Os mais recentes dados do boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, indicam uma possível transição para um evento de La Niña do Oceano Pacífico Equatorial. A anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Central Equatorial, a região Niño 3.4, está pela segunda semana seguida em -0,6ºC (entre -0,5ºC e +0,5ºC é neutralidade). Já o Pacífico Equatorial Leste (região Niño1+2), que tem um importante impacto na chuva do Sul do Brasil, está com anomalia de -0,7ºC contra -0,1ºC da última semana.

Se as anomalias hoje do Pacífico Central, usadas para classificar a existência ou não de um evento Niña ou Niño, estão no patamar inferior de La Niña, isso não significa que um episódio do fenômeno esteja em andamento. Isso porque são necessários alguns meses de temperatura média em patamar de Niña para que seja declarado um evento de La Niña. O resfriamento das águas do Pacífico abaixo da superfície sugere tal possibilidade. Cresceu a região com águas subsuperficiais com temperatura abaixo da média e essas águas vão alcançar a superfície, sugerindo um resfriamento continuado. Por isso, a NOAA emitiu um “La Niña Watch” ou aviso da possibilidade de La Niña.

O conjunto dos modelos climáticos continua a indicar a manutenção da neutralidade no curtíssimo prazo, mas cada vez mais apontam para um cenário de La Niña entre o final deste ano e o começo de 2018. Alguns modelos, inclusive, chegam a indicar a chance de um evento de La Niña moderado a forte, apesar de a maioria sinalizar fraco a moderado. La Niña, historicamente, aumenta a probabilidade de chuva irregular e risco de estiagem durante a safra de verão no Sul do Brasil, mas enfatizamos que essa correlação não pode ser vista como linear. Tal como já houve verões de El Niño secos já ocorreram verões de La Niña chuvosos.