no Rio Grande do Sul e quando isso ocorre or gelado costuma entrar com vento moderado a forte. Por isso, com vento e a temperatura extremamente baixa que se prevê, esperamos sensação térmica baixíssima e possível geada negra em alguns pontos na noite de terça e madrugada de quarta, quando se espera a parte mais intensa da bolha de ar gelado.
O amanhecer mais frio será o da quarta-feira, quando a geada deve atingir maior número de municípios no Sul do Brasil. Interessante observar a projeção do modelo canadense que projeta nuvens e assim dificulta a geada na madrugada de quarta no Leste gaúcho.
A quinta-feira ainda deve ter geada em muitos locais, mas como o ar polar muito rapidamente começa a perder força em altitude da tarde pra noite de quarta, o fenômeno deve ser menos intenso e abrangente no começo da quinta.
Modelos se dividem quanto à possibilidade de neve, mas ar tão gelado assim, pelo contraste térmico com a massa de ar de temperatura bem mais alta na dianteira e a provável indução de uma área de menor pressão atmosférica a Leste do potente centro de alta pressão, deve estimular a formação de nuvens com chance de instabilidade. Por conseguinte, não será surpresa alguma precipitação de neve em áreas de maior altitude do Leste e do Nordeste gaúcho, porém, se ocorrer, não se desenha algo muito expressivo em termos de precipitação.
Mesmo chuva congelada em áreas de menor altitude ou proximas do nível do mar do Leste e do Nordeste do Rio Grande do Sul não se pode afastar neste evento de frio à medida que podem se formar algumas nuvens com maior desenvolvimento e sob um perfil seco da atmosfera há possibilidade de chuva congelada até com temperatura acima de 5°C em superfície.
O ar extremamente frio que ingressará no Cone Sul trará condições para a ocorrência de neve na província de Buenos Aires na terça-feira, especialmente no Centro-Sul da província. Não se pode descartar até acumulação em algumas cidades de baixa altitude. Na Sierra de la Ventana é maior a chance de acumulação. Outros pontos da província argentina podem ter “aguanieve” (chuva misturada à neve).
A atmosfera estará extremamente resfriada com valores de até -6°C a -7°C em 850 hPa (nível de 1500 metros de altitude) na região. Até no Uruguai, segundo alguns dados, existe a possibilidade de chuva misturada à neve ou chuva congelada ao longo da terça-feira.
Essa verdadeira bolha de ar extremamente deve derrubar a temperatura também nos demais estados do Sul, no Sudeste e até no Nordeste do Brasil.
Isso porque terá uma trajetória oceânica e deve afetar principalmente o Leste de Santa Catarina e do Paraná, áreas mais perto da costa de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, grande parte de Minas Gerais e até a Bahia. Espera-se algum resfriamento também no Centro-Oeste, sobretudo no Mato Grosso do Sul.