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O Sul do Brasil amargou na última safra de verão, de 2019/2020, uma grave estiagem e que trouxe prejuízos bilionários, derrubando o Produto Interno Bruto do Rio Grande do Sul (PIB). Mais de 400 municípios gaúchos decretaram situação de emergência pela estiagem muito forte, uma das mais intensas deste século, ao lado de 2004, 2005 e 2012. Na região de Pelotas, onde estação meteorológica tem medições por 130 anos, jamais se observou um trimestre de verão tão seco.

Anderson Alves/Arquivo MetSul

No segundo semestre de 2019, a MetSul Meteorologia alertava para a probabilidade de uma estiagem no verão de 2020 e advertia que poderia ser a mais forte desde a de 2012 com perda de produtividade, diminuição drástica de níveis de rios e mananciais, e ainda escassez de água para consumos humano e animal. Com a instalação de um episódio do fenômeno La Niña, a MetSul vem advertindo por meses para a probabilidade de nova estiagem no Sul do Brasil. Hoje, não nos parece mais que a questão seja perguntar se vai ou não ocorrer estiagem. Haverá. A grande questão é antecipar a sua duração, quais áreas podem ser mais atingidas e sua intensidade.

O fenômeno La Niña atua deste o mês de agosto no Oceano Pacífico Equatorial e deve seguir impactando o clima do Sul do Brasil durante os próximos meses. Hoje, o evento de La Niña tem intensidade moderada, mas a expectativa da MetSul é que entre dezembro e janeiro possa atingir forte intensidade. A intensidade do fenômeno não dita a força dos seus impactos, mas aumenta a probabilidade de suas conseqüências. Por isso, diante do cenário que já se observa hoje, a perspectiva ainda de La Niña e mais forte e nos próximos meses, e ainda as projeções de precipitação dos modelos para os próximos meses, consideramos que haverá estiagem.

As tendências indicadas por modelos de clima, a propósito, são muito preocupantes. Isso porque quase todos os modelos de clima internacionais apontam para o período da safra de verão 2020/2021 uma perspectiva de chuva abaixo a muito abaixo da média, em particular no Rio Grande do Sul. Na Metade Norte, habitualmente, tende a chover mais no verão pela sua latitude e maior proximidade do canal de umidade do Sudeste e do Centro-Oeste do país, mas no Sul e no Oeste a climatologia aponta menos precipitação nos meses de verão. Veja na sequência a projeção de chuva para o trimestre de dezembro a fevereiro de alguns dos principais modelos climáticos internacionais de clima.

Modelo do serviço meteorológico da Alemanha

Modelo do Centro Meteorológico Europeu

Modelo do serviço meteorológico da França

 

Modelo CFS da NOAA dos Estados Unidos

Modelo NEMO do serviço meteorológico europeu

Modelo da agência espacial norte-americana NASA

Média de modelos americanos e canadenses (NMME)

Sob este cenário, a MetSul Meteorologia adverte que o Sul do Brasil passará por mais uma estiagem e que pode ser não apenas longa como forte a severa em muitas áreas, até pior em algumas regiões que a ocorrida em 2019/2020 porque não houve recomposição hídrica suficiente dos meses mais chuvosos de 2020 do outono e do inverno. Com isso, mais uma vez o cenário que se esboça é de perda de produtividade, inclusive com quebra de safra em diferentes localidades, escassez de água para consumos humano e animal com racionamento em alguns municípios, baixa acentuada de níveis de rios e outros mananciais como barragens e açudes, além de um risco muito aumentado de fogo em vegetação.