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Temperatura do mar bate recordes nos planeta. Oceano Atlântico está mais quente do que a média na maior parte do litoral brasileiro. | FÁBIO TEIXEIRA/ANADOLU/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Em 2023, os oceanos do mundo absorveram uma quantidade enorme de calor excedente, suficiente para “evaporar bilhões de piscinas olímpicas,” de acordo com um relatório anual publicado na quinta-feira. Os oceanos cobrem 70% do planeta e têm mantido a superfície da Terra habitável, absorvendo 90% do calor excedente produzido pela poluição de carbono proveniente da atividade humana desde o início da era industrial.

No ano passado, os oceanos absorveram cerca de 9 a 15 zettajoules a mais do que em 2022, de acordo com as estimativas respectivas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) e do Instituto Chinês de Física Atmosférica (IAP). Um zettajoule de energia é aproximadamente equivalente a dez vezes a eletricidade gerada mundialmente em um ano.

“Anualmente, o globo todo consome cerca de meio zettajoule de energia para alimentar nossas economias”, conforme declaração dos autores. “Outra maneira de pensar sobre isso é que 15 zettajoules são energia suficiente para evaporar 2,3 bilhões de piscinas olímpicas”.

Em 2023, a temperatura da superfície do mar e a energia armazenada nos primeiros 2000 metros do oceano atingiram recordes, de acordo com o estudo publicado na revista Advances in Atmospheric Sciences. A quantidade de energia armazenada nos oceanos é um indicador-chave do aquecimento global, pois é menos afetada pela variabilidade climática natural do que a temperatura da superfície do mar.

Algumas das enormes quantidades de energia armazenada no oceano ajudaram a tornar 2023, um ano repleto de ondas de calor, secas e incêndios florestais, o mais quente registrado. Isso ocorre porque quanto mais quentes os oceanos ficam, mais calor e umidade entram na atmosfera.

Isso leva a condições climáticas cada vez mais erráticas, como ventos fortes e chuvas intensas. As temperaturas mais elevadas da superfície do mar são impulsionadas principalmente pelo aquecimento global, causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis.

A cada poucos anos, um fenômeno climático natural, El Niño, aquece a superfície do mar no Pacífico Sul, levando a um clima mais quente globalmente. O atual El Niño está ao redor do seu pico neste começo de 2024. Por outro lado, a La Niña periodicamente ajuda a resfriar a superfície do oceano e pode vir mais tarde neste ano.

O aumento das temperaturas da água e a salinidade do oceano – também em níveis recordes – contribuem diretamente para um processo de “estratificação”, onde a água se separa em camadas que não se misturam mais. Isso tem amplas implicações porque afeta a troca de calor, oxigênio e carbono entre o oceano e a atmosfera, com efeitos incluindo a perda de oxigênio no oceano. Os cientistas também estão preocupados com a capacidade de longo prazo dos oceanos de continuar absorvendo 90% do calor excedente proveniente da atividade humana.

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