São Paulo e Rio de Janeiro contabilizam onzer mortos e um desaparecido em razão de episódios de chuva intensa a extrema que assolaram os dois estados. A Grande São Paulo e a Região Metropolitana do Rio de Janeiro foram as áreas mais atingidas e concentram as vítimas fatais pelas precipitações excessivas.
No término de uma sequência de dias de temporais e chuva forte no estado de São Paulo, um homem e uma criança morreram e uma outra pessoa desapareceu pela chuva intensa. Em São Bernardo do Campo um homem de 48 anos morreu após um deslizamento de terra atingir o quarto de sua casa, onde dormia, no final da sexta.
Na cidade de Juquitiba, também na Grande São Paulo, o aguaceiro causou vários pontos de inundação repentina e um menino de seis anos foi levado pela correnteza após o carro onde ele estava ficar preso na água, informou o Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo.
No final do sábado e no começo da madrugada de hoje foi a vez da cidade do Rio de Janeiro e o Grande Rio sofrerem com chuva excessiva a extrema. O Norte da capital fluminense, Niterói e a Baixada Fluminense foram as áreas mais castigadas. A Prefeitura do Rio chegou a elevar o estágio de alerta da cidade ao nível 4 que vai numa escala cujo máximo é cinco. Sirenes foram acionadas em comunidades do Rio de Janeiro e de Niterói.
O saldo preliminar das autoridades indica que nove pessoas morreram no estado do Rio de Janeiro. Uma mulher segue desaparecida em Belford Roxo e uma criança em São João de Meriti. Mulher foi encontrada afogada dentro de casa em Acari. Em Ricardo de Albuquerque, bombeiros encontraram o corpo de um homem que foi soterrado. Duas pessoas morreram em São João de Meriti.
A Secretaria de Estado de Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro informaram que estão mobilizados para atender as ocorrências. Os bombeiros atenderam a mais de 180 ocorrências relacionadas às chuvas nas últimas 24 horas em todo o estado, entre salvamentos de pessoas, inundações e alagamentos, quedas de árvores e desabamentos.
A Grande quantidade de água acumulada chegou a bloquear trecho da avenida Brasil, uma das principais vias da cidade do Rio de Janeiro. A chuva também fechou estações de trem e metrô. Várias cidades da Baixada Fluminense pareciam grandes piscinas na manhã deste domingo devido aos alagamentos generalizados. Um batalhão da PMERJ, quartel dos bombeiros e a superintendência da Polícia Rodoviária Federal foram inundados no temporal. A Prefeitura do Rio de Janeiro decretou emergência na cidade nesta tarde.
Quanto choveu no Rio de Janeiro
Estações do Cemaden indicaram volumes em 24h apenas durante o sábado de 235 mm em Mesquita e São João do Meriti, 232 mm em Nilópolis, 166 mm em Seropédica, 161 mm em Queimados, 131 mm em Japeri, 125 mm em Beldord Roxo, 124 mm em Paraty, e 103 mm em Niterói.
Os maiores volumes de chuva observados pelo Alerta Rio, da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, nas 24h do sábado, foram de 281 mm em Anchieta, 136 mm em Irajá, e 107 mm em Madureira e Bangu. O acumulado na estação de monitoramento de Anchieta entre 1º e 13 de janeiro somou 382,4 mm.
O que causou a chuva
Uma massa de ar quente e úmido de origem tropical cobre o Sudeste do Brasil há dias e favorece a formação de nuvens carregadas, de maior desenvolvimento vertical, capazes de gerar chuva forte a intensa e vendavais localizados. Por isso, a sequência de dias em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Houve o agravante da passagem de uma frente fria pela costa, o que reforçou a chuva na sexta no Leste de São Paulo com o aguaceiro na Grande São Paulo. Uma área de baixa pressão passou a atuar na costa do Sudeste do Brasil, gerando aporte de umidade que, ao interagir com a atmosfera aquecida, proporcionou os aguaceiros.
Um dado impressionante. A sondagem por balão meteorológico lançado do Aeroporto do Galeão às 21h de sábado, quando se iniciava a chuva mais intensa, indicou valores de água precipitável de 69,8 mm. Trata-se de uma marca altíssima e que não se observa a toda hora.
Não é volume de chuva previsto, mas um indicador do vapor d´água presente na atmosfera. A atmosfera, assim, estava carregadíssima de umidade, o que gerou a chuva com os volumes extremos. Os ventos em torno da circulação de baixa pressão, ademais, sopravam do mar para o continente, e traziam ainda mais umidade para a cidade do Rio de Janeiro e o Grande Rio.
A cidade do Rio de Janeiro, Niterói e o Grande Rio têm um agravante para chuva em relação a maioria das cidades do Brasil. São cidades que estão junto à Serra do Mar. Quando há grande aporte de umidade do mar para o continente a chuva tende a ser mais intensa por efeito da orografia (relevo). A chuva orográfica ocorre pela umidade que vem do mar, encontra os morros, ascende na atmosfera e ao encontrar camadas mais frias se converte em chuva com grandes volumes.
Pode chover novamente forte?
O pior já passou, embora o calor e a umidade ainda possam gerar chuva forte isolada. Grande parte desta semana será de sol na cidade do Rio de Janeiro. O que vai chamar atenção será o calor que tende a ser excessivo com tardes escaldantes. As máximas na cidade do Rio de Janeiro podem ficar entre 38ºC e 40ºC na maioria dos dias da semana, podendo exceder os 40ºC em alguns bairros.
O calor muito intenso pode gerar pancadas e temporais isolados em fim de tarde ou à noite. Na sexta-feira, a possibilidade de instabilidade aumenta na cidade do Rio de Janeiro com pancadas de chuva que podem ser localmente fortes e não se descarta já possam ocorrer a partir da manhã, aliviando brevemente o calor.
Chuva extrema foi alertada
A MetSul Meteorologia publicou ainda na quinta-feira (11) um alerta sobre chuva que seria localmente excessiva a extrema em São Paulo e no Rio de Janeiro, advertindo para a possibilidade de acumulados extremamente altos em alguns pontos.
“A partir do que os dados mostram preocupa o cenário de possibilidade de chuva com volumes extremos em pontos isolados com marcas excessivamente altas de precipitação em curto intervalo, o que necessariamente leva a inundações repentinas e ao risco de deslizamentos, duas situações perigosas”, dizia o alerta. Na manhã do sábado (13), em nova atualização, a MetSul enfatizava que o risco de chuva aumentava no Rio de Janeiro e diminuía em São Paulo.
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