O Guaíba enfrenta a terceira maior cheia em 150 anos na história de Porto Alegre e as imagens das inundações no Delta do Jacuí e na capital gaúcha impressionam com uma enchente sem precedentes nos últimos 82 anos. Do espaço, a partir de imagens em alta resolução, o cenário não é menos impactante.
A imagem de satélite em alta resolução foi captada pelo satélite Sentinel-2 do Sistema Copernicus da União Europeia e obtida a pedido da MetSul Meteorologia para a plataforma europeia ADAM. É o retrato em melhor resolução da enchente histórica no Delta do Jacuí que é a maior desde abril e maio de 1941.
Na imagem de satélite, impressiona como as ilhas de Porto Alegre (Pintada, Pavão, Flores e Ilha Grande dos Marinheiros) estão tomadas pelas águas e praticamente se confundem com o Guaíba e o Delta do Jacuí.
Chama atenção na imagem ainda a grande quantidade de áreas cobertas por água junto à BR-448 no município de Canoas, que sofre uma das piores cheias de sua história com inundações pelos rios Gravataí e Sinos.
Outro ponto que se destaca nas imagem de satélite é uma enorme área alagada na ponta final da bacia do Rio Caí, nas imediações de Nova Santa Rita, a Oeste do município de Canoas, em trechos próximos da BR-386 (Tabaí-Canoas).
Todos os rios que desembocam no Guaíba apresentam cheia e dois deles (Taquari e Caí) registraram cheias de grandes proporções e históricas com algumas das maiores cotas já observadas nas duas bacias. Gravataí e Sinos, embora relevantes, têm contribuições menores para as cheias na área de Porto Alegre.
O Rio Taquari atingiu na manhã de domingo (19) no Porto de Estrela 28,94 metros. Trata-se da quarta maior cota em 150 anos de observações e a terceira maior nos últimos cem anos. Somente é superada no último século pelos 29,98 metros de 1941 e os 29,62 metros da enchente de setembro deste ano no vale. Duas das três maiores cheias em um século do Taquari, assim, ocorreram com intervalo de apenas três meses (setembro e novembro de 2023).
Já o Rio Caí alcançou no domingo (19) 9,01 metros em Montenegro, segunda maior cota desde 1940, conforme dados do Serviço Geológico Brasileiro (CPRM). Cota só é superada pela marca de 9,20 metros da enchente de 1941. Em São Sebastião do Caí, o rio atingiu a marca de 16 metros, a maior desde que a prefeitura local tem registros. Duas das três maiores enchentes no Vale do Caí desde 1940, portanto, se deram neste ano (junho e novembro).
O Guaíba atingiu hoje (21) entre 8h e 9h da manhã a maior cota desde a enchente de 1941 com 3,46 metros. Com isso, a cheia de novembro de 2023 se torna a terceira maior da história da capital, nos últimos 150 anos, só atrás das cotas de 4,76 metros de 1941 e 3,50 metros de 1873.
O Guaíba começou a baixar hoje à tarde e seguirá baixando nesta quarta, mas preocupa vento Sul no Norte da Lagoa dos Patos na segunda metade do dia e até sexta que pode gerar represamento com nova alta ou redução do ritmo de baixa.
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