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Junho é um dos meses mais frios do calendário, mas em 2024 terá temperatura acima da média na maior parte do Centro-Sul do país com menor número de dias com geada que o habitual. | MYCCHEL LEGNAGHI/SÃO JOAQUIM ONLINE

Como será o clima em junho? O mês é o primeiro do denominado inverno climático que é compreendido pelo trimestre dos meses de junho, julho e agosto. Já a estação inverno começa oficialmente pelo critério astronômico às 17h51 do dia 21 de junho e vai até 9h44 do dia 22 de setembro.

Junho é o primeiro mês do inverno e, historicamente, é marcado por alguns dias de frio muito intenso, geada e às vezes até neve. O mês está juntamente com julho entre os mais frios da climatologia anual no Sul do país e tem aumento da precipitação no Rio Grande do Sul e uma diminuição da chuva no Centro do Brasil.

Juntamente com julho, junho é o mês mais frio do ano na climatologia histórica. No Rio Grande do Sul, pelos padrões históricos, junho costuma ser um mês chuvoso enquanto no Centro do Brasil se instala a estação seca, o que favorece o aporte de umidade em direção às latitudes médias como do Centro da Argentina, Uruguai e o estado gaúcho.

No caso de Porto Alegre, junho tem uma temperatura mínima média histórica de 11,3ºC, 0,9ºC acima da de julho que é menor entre os meses do ano. Já a temperatura máxima média é de 20,3ºC, 0,6ºC superior à de julho que é a mais baixa entre os meses do ano.

A temperatura média mensal de junho na capital gaúcha é de 14,8ºC, ou 0,7ºC acima da de julho e 0,9ºC abaixo da de agosto, fazendo de junho o segundo mês mais frio do ano, conforme os dados das normais climatológicas da série 1991-2020.

Já a precipitação média de junho na cidade é de 130,4 mm, a quarta média mais alta de chuva entre os meses do ano em Porto Alegre. Fica atrás apenas de julho (163,5 mm), outubro (153,2 mm) e setembro 147,8 mm. A precipitação média mensal de 130,4 mm corresponde à nova normal mensal climatológica com base na série 1991-2020.

Uma comparação entre as séries histórica 1961-1990 e 1991-2022 mostra que no caso da cidade de Porto Alegre o mês de junho ficou menos frio e quase não teve mudança na chuva nas última três décadas.

A média mínima em 1991-2020 era de 10,7ºC e passou a ser 11,3ºC na série 1991-2020. A média máxima se elevou de 19,2ºC para 20,3ºC entre as normais 1961-1990 e 1991-2020. Na série de 1961-1990, junho era o terceiro mês mais chuvoso em Porto Alegre com 132,7 mm (atrás de agosto com 140,0 mm e setembro com 139,5 mm) e agora é o quarto com 130,4 mm.

Em São Paulo, com a instalação da estação seca, a precipitação média mensal é de tão-somente 59,7 mm, a terceira menor entre os meses do ano na climatologia da capital paulista. A temperatura mínima média é de 13,5ºC e média máxima em junho é de 20,3ºC.

Oceano Pacífico em junho

Em 2024, o mês de junho vai transcorrer com o Oceano Pacífico Equatorial em estado de neutralidade, portanto sem El Niño ou La Niña, depois da fase quente do El Niño ter terminado em maio. No decorrer do mês se espera que haja um maior resfriamento das águas do Pacífico Equatorial com a gradual transição para um evento de La Niña no segundo semestre deste ano.

Mapa de anomalia de temperatura da superfície do mar do final de maio mostra a organização da “língua” de águas mais frias no Pacífico Equatorial que deve levar ao fenômeno La Niña entre julho e agosto | NOAA

De acordo com o último boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar era de +0,2ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central, que é usada oficialmente para definir se há um El Niño na forma clássica e de impacto global. O valor está na faixa de neutralidade de -0,4ºC a +0,4ºC.

Por outro lado, a região Niño 1+2, perto das costas do Equador e do Peru, estava com anomalia de -1,1ºC, em nível de La Niña costeiro, mas esta não é a área do Pacífico que é usada para identificar se um evento de La Niña oficialmente está atuando.

Chuva em junho

O mês de junho costuma marcar uma acentuada diminuição da chuva no Centro do Brasil com a instalação da estação seca ao passo que mais ao Sul, especialmente no Rio Grande do Sul, observa-se um aumento das precipitações.

É o mês, historicamente, em que há maior ocorrências de frentes quentes no Rio Grande do Sul, ou seja, quando ar mais quente de Norte avança sobre massas de ar frio sobre o território gaúcho, produzindo chuva não raro volumosa a excessiva com temporais.

No inverno, muitos sistemas atuam no Sul brasileiro como frentes frias, frentes quentes e centros de baixa pressão, o que costuma trazer mais chuva para estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina enquanto o Paraná, pela sua posição mais ao Norte, sofre a influência do ar seco do Brasil Central e tem menor precipitação que os estados mais ao Sul.

Embora seja pelos padrões históricos um dos meses mais chuvosos do ano, depois do maio que derrubou todos os recordes de precipitação com precipitação jamais vista, junho vai parecer um mês pouco chuvoso. E a boa notícia para os gaúchos é que dados não indicam um mês excessivamente chuvoso.

A primeira metade do mês de junho, inclusive, deve ter chuva abaixo a muito abaixo da média na maior parte do Rio Grande do Sul com maiores índices de precipitação no Sul e no Leste do estado. Os mapas a seguir mostram a tendência de anomalia (desvio da média) de chuva para cada semana de junho, a partir dos dados do modelo europeu.

Modelos climáticos internacionais analisados pela MetSul, a propósito, indicam um mês de junho sem grandes extremos de chuva na maior parte do Centro-Sul do Brasil. Centro-Oeste e o Sudeste devem ter, no geral, chuva perto ou abaixo da média. Precipitação acima da média ocasional apenas em setores mais localizados.

Projeção de anomalia de chuva para o mês de junho do modelo SEAS-5 do Copernicus da União Europeia. O mapa é meramente ilustrativo e não necessariamente representa o prognóstico da MetSul | METSUL

Projeção de anomalia de chuva para o mês de junho do modelo ensemble NMME da NOAA. O mapa é meramente ilustrativo e não necessariamente representa o prognóstico da MetSul | METSUL

No Sul, o indicativo para o mês é de chuva abaixo da média na maioria das áreas, especialmente no Noroeste gaúcho, Oeste de Santa Catarina e parte do Paraná. No Rio Grande do Sul, a chuva fica perto da média ou acima das normais climatológicas no Sul e no Leste gaúcho ao passo que no Noroeste e no Norte do estado deve terminar o mês abaixo ou perto da média.

Os maiores volumes de chuva na região Sul do Brasil devem ocorrer no mês de junho na segunda metade do mês, uma vez que a primeira quinzena deve ter chuva abaixo a muito abaixo da média histórica em grande parte da região, exceto pontos do Sul e do Leste do Rio Grande do Sul.

E como fica a temperatura em junho

Todos os principais modelos internacionais de clima projetam um junho de temperatura acima e mesmo muito acima da média em algumas áreas no Centro-Sul do Brasil com sinal mais positivo no Planalto Central, entre o Centro-Oeste e parte do Sudeste.

Na Região Sul, haverá o predomínio de dias de temperatura acima da média na primeira metade do mês, sendo que alguns entre 5 e 15 de junho podem ter temperatura muito acima da climatologia histórica.

Na segunda quinzena, são esperados alguns poucos dias mais frios com temperatura perto ou abaixo da média, em particular no Sul do Rio Grande do Sul. Tal como na primeira quinzena, também na segunda existe a possibilidade de período mais quente que o normal.

Os mapas a seguir mostram a tendência semanal de anomalia (desvio da média) de temperatura para as quatro semanas de junho em que se constata a tendência de marcas predominantemente acima da média ao longo do mês.

Esta é a linha de prognóstico que está sendo usada pela MetSul Meteorologia.  Não se projeta um mês de frio rigoroso e constante, e tampouco um alto número de dias de temperatura muito baixa com ar gelado, mas não vai deixar de fazer frio em alguns dias.

Junho é um dos meses mais frios do ano e, assim, mesmo dias com marcas perto ou pico acima da média acabam tendo temperatura baixa durante o período noturno. Os desvios são mais pronunciados nas temperaturas máximas da tarde com a escassez de chuva.

O indicativo de marcas acima da média se traduz em menor número de noites geladas e um maior número de tardes agradáveis e mesmo algumas quentes para os padrões desta época do ano. O frio muito intenso que não raro aparece em torno do dia 12 de junho em muitos anos não deve se fazer presente neste ano na data.

Projeção de anomalia de temperatura para o mês de junho do modelo SEAS-5 do Copernicus da União Europeia. O mapa é meramente ilustrativo e não necessariamente representa o prognóstico da MetSul | METSUL

Projeção de anomalia de temperatura para o mês de junho do modelo ensemble NMME da NOAA. O mapa é meramente ilustrativo e não necessariamente representa o prognóstico da MetSul | METSUL

Em junho, diferentemente de maio, quando o Rio Grande do Sul esteve entre o ar frio da Argentina e o ar quente do Brasil, o ar quente do território brasileiro vai avançar mais para o Sul, o que explica o predomínio de marcas acima da média.

Por isso, o Sul e o Oeste gaúcho terminam maio com temperatura abaixo da média e em junho as marcas devem ficar acima da média em grande parte do Rio Grande do Sul. É o que explica também a expectativa de menos dias de chuva e com temperatura mais alta no Sul brasileiro com aumento da chuva no Uruguai e no Centro da Argentina.

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