O Chile mergulhou na sua maior crise política e de revolta social desde o fim do período ditatorial, mas por uma década enfrenta uma outra grande crise que o presidente do país Sebastián Piñera chegou a definir como um “terremoto silencioso”. Uma seca que dura já onze anos, a ponto de ser qualificada de megaseca, que afeta a região principalmente a região de Santiago e outras áreas da parte central do território chileno, onde vive 80% da população do Chile.
O ministro da agricultura chileno definiu o quadro como a “pior seca da história”. As áreas com características desérticas avançaram do Norte para o Sul em direção à capital Santiago. A laguna Aculeo, por décadas uma das principais áreas de recreação para os moradores de Santiago secou.
A seca extrema se agravou neste ano. Até agora em 2019, Santiago e Valparaíso tiveram menos de 100 mm de chuva, ou 25% do que é normal na climatologia anual. Cerca de 34 mil animais morreram tanto por sede como por desnutrição.
Muitas comunidades estão sendo abastecidas por meses por caminhões-pipa. Com as plantas secas, a apicultura também foi muito prejudicada. Há estimativa de queda até da produção de cobre, uma das principais receitas do país.
A acadêmica chilena Bárbara Fuente publicou em seu Instagram uma impressionante comparação. As fotos do seu filho em 22 de setembro de 2013 e 22 de setembro de 2019 na área de Chicureo, na região metropolitana de Santiago. Antes uma zona verde, hoje a paisagem é quase desértica.
O Chile enfrentou secas severas em 1924, 1968, 1988 e 1998, entretanto os períodos secos não foram tão prolongados como o atual, o que reforça a preocupação de especialistas quanto ao futuro hídrico no país.