Calor será excepcional neste fim de semana em várias regiões do Rio Grande do Sul e Porto Alegre e sua área metropolitana podem ter marcas históricas | Fernando Oliveira

A MetSul Meteorologia alerta para calor excepcional no Rio Grande do Sul hoje e nos próximos dias com a intensificação de uma massa de ar extremamente quente e persistente sobre o estado que nesta quinta-feira trouxe o nono dia seguido no território gaúcho com máximas acima dos 40ºC. A onda de calor que já derrubou recordes e estabeleceu marcas históricas entrará no seu período de maior intensidade com novas marcas muito raras ou mesmo inéditas em diversos municípios gaúchos.

Conforme a MetSul, o recorde oficial de maior temperatura já registrada no Rio Grande do Sul pode ser ameaçado. A marca é de 42,6ºC e foi observada em Alegrete em 19/1/1917 e em Jaguarão em 1º de janeiro de 1943. Estações meteorológicas particulares no interior gaúcho, em particular no Noroeste, têm há dias indicado máximas tão altas quanto 43ºC a 44ºC, entretanto somente temperatura observada oficialmente em equipamentos do Instituto Nacional de Meteorologia são computadas para fins de recorde na climatologia histórica.

Balanço da MetSul aponta que várias estações já atingiram recordes e marcas históricas nesta onda de calor. Porto Alegre, que possui dados desde 1910, anotou no último domingo (16) uma máxima de 40,3ºC. Foi a quarta maior máxima oficial na cidade em 112 anos de observações e apenas a terceira vez no último meio século, desde que os registros passaram a ser feitos no Jardim Botânico, em que a capital gaúcha anotou máxima acima de 40ºC. O recorde é de 40,7ºC de 1º de janeiro de 1943 e que por pouco não foi igualado em 6 de fevereiro de 2014 com 40,6ºC.

Bagé registrou no dia 13 temperatura máxima de 41,7°C, recorde absoluto desde a abertura da estação convencional em janeiro de 1912. São Luiz Gonzaga no dia 19 anotou 41,5ºC, a segunda maior máxima desde o começo dos registros em 1913. Nesta quinta (20), Uruguaiana bateu em 42,1ºC, segunda maior máxima desde o começo das medições em 1912, marca só superada pelos 42,2ºC de 1986 e que bateu os 42,0ºC da grande histórica onda de calor de janeiro de 1943. Foi o primeiro registro de 42ºC e a maior máxima na rede do Inmet desde 1986. Teutônia, Santiago, Rio Pardo e Quaraí, dentre outras cidades com histórico de apenas 20 anos em suas estações automáticas, anotaram as maiores máximas desde o começo das medições.

Previsão de máximas perto ou acima de 40ºC generalizadas

As máximas previstas para esta sexta-feira e o fim de semana vão ficar cerca de 10ºC ou mais acima das médias máximas históricas do mês de janeiro. “Trata-se de um desvio incomum e que somente se observa nesta época do ano em ondas de calor que marcam história e entram para a estatística como as mais intensas”, observa a meteorologista Estael Sias. “A temperatura em algumas cidades deve atingir valores que as pessoas jamais experimentaram em suas vidas pela excepcionalidade do calor previsto que trará máximas sem precedentes em várias décadas e talvez até um século”, resume a especialista da MetSul.

“Em algumas cidades o máximo do calor ocorrerá no sábado e em outras na tarde do domingo, prevê a meteorologista Estael Sias. “Grande parte do Rio Grande do Sul, e mesmo alguns locais de fundo de vale da Serra, terão temperatura ao redor ou acima de 40ºC neste fim de semana.

Até cidades que costumam ser um refúgio nestes dias de calor extremo como São Francisco de Paula ou Cambará do Sul terão calor muito intenso”, afirma. “Até o litoral que pelo efeito termorregulador do oceano e da brisa marítima costuma ser menos quente terá dias de muito calor e noites quentes”, diz.

A previsão do tempo da MetSul para o Oeste gaúcho é de máximas de 41ºC a 43ºC. Já para o Noroeste, marcas excepcionais de 42ºC a 44ºC, não se afastando até 45ºC em alguns pontos. Na Campanha, 37ºC a 39ºC. No Sul, 35ºC a 38ºC. O Centro do Estado tende a registrar 38ºC a 41ºC. Na região dos vales, máximas de 40ºC a 43ºC. No Planalto Médio, os termômetros podem marcas 37ºC a 39ºC.

O Alto Jacuí chegará a valores de 39ºC a 41ºC. Na Serra, máximas acima de 35ºC em Gramado e Caxias do Sul com valores ao redor de 39ºC ou 40ºC em vales. Nos Campos de Cima da Serra, 32ºC a 34ºC. E. no Litoral Norte, máximas à sombra de 35ºC a 38ºC.

Em Porto Alegre, as máximas devem ficar ao redor de 39ºC nesta sexta, 40ºC no sábado, 39ºC a 41ºC no domingo e entre 37ºC e 39ºC na segunda-feira. Existe, assim, a possibilidade de a máxima oficial de Porto Alegre novamente alcançar 40ºC, o que seria apenas a quarta vez desde a década de 70 e o segundo registro neste mês.

Na região metropolitana, máximas ainda mais altas com registros no Vale do Sinos de 40ºC nesta sexta, 41ºC no sábado, 40ºC a 42ºC no domingo, e novamente em torno de 40ºC na segunda.

Não se pode afastar que a máxima fique perto ou encoste no recorde mensal de máxima para janeiro na cidade de Campo Bom, de 41,6ºC, em 10 de janeiro de 2006. O recorde absoluto, desde o começo das medições em 1984, de 41,9ºC em 16 de novembro de 1985, é mais difícil de ser alcançado.

Até quando vai o calor extremo?

“Não acaba tão cedo”, diz a meteorologista Estael Sias. O calor deve até ceder em quase todo o Rio Grande do Sul no começo da próxima semana com mais nuvens e instabilidade, contudo ao menos até terça ou quarta o calor seguirá intenso na maioria das cidades gaúchas. Os dados apontam a possibilidade de na quarta uma frente fria avançar pelo território gaúcho com chuva e temporais, rompendo com o bloqueio atmosférico da onda de calor e trazendo o tão esperado alívio.

Risco de temporais

A MeSul alerta ainda para o alto risco de temporais isolados de fortes a severa intensidade neste período de calor excepcional até o começo da semana que vem. São ocorrências muito pontuais, localizadas, mas que podem trazer estragos e transtornos por chuva excessiva em curto período, fortes a intensos vendavais e queda de granizo.

“Com uma massa de ar excepcionalmente quente, o calor extremo acaba injetando uma quantidade de energia na atmosfera que é enorme e a forma que o sistema atmosférico libera tal energia é por tempestades”, observa Estael. “O calor excessivo aumenta não apenas aumenta a probabilidade de tempestades isoladas ocorrerem como agrava o risco de que sejam muito fortes ou severas”, adverte.