A MetSul Meteorologia alerta para condições de qualidade do ar ruins a muito ruis no Rio Grande do Sul que já são observadas neste sábado e devem prosseguir no começo da semana no estado, o que exige cuidados por grupos sensíveis que podem recorrer ao uso de máscara para se proteger.
Dados de qualidade do ar com base em modelagem numéricas e estimativas por satélite do final da tarde deste sábado no Rio Grande do Sul indicavam AIQ, valendo-se da escala da agência ambiental dos Estados Unidos (EPA) ruins a muito ruins em grande parte do território gaúcho, exceção do extremo Sul do estado (região do Chuí e de Santa Vitória do Palmar).
No fim da tarde, o AQI estava em 56 em Pelotas, 71 em Uruguaiana, 106 em Porto Alegre, 124 em Santa Maria, 140 em São Luiz Gonzaga, 152 em Santa Cruz do Sul, 154 em Cruz Alta, 155 em Caxias do Sul, 156 em Passo Fundo,
Conforme a tabela de AQI (Air Quality Index), da EPA, valores entre 0 e 50 (verde) são bons. Entre 51 e 100 (amarelo) são considerados moderados. Nesta faixa, a qualidade do ar é aceitável. No entanto, pode haver risco para algumas pessoas, particularmente aquelas que são excepcionalmente sensíveis à poluição do ar.
Já valores de AQI entre 101 e 150 (laranja) indicam má qualidade do ar e insalubre para grupos sensíveis. Neste nível, pessoas de grupos sensíveis podem sofrer efeitos na saúde. O público em geral tem menos probabilidade de ser afetado.
Por sua vez, marcas de AQI entre 151 e 200 (vermelho) são consideradas insalubres. Nesta faixa, algumas pessoas do público em geral podem sofrer efeitos na saúde e membros de grupos sensíveis podem sofrer efeitos mais sérios na saúde.
Índices de AQI entre 201 e 300 (púrpura) apontam para condições muito insalubres. Neste caso, o risco de efeitos na saúde pela poluição atmosférica é aumentado para toda a população e não apenas grupos sensíveis.
Em Porto Alegre, no final da tarde, a estimativa de concentração de MP 2.5 (material particulado) era de 37,7µg/m³. O valor era 7,5 vezes acima do que é recomendado pela Organização Meteorológica Mundial.
Grande quantidade de fumaça piora qualidade do ar
A qualidade do ar se deteriora muito no Rio Grande do Sul em consequência da grande quantidade de fumaça que ingressou no estado nas últimas horas, em particular em cidades do Centro para o Norte do território gaúcho.
A origem principal da fumaça está no Sul da região amazônica, sobretudo no Sul do estado do Amazonas, no chamado arco do desmatamento, assim como no Pará, Mato Grosso e na Bolívia, onde o número de queimadas tem sido bastante elevado durante esta primeira semana de setembro.
Neste sábado, um grande incêndio com muita fumaça irrompeu no Norte do Paraguai e se espera que a fumaça deste incêndios chegue ao Rio Grande do Sul no começo da semana.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, os satélites identificaram 4.585 focos de calor apenas ontem no Brasil. No mês, o Brasil somou até o dia 6 um total de 25.332 focos de calor. No mesmo período de seis dias, a Bolívia teve 9.400 focos de calor.
Somente ontem, a Amazônia anotou 2.536 focos de calor. A sexta-feira registrou 1.697 focos de calor no Pará. No estado do Mato Grosso, ontem os satélites identificaram 870 focos de calor. Os dois estados responderam por mais da metade das queimadas do Brasil na sexta-feira.
Devido às correntes de vento de Norte para Sul com ar quente pelo interior da América do Sul, um corredor de fumaça que acompanha uma corrente de jato em baixos níveis, um corredor de vento a cerca de 1.500 metros de altitude, que se origina no Sul da Amazônia e desce até o território gaúcho, traz a fumaça para o Sul do Brasil.
Hoje, a grande quantidade de fumaça que ingressou no estado transformou a paisagem com o céu acinzentado e o sol aparecendo com colorações em laranja e vermelho, efeito do número excessivo de material particulado em suspensão decorrente da queima de biomassa.
Corredores de fumaça de Norte para Sul na América do Sul ocorrem todos os anos, mas as imagens de satélite de hoje mostravam uma concentração de fumaça muito maior que o habitual e cobrindo uma área superior ao que se costuma observar com extensa área do Brasil e de países vizinhos com o céu coberto por fumaça.
Cuidados com a saúde
O Brasil possui baixíssima cobertura de estações de qualidade do ar, o que dificulta o monitoramento do ar que o brasileiro respira. Modelos numéricos e satélites auxiliam no monitoramento diário das condições atmosféricas.
A poluição do ar é a maior ameaça ambiental à saúde pública global e é responsável por mais de 8 milhões de mortes prematuras todos os anos. A poluição do ar e as mudanças climáticas estão intimamente ligadas, pois todos os principais poluentes têm impacto no clima e a maioria compartilha fontes comuns com gases de efeito estufa.
Sob condições insalubres de qualidade do ar, as autoridades recomendam usar lágrimas artificiais para aliviar a ardência e a secura nos olhos e uso de umidificador que ajuda a reduzir as partículas no ar, tornando o ambiente mais úmido. Se não tiver um, aconselha-se usar bacias com água e toalhas molhadas como alternativas eficazes.
Recomendam ainda usar máscara sempre que sair de casa. Dizem ainda para manter portas e janelas fechadas, incluindo as do carro, para evitar que a fumaça entre. Não aconselham ainda praticar atividades físicas ao ar livre e sim em locais fechados e bem ventilados.
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