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Enorme erupção do vulcão indonésio Monte Ruang gerou uma impressionante tempestade de raios junto à coluna de cinzas e rochas expelidas | CENTER FOR VOLCANOLOGY AND GEOLOGICAL HAZARD MITIGATION/PVMBG/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Um vulcão entrou em erupção em uma região remota do norte da Indonésia, o que obrigou centenas de pessoas a abandonar a área nesta quarta-feira (17), depois que a montanha expeliu lava e uma gigantesca nuvem de fumaça, indicaram as autoridades.

“Com base em observações visuais e de instrumentos que mostraram um aumento da atividade vulcânica, o nível [de alerta] do monte Ruang foi elevado do nível 3 para o nível 4”, declarou Hendra Gunawan, diretor da agência vulcanológica da Indonésia, em um comunicado emitido nesta quarta. As autoridades também ampliaram a zona de exclusão no entorno da cratera de quatro para seis quilômetros.

O monte Ruang, um vulcão localizado na província de Sulawesi do Norte, entrou em erupção às 21h45 (10h45 de Brasília) de terça-feira e e teve outras duas erupções na madrugada desta quarta, informaram as agências de vulcanologia e geologia.

Não há informações sobre mortos ou feridos pela erupção, mas mais de 800 pessoas foram evacuadas de dois vilarejos da ilha de Ruang para uma ilha vizinha, indicou a agência estatal Antara.

Gunawan advertiu aos moradores que permanecessem “alertas diante da possível expulsão de fragmentos de rocha, descargas de nuvens quentes e tsunamis causados pelo colapso do corpo do vulcão no mar”, diz o comunicado.

A primeira erupção gerou uma coluna de cinzas de dois quilômetros e depois o vulcão expeliu materiais que alcançaram uma altura de 2,5 quilômetros, informou Muhamad Wafid, diretor da agência de geologia, em um comunicado. Na terça-feira, a agência de vulcanologia alertou que a atividade do monte Ruang havia aumentado após dois terremotos registrados nas últimas semanas.

O estratovulcão, cuja cratera está situada a 725 metros de altitude, fica mais de 100 quilômetros ao norte da capital provincial de Sulawesi do Norte, Manado. A Indonésia conta com cerca de 130 vulcões ativos e registra atividade sísmica e vulcânica com frequência, pois está situada no “Círculo de Fogo do Pacífico”.

O Aplicativo Multiplataforma para Mitigação e Avaliação de Riscos Geológicos na Indonésia (MAGMA Indonésia) elevou o nível de alerta para Laranja, o segundo mais alto, devido ao aumento da atividade desencadeada por recentes terremotos na ilha.

Abdul Muhari, chefe do Centro de Dados, Informação e Comunicação de Desastres do BNPB, aconselhou as comunidades ao redor do Monte Ruang, bem como os visitantes e turistas, a permanecerem alertas e evitarem entrar no raio de mais de três quilômetros do centro da cratera ativa.

Erupção do vulcão na Indonésia gera impressionantes imagens | CENTER FOR VOLCANOLOGY AND GEOLOGICAL HAZARD MITIGATION/PVMBG/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A atividade explosiva continua nesta noite de quarta. O Centro de Alerta de Cinzas Vulcânicas (VAAC) de Darwin advertiu sobre uma pluma de cinzas vulcânicas que subiu até uma altitude estimada de 55.000 pés (16.800 m), ou nível de voo 550. A situação tem piorado, com fortes explosões nas últimas horas.

Coluna eruptiva do Monte Ruang se estende por milhares de metros na atmosfera e coloca aviação em alerta na região | CENTER FOR VOLCANOLOGY AND GEOLOGICAL HAZARD MITIGATION/PVMBG/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Uma espetacular coluna carregada de cinzas, de cor cinza a preta, tem subido a três quilômetros acima do edifício do vulcão (3.750 metros de altitude), gerando emissões relativamente fortes. O evento foi acompanhado por um magnífico episódio de raios vulcânicos, muitas vezes chamados de “tempestades sujas”. Estas “tempestades sujas” são uma forma dramática de liberação de eletricidade estática.

No caso dos relâmpagos vulcânicos, os relâmpagos ocorrem quando partículas de carga oposta, como pedaços fragmentados de lava ou grãos de cinzas, colidem umas com as outras. Como em tempestades normais, gelo em altitude nas nuvens pode aumentar a eletrificação de erupções maiores que produzem raios em grande escala.

Impressionantes fontes de fogo (o chamado paroxismo) continuam e estão agora em andamento na cratera do cume do vulcão. Colunas de lava atingem talvez várias centenas de metros, alguns jatos de lava ultrapassam os 800 metros, o que é superior ao tamanho do edifício do vulcão (725 m). Blocos de lava brilhantes se desprendem da frente do fluxo de lava e formam enormes e incandescentes quedas de rochas quentes e densas plumas de cinzas, conhecidas como nuvens fênix, à medida que se separam das avalanches.

Cientistas ainda não divulgaram o índice de explosividade desta erupção, que pode indicar o potencial de impacto no clima do planeta, se nulo a elevado. Os vulcões têm uma escala semelhante aos dos terremotos chamada Índice de Explosividade Vulcânica (VEI). A escala foi inventada por Chris Newhall do U.S. Geological Survey e Stephen Self da Universidade do Havaí em 1982.

O Índice de Explosividade Vulcânica oferece uma maneira de medir a explosividade relativa das erupções vulcânicas. Mede a quantidade de material vulcânico ejetado, a altura do material lançado na atmosfera e quanto tempo duram as erupções. A escala é logarítmica ou baseada em 10; portanto, um aumento de “1” na escala indica uma erupção 10 vezes mais poderosa do que o número anterior na escala.

Em 1991, uma enorme erupção do vulcão Pinatubo, nas Filipinas, foi responsável por causar resfriamento do planeta por dois anos. A erupção foi classificada como VEI-6, ou extraordinariamente forte. Em 2022, erupção de vulcão submarino em Tonga foi enorme e injetou grande quantidade de água na estratosfera, o que contribuiu para aumentar o aquecimento do planeta.

A erupção de 2022 do vulcão Hunga Tonga emitiu mais de 112 quilotons (kt) de SO2 (dióxido de enxofre na atmosfera). Em comparação, o Pinatubo emitiu 20 mil quilotons de S02 em 1991 enquanto o vulcão El Chichon ejetou 7,5 mil kt de SO2 em 1982.

A erupção massiva do vulcão indonésio Tambora em 1815 levou tanto enxofre para a estratosfera que diminuiu a luz solar extensivamente a ponto de as temperaturas globais caíram cerca 1°C por anos. Isso desencadeou o famoso Ano Sem Verão em 1816. Geadas e tempestades de neve em maio e junho de 1816 no Leste do Canadá e Nova Inglaterra causaram quebras generalizadas de colheitas, e gelo em lagos e rios foi observado no extremo Sul da Pensilvânia em julho e agosto, no verão norte-americano.

Como os dados desta erupção de Ruang ainda são escassos e ela prossegue, não existe uma análise completa ainda sobre os possíveis impactos que pode ter ou não no clima do planeta, mas considerando a magnitude e a sua evolução alguns especialistas já consideram que pode ter algum impacto se persistir e ganhar força, mesmo que os efeitos sejam mínimos. A quantidade de S02 emitida até o momento, conforme dados preliminares de satélites, não foi alta.

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