Volumes excessivos a extremos de chuva devem ser esperados na segunda metade desta semana em parte do Sul do Brasil, alerta a MetSul Meteorologia. Os acumulados muito altos de chuva devem levar a inundações, cheias de rios e enchentes. O quadro pode ser considerado de altíssimo risco e perigoso, considerando os volumes extremos e onde devem se dar, sobre algumas das principais bacias hidrológicas.
Uma massa de ar excepcionalmente quente segue atuando por uma bolhar de calor sobre o Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil com marcas históricas de temperatura e sem precedentes em algumas cidades. Esta bolha de ar superaquecido tem direta relação com o evento de chuva extrema que se antecipa.
Isso porque a bolha bloqueia a instabilidade e chove muito na periferia da massa de ar superaquecida, ou seja, sobre os estados do Sul do Brasil. Este quadro leva a vários dias seguidos com registro de precipitação, o que acaba por resultar em acumulados de chuva excessivamente altos.
Não bastasse, e no que é mais preocupante, a chuva excessiva que se antecipa para esta segunda metade da semana se soma aos volumes já muito altos ocorridos nos últimos dias. Nos últimos cinco dias, por exemplo, choveu mais de 100 mm em várias cidades da Metade Norte gaúcha com registros, por exemplo, de 127 mm em Serafina Corrêa e de 117 mm em Caxias do Sul.
As condições são de alto risco de chuva forte a intensa entre a Metade Norte gaúcha e Santa Catarina nos dias de hoje, amanhã, sexta e sábado. No decorrer do fim de semana, em especial no domingo, a tendência é que a instabilidade migre para Norte e o tempo melhore nos estados gaúcho e catarinense.
Uma área de baixa pressão profunda seguida de uma frente fria vai intensificar bastante a instabilidade no Sul do Brasil entre sexta e o sábado, elevando o potencial de chuva localmente forte a torrencial com possibilidade de muito altos volumes de precipitação em curto período.
A MetSul Meteorologia adverte ainda que a mesma instabilidade forte a intensa que vai trazer muita chuva entre a Metade Norte do Rio Grande do Sul e o Paraná durante esta segunda metade da semana poderá provocar ainda temporais isolados de vento e queda de granizo, alguns potencialmente fortes a severos com danos, mas sempre em pontos localizados.
O que os modelos projetam de chuva
Os modelos numéricos são unânimes em indicar volumes excessivamente altos de chuva para esta segunda metade da semana no Sul do Brasil. Preocupa muito os que é indicado para a Metade Norte do Rio Grande do Sul, onde os acumulados devem ser extremos em alguns pontos com marcas de 200 mm a 300 mm em algumas cidades apenas entre hoje e o final da sexta-feira.
As projeções dos modelos estão muito parecidas na distribuição especial da chuva com os mais altos acumulados até o final de semana concentrados na Metade Norte do Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. As variações são apenas de volumes de uma localidade para outra, mas sempre muito elevados. Os mapas abaixo mostram as projeções de chuva para cinco dias dos modelos alemão Icon, do canadense CMC e do Centro Meteorológico Europeu.
O indicativo dos modelos, como se vê, é de volumes de 100 mm a 200 mm em quase toda a Metade Norte gaúcha e parte de Santa Catarina, mas com pontos em que os acumulados de chuva devem podem atingir marcas tão altas quanto 200 mm a 300 mm, ou seja, quase dois meses de chuva em apenas cinco dias.
A Metade Sul gaúcha escaparia deste episódio de chuva excessiva com acumulados de precipitação muito menores, mas já choveu bastante com marcas de 100 mm a 150 mm no Sul gaúcho entre o final da última semana e o começo desta.
Alerta de enchentes
Com o que já choveu e ainda se prevê de precipitação para esta semana, a MetSul alerta para impactos significativos para a população e, alguns municípios, graves. Cidades voltarão a ter inundações e enchentes, repetindo as cenas das últimas semanas e meses no Sul do Brasil.
O que preocupa muito, em especial no Rio Grande do Sul, é que os volumes excessivos a extremos de chuva devem se dar sobre as nascentes dos principais rios da Metade Norte gaúcha. Isso nos leva a alertar para um elevado risco de cheias em rios que cortam os vales como o Taquari-Antas e o Caí. O Sinos também pode ter cheia. Já o Gravataí tem menor risco. Deve chover muito ainda nas nascentes do Jacuí e, principalmente, no começo da bacia do Rio Uruguai.
Chuva com acumulados tão extremos como se prevê traz ainda riscos geológicos. Será muito alto o risco de deslizamentos de terra em áreas de encostas de morros. Devem ocorrer ainda quedas de barreiras que podem gerar bloqueios parciais ou totais de rodovias estaduais e federais.
Algumas estradas, particularmente municipais e rurais, devem se tornar intransitáveis com prováveis trechos e pontilhões cobertos pela água. Com a perspectiva de forte correnteza, trechos alagados devem se terminantemente evitados por motoristas sob perigo de acidentes fatais.
Como consultar os mapas
Todos os mapas de chuva neste boletim podem ser consultados pelo nosso assinante (assine aqui) na nossa seção de mapas. A plataforma oferece ainda mapas de chuva, geada, temperatura, risco de granizo, vento, umidade, pressão atmosférica, neve, umidade no solo e risco de incêndio e raios, dentre outras variáveis, com atualizações duas a quatro vezes ao dia, de acordo com cada simulação. Na seção de mapas, é possível consultar ainda o nosso modelo WRF de altíssima resolução da MetSul.
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