Uma formação impressionante com altíssima frequência de raios e ocorrência de granizo de médio a grande tamanho atingiu áreas do setor do Sul da área metropolitana de Porto Alegre no começo da noite de quinta-feira, chamando a atenção da população que via assombrada uma incrível quantidade de descargas no céu.
JEAN CARLOS
“Parecia mais um vulcão em erupção”, comentou o nosso leitor Jean Carlos que observou a nuvem gigante de tempestade isolada se deslocar pelo Sul da capital gaúcha, vinda da Lagoa dos Patos, em direção ao município vizinho de Viamão.
Embora, obviamente, não tenha se tratado de uma erupção vulcânica, de fato a nuvem vertical com enorme incidência de raios lembrava as colunas de cinzas e rochas de grandes erupções que costumam provoca muitas descargas atmosféricas.
A formação que causou a grande tempestade de raios foi de caráter isolado, mas pela grande altura da nuvem as descargas podiam ser observadas de todas as cidades da área metropolitana e até de locais muito distantes.
A MetSul Meteorologia recebeu relatos de avistamento da grande nuvem de tempestade com muitos raios no Norte da Lagoa dos Patos, Sul de Porto Alegre e Viamão de cidades do Vale do Taquari e tão distantes como Vacaria, no Norte do estado, quase na divisa com Santa Catarina.
Estas nuvens de grande desenvolvimento vertical que se formam em dias com forte calor com abundante umidade, como era o caso da tempestade da noite de quinta-feira, são capazes de gerar um grande número de raios.
Por isso, estas ocorrência de nuvens localizadas com alta incidência de descargas são comuns no verão enquanto no inverno eventos de muitos raios costumam acompanhar sistemas organizados de grande escala de instabilidade como frentes frias, frentes quentes e centros de baixa pressão.
Tratou-se de uma célula de tempestade e que se tivesse avançado sobre a área mais densamente povoada de Porto Alegre e da região metropolitana teria provocado um saldo de muitos estragos. A célula, entretanto, atingiu apenas o extremo Sul da capital e avançou entre parte de Viamão e Gravataí com a sua maior energia na área de Itapuã.
Formação vista de Novo Hamburgo | DANIEL FLECK
As imagens do radar meteorológico de Porto Alegre mostraram a célula de tempestade se deslocando pela Lagoa dos Patos de Sul para Norte até a região de Barra do Ribeiro e depois no sentido Nordeste em direção à área de Itapuã e de Viamão ao redor das 19h e 20h da quinta-feira, 2 de janeiro.
METEOPRESS
De acordo com o levantamento da MetSul Meteorologia, a partir de dados do sensor GLM (Global Lightning Mapper) do satélite GOES-16 da NOAA/NASA, a área da Lagoa dos Patos, no Leste do estado, foi a região com maior incidência de descargas. O sensor captou 9.056 raios sobre a lagoa.
Já o ranking dos municípios que tiveram o maior número de raios apontou Viamão (1.210), Palmares do Sul (1.192), Mostardas (1.165), Camaquã (762), Arambaré (661), Tapes (464), Barra do Ribeiro (421), Santo Antônio da Patrulha (363), Gravataí (348) e Glorinha (309).
Foi a célula de tempestade no Norte da Lagoa dos Patos que causou granizo de médio a grande tamanho no começo da noite de quinta-feira na área de Itapuã, entre o extremo Sul da cidade de Porto Alegre e Viamão, causando danos em centenas de moradias.
DOUGLAS ALVES SANHUDO
CAMILA CUNHA/CORREIO DO POVO
A região de Itapuã foi a mais fortemente atingida com estragos em centenas de casas. Além da localidade, também foram afetados pelo granizo em Viamão bairros como Capão da Porteira, Águas Claras e Morro Grande.
Em Itapuã, o ponto mais castigado foi o Horto das Oliveiras, que fica nas proximidades da Colônia de Itapuã. De acordo com o subprefeito da região, Luis Augusto Carvalho, o levantamento realizado pelas equipes da Defesa Civil Municipal indicou a distribuição de lonas para mais de 280 famílias. Após o levantamento, as equipes seguiram distribuindo lonas para dezenas de outras casas e o número de famílias auxiliadas passou de 300.
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