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Ruas às escuras pelo racionamento programado de eletricidade devido à manutenção do sistema de transmissão e das redes de distribuição, em Quito, sob uma seca histórica no Equador | GALO PAGUAY/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Se São Paulo enfrenta apagão por uma tempestade severa, uma capital da América do Sul enfrenta escuridão pela seca. O Equador sofre os efeitos da chuva escassa que traz impactos no setor elétrico e em várias áreas da atividade econômica.

O governo do Equador, liderado pelo presidente Daniel Noboa, anunciou no fim de setembro a implementação de cortes de energia de oito horas, de segunda a quinta-feira, entre 22h e 6h, horário local.

Inicialmente planejados como uma medida de curto prazo, esses apagões foram estendidos, refletindo os desafios contínuos para estabilizar o fornecimento de energia em meio ao agravamento das condições de seca.

A crise energética no Equador, que começou no ano passado, tem pressionado uma economia já frágil e gerado preocupações sobre a estabilidade política. O Equador depende fortemente de geração hidrelétrica, que responde por mais de 70% da sua produção de energia.

Com a pior seca em 61 anos reduzindo os níveis de água, o país enfrenta crescentes desafios para manter um fornecimento de eletricidade estável, deixando os cidadãos inseguros sobre como suas vidas diárias serão afetadas.

O governo apontou a manutenção inadequada das barragens existentes e os atrasos na obtenção de contratos para a geração de novas fontes de energia como fatores contribuintes.

O impacto na vida diária tem sido significativo, com os cidadãos enfrentando dificuldades para planejar suas rotinas em meio à falta de energia, o que também afeta a governança do país.

Os apagões causaram interrupções na gestão do tráfego, com semáforos inoperantes complicando o transporte, enquanto a internet instável prejudicou a comunicação e as operações comerciais. Os cidadãos foram incentivados a economizar energia, limitando o uso de eletricidade em atividades domésticas, como a lavagem de roupas.

O setor agrícola também foi fortemente afetado, especialmente pecuaristas e produtores de leite. Segundo Rodrigo Gomez de la Torre, um produtor de leite de Pintag, perto de Quito, a produção de leite caiu de 20% a 40% em diferentes regiões, dependendo da capacidade de cada produtor de se preparar para a seca.

Apesar dos consideráveis recursos energéticos do Equador, incluindo potencial solar, rios de corrente rápida e grandes reservas de petróleo, o país sofre com o crônico subinvestimento e decisões políticas inadequadas, de acordo com Stephan Kueffner, da Bloomberg.

Recentemente, o presidente Noboa nomeou seu quarto ministro de energia desde que assumiu o cargo em novembro, atribuindo-lhe a tarefa de reduzir a dependência do Equador das chuvas, diversificando as fontes de energia renováveis.

Noboa também solicitou um aumento de dez vezes no limite de investimento privado no setor elétrico e eliminou as tarifas sobre geradores importados. Atualmente, apenas cerca de 30% das residências possuem geradores para manter a energia durante os apagões.

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