Uma tempestade solar severa (G4) provocada por uma intensa explosão do sol chegou perto do nível extremo (G5) e provocou uma incrível e impressionante aparição de auroras em várias partes do mundo com o fenômeno sendo observado até em latitudes mais altas como do Mar Mediterrâneo e o Caribe.
De acordo com dados do Centro de Previsão do Tempo Espacial da NOAA, o SWPC, a tempestade solar trouxe índices Kp perto de 9, ou seja, no limite das categorias severa e extrema, o que é muito pouco comum de ocorrer e acabou por desencadear o grande espetáculo de cores no céu ao redor do planeta.
A tempestade solar foi consequência de uma explosão solar do tipo X1.8 ocorrida na mancha solar AR3848 na terça-feira. O local da explosão no disco solar estava voltado para a Terra, o que fez com que a ejeção de massa coronal avançasse diretamente para o nosso planeta.
Cientistas do SWPC da NOAA disseram que uma nuvem de material solar carregado, chamada de ejeção de massa coronal, atingiu a Terra durante a quinta, desencadeando uma tempestade geomagnética “severa”.
O centro de previsão de tempo espacial norte-americano chegou a alertar que poderia haver impactos nas redes elétricas e sistemas de comunicação de GPS e rádio, bem como levar as exibições de auroras para regiões que normalmente não as enxergam.
A ejeção de massa coronal, ou EMC, do sol atingiu a Terra às 12h17 (hora de Brasília) da quinta-feira e desencadeou a severa tempestade geomagnética de classe G4 às 13h57, disseram autoridades do SWPC.
A tempestade solar acabou por provocar um impressionante show de luzes pelas auroras tanto no Hemisfério Sul como no Norte com avistamentos das auroras boreal e austral em todos os continentes.
A tempestade solar foi tão forte e geoefetiva que auroras puderam ser observadas em locais em que o avistamento do fenômeno é extremamente raro como em países da costa do Mediterrâneo, na Europa, no estado norte-americano da Flórida e mesmo em países caribenhos como Cuba e Haiti.
Um turista a bordo de um navio de cruzeiro na costa de Cuba publicou imagens em suas redes sociais do céu com as auroras verdes sobre o Oceano Atlântico em pleno Caribe, o que é incrivelmente raro de acontecer.
Grandes cidades da América do Norte, nos Estados Unidos e no Canadá, puderam ver o céu colorido pela presença das auroras. O fenômeno foi percebido na capital norte-americana Washington e na cidade de Nova York. No Canadá, o show das Luzes do Norte encantou em cidades como Toronto.
ESPAÇO | Céu rosa em Manhattan, cidade de Nova York, com a aurora boreal. Absolutamente espetacular! Alguém recorda do filme de ficção do bombeiro de Nova York que conseguiu falar por radioamador com o pai já morto durante uma tempestade solar? https://t.co/QH14F2ve11
— MetSul.com (@metsul) October 11, 2024
Houve avistamentos de auroras em vários países asiáticos, na África do Sul, no Sul da América do Sul, na América do Norte e também no Caribe. Quase toda a Europa viu as luzes no céu durante a tempestade solar a ponto de o céu ter ficado colorido até em cidades de Portugal e da Espanha. No Norte dos Estados Unidos e no Canadá, em especial, o espetáculo das auroras foi incrível e quem viu disse jamais ter observado algo igual.
ESPAÇO | Cinema! Céu de Massachusetts (EUA) nesta noite com a tempestade solar. https://t.co/Vv10g6V2fR
— MetSul.com (@metsul) October 11, 2024
OMG it lit up the whole sky! pic.twitter.com/juaFsu4Y28
— Devin Arthur (@Lexcyn) October 11, 2024
Na América do Sul, as auroras foram observadas na Patagônia da Argentina, nas Ilhas Malvinas e na região de Punta Arenas, no Chile. Na Argentina, imagens nas redes sociais mostraram o céu colorido pela aurora austral na província de Rio Negro.
AGORA | Aurora austral sendo observada na província de Rio Negro, na Argentina. Provável que o fenômeno possa ser visto em toda a Patagônia e talvez até na região de Buenos Aires. 📷 via @Tiempo_AMBA pic.twitter.com/OV0tL8xLBq
— MetSul.com (@metsul) October 11, 2024
Na tempestade solar de 10 de maio, as auroras austrais foram fotografadas de forma inédita na província de Buenos Aires e no departamento uruguaio de Rocha, a poucos quilômetros da fronteira com o Chuí (Brasil). Tanto em 10 de maio como ontem à noite o céu estava encoberto por nuvens no Rio Grande do Sul.
Veja as incríveis fotos das auroras na última noite
Foi um espetáculo memorável de auroras austral e boreal nos dois hemisférios do planeta na última noite com os céu colorido pelo fenômeno em muitos países e em locais pouco acostumados a ver o fenômeno.

Jovem tira fotos da aurora austral, também conhecida como Luzes do Sul sobre as águas do Lago Ellesmere, nos arredores de Christchurch, na Nova Zelândia | SANKA VIDANAGAMA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Espetáculo insano de auroras boreais entre a Holanda e a Bélgica | ANP MAG/ANP/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Aurora boreal sobre o Lago Haraldsted, perto de Ringsted, na Dinamarca | MADS CLAUS RASMUSSEN/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Aurora Austral brilha nos céus australianos perto de Fish Creek, ao Sul de Melbourne, na madrugada de 11 de outubro | PAUL CROCK/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O céu noturno em Wisconsin brilha com a aurora boreal enquanto uma tempestade geomagnética traz cores vibrantes nos estados do Norte dos Estados Unidos | ROSS HARRIED/NURPHOTO/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O céu noturno em Wisconsin brilha com a aurora boreal enquanto uma tempestade geomagnética traz cores vibrantes nos estados do Norte dos Estados Unidos | ROSS HARRIED/NURPHOTO/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O céu noturno em Wisconsin brilha com a aurora boreal enquanto uma tempestade geomagnética traz cores vibrantes nos estados do Norte dos Estados Unidos | ROSS HARRIED/NURPHOTO/AFP/METSUL METEOROLOGIA
Episódio de auroras boreais e austrais tão generalizados e espetaculares como o das últimas horas foram raros nas últimas décadas no planeta e costumam ocorrer somente durante os picos de atividade solar que se dão a cada dez ou onze anos.
As tempestades solares e seus impactos
A esmagadora maioria das explosões solares não tem qualquer efeito em nossas vidas. As tempestades solares, diferentemente das tempestades de tempo terrestre que trazem vento, chuva, granizo e raios, costumam ser mais percebidas nas regiões polares com efeitos nos sinais de rádio utilizado por radioamadores, navios e aviões, sem mencionar as auroras austral (Sul) e boreal (Norte).
O que às vezes uma tempestade geomagnética mais forte pode alterar em nossas vidas de forma mais comum é impacto no sinal de televisão. Quando há tempestade geomagnética de maior potência, é comum haver interferência nos sinais de televisão que são transmitidos por satélite. Por isso, muitas vezes no passado quem tem televisão por assinatura já viu um aviso na tela de oscilação de sinal em razão de atividade solar.
Os casos mais extremos, e raros, podem ter um impacto maior na vida das pessoas, além de perigo para astronautas no espaço pela exposição à radiação solar. Quando se produz uma explosão do tipo X muito poderosa é alto o risco de que haja efeitos sobre o sistema elétrico na Terra.
O risco de impacto em nosso planeta aumenta se a explosão solar se der numa mancha na superfície solar que estiver voltada ou quase voltada no ângulo do nosso planeta, uma vez que a ejeção de massa coronal resultante da explosão estará diretamente voltada para a Terra.
Um exemplo clássico de impacto de tempo espacial por atividade solar é a tempestade forte a severa geomagnética de 1989. Uma explosão solar X15 (a de terça foi 1.8) no dia 6 de março gerou uma ejeção de massa coronal voltada para Terra e isso causou uma enorme tempestade em nossa ionosfera três dias depois com blecaute pelos efeitos na elétrica no Canadá.
Por que estão ocorrendo as tempestades solares em 2024?
Por que o sol tem sido notícia frequente nestes dias? Porque está perto do máximo do ciclo solar de onze anos, quando costumam ocorrer muitas explosões. E o que é um ciclo solar? Nosso sol é uma enorme bola de gás quente eletricamente carregado. Este gás carregado se move, gerando um poderoso campo magnético. O campo magnético do sol passa por um ciclo, chamado ciclo solar.
A cada 11 anos ou mais, o campo magnético do sol muda completamente. Isso significa que os polos Norte e Sul do Sol trocam de lugar. Em seguida, leva cerca de 11 anos para os polos Norte e Sul do Sol se inverterem novamente.
O ciclo solar afeta a atividade na superfície do Sol, como manchas solares causadas pelos campos magnéticos do Sol. À medida que os campos magnéticos mudam, também muda a quantidade de atividade na superfície. Uma maneira de acompanhar o ciclo solar é contando o número de manchas solares.
O início de um ciclo solar é um mínimo solar, ou quando o Sol tem menos manchas solares. Com o tempo, a atividade solar – e o número de manchas solares – aumenta. O meio do ciclo solar é o máximo solar, ou quando o sol tem mais manchas solares. Quando o ciclo termina, ele volta ao mínimo solar e então um novo ciclo começa.
A MetSul Meteorologia está nos canais do WhatsApp. Inscreva-se aqui para ter acesso ao canal no aplicativo de mensagens e receber as previsões, alertas e informações sobre o que de mais importante ocorre no tempo e clima do Brasil e no mundo, com dados e informações exclusivos do nosso time de meteorologistas.