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A MetSul Meteorologia adverte para um cenário de intensa instabilidade e perigoso por excesso de precipitação e risco de temporais nestes últimos dias de abril e no começo de maio no Sul do Brasil, em particular no estado do Rio Grande do Sul, onde a chuva deve ser mais excessiva com acumulados de precipitação muito altos a localmente até extremos.

Os acumulados devem ser tão altos em alguns pontos em tão curto período, em apenas cerca de uma semana, que grande número de localidades gaúchas pode atingir 100% a 200% da precipitação média histórica de abril ou maio, o que pode acarretar uma série de riscos e transtornos à população.

As médias históricas de precipitação para o mês de abril no Rio Grande do Sul são, por exemplo, de 111 mm em Pelotas, 112 mm em Bom Jesus, 114 mm em Porto Alegre, 134 mm em Caxias do Sul, 137 mm em Encruzilhada do Sul, 140 mm em Passo Fundo, 151 mm em Passo Fundo, 155 mm em Cruz Alta, 162 mm em Uruguaiana, 173 mm em Bagé, e 194 mm em São Luiz Gonzaga.

Já as média históricas de chuva de maio, pela série 1991-2020, são de 113 mm em Porto Alegre, 117 mm em Pelotas, 118 mm em Uruguaiana, 119 mm em Bom Jesus, 130 mm em Bagé, 131 mm em Caxias do Sul, 137 mm em Santa Maria e Encruzilhada do Sul, 149 mm em Cruz Alta, 153 mm em Passo Fundo e 169 mm em São Luiz Gonzaga.

Sublinhamos que os acumulados excessivos de precipitação não vão se produzir em um ou dois dias, mas na soma de vários dias de instabilidade. O que se está a alertar é para um período prolongado de instabilidade em que vários dias seguidos com registro de precipitação devem terminar com volumes expressivamente altos de chuva em grande parte do território gaúcho e parte de Santa Catarina.

Porto Alegre e região metropolitana também devem sofrer com os volumes altos de chuva neste fim de abril e o começo de maio com momentos em que a chuva pode ser moderada a forte, embora em vários períodos a chuva seja de intensidade fraca com alguns intervalos de melhoria.

Mesmo o episódio de El Niño estando no fim, a atmosfera ainda está em modo de El Niño. Sabidamente, e a MetSul alerta desde o ano passado, o El Niño costuma causar eventos extremos de chuva no Rio Grande do Sul principalmente na primavera do primeiro ano de atuação, no caso de 2023, e no outono do ano seguinte, por efeito 2024 neste episódio de 2023-2024.

Veja as projeções de chuva excessiva dos modelos

Todos os modelos numéricos de previsão do tempo analisados pela MetSul Meteorologia indicam acumulados excessivamente altos para os próximos sete a dez dias no Sul do Brasil e, especialmente, no Rio Grande do Sul. A grande maioria das cidades gaúchas deve somar no período marcas de 100 mm a 150 mm, ou seja, o que costuma chover em um mês nesta época do ano, mas em vários pontos pode chover muito mais.

Os mapas abaixo mostram as projeções de chuva para sete dias do modelo alemão Icon e para dez dias dos modelo ECMWF do Centro Meteorológico Europeu, do modelo CMC do serviço meteorológico do Canadá e do modelo norte-americano GFS. Todas estas simulações indicavam chuva excessiva a localmente extrema para os respectivos períodos de prognóstico.

Projeção de chuva acumulada do modelo canadense até 3/5 | METSUL

Projeção de chuva acumulada do modelo alemão até 1/5 | METSUL

Projeção de chuva acumulada do modelo europeu até 4/5 | METSUL

Projeção de chuva acumulada do modelo norte-americano até 3/5 | METSUL

Praticamente todos os modelos analisados pela nossa equipe apontam que em vários pontos da geografia gaúcha a chuva nos próximos dez dias pode atingir marcas tão altas quanto 150 mm a 250 mm com acumulados mais isolados até de 250 mm a 300 mm ou mais, o que significa, na prática, que alguns pontos do Rio Grande do Sul podem ter chuva de um mês e meio ou dois meses em apenas sete a dez dias.

Como se observa, há um consenso entre os vários modelos de previsão sobre chover com volumes a excessivos, mas as simulações ainda discrepam sobre a distribuição espacial (onde vai chover mais). Os modelos com maior índice de acerto, entretanto, tendem a projetar os maiores acumulados na Metade Norte gaúcha neste momento.

Chuva trará alagamentos e risco de enchentes

Alerta-se que a chuva excessiva a extrema nos próximos sete a dez dias deve trazer problemas e transtornos no Sul do Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul. Estatísticas históricas do Brasil e do exterior mostram que o excesso de chuva causa mais vítimas fatais que vento forte ou tempestades, assim chuva extrema é situação de elevado perigo.

Enfatizamos que a chuva em alguns momentos deve ser forte a torrencial com acumulados muito altos em curto período (50 mm a 100 mm em poucas horas), o que pode trazer alagamentos e inundações repentinas tanto em áreas urbanas como em rurais.

A persistência da chuva por vários dias deve provocar ainda inundações e prováveis cheias de vários rios com enchentes. Chuva com acumulados tão extremos como se prevê traz ainda riscos geológicos. Será muito alto o risco de deslizamentos de terra em áreas de encostas de morros. Devem ocorrer ainda quedas de barreiras que podem gerar bloqueios parciais ou totais de rodovias estaduais e federais.

Algumas estradas, particularmente municipais e rurais, devem se tornar intransitáveis com prováveis trechos e pontilhões cobertos pela água. Com a perspectiva de forte correnteza, trechos alagados devem se terminantemente evitados sob perigo de acidentes fatais.

Há possibilidade de temporais

Além da chuva excessiva, um risco neste fim de abril e no começo de maio no Sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, é de temporais. Isso porque a instabilidade será constantemente alimentada por ar quente, o que favorecerá a formação de nuvens muito carregadas que, ademais da chuva forte, poderá provocar tempestades isoladas com muitos raios, queda localizadas de granizo e ocasionais vendavais isolados.

Corredor de vento com ar quente que surge na Bolívia vai atuar por dias seguidos no Rio Grande do Sul e garantirá energia para convecção profunda que resultará em chuva intensa e temporais isolados | METSUL

Os dados mostram a atuação persistente nos próximos dias de uma corrente de jato em baixos níveis, um corredor de vento a cerca de 1000 a 1500 metros de altitude que tem origem na Bolívia, que vai avançar pelo Nordeste da Argentina até o Rio Grande do Sul com o ar quente que fornecerá a energia para a intensa instabilidade.

Condição semelhante aos extremos de 2023

O cenário que se apresenta para este fim de abril e o início de maior guarda bastante semelhança com aqueles do segundo semestre do ano passado que trouxeram temporais e chuva excessiva no fim do inverno e durante a primavera, no auge do episódio do fenômeno El Niño de 2023-2024.

Rio Grande do Sul estará entre uma massa de ar excepcionalmente quente no Brasil e ar mais frio avançando pela Argentina | METSUL

Tanto os eventos de chuva extrema de setembro como de novembro do ano passado coincidiram com uma forte onda de calor no Centro do Brasil, exatamente o que vai ocorrer agora com temperatura muitíssimo acima da média em vários pontos do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil a partir de um bloqueio atmosférico que canalizará a umidade para o Sul do país. Isso, porém, não significa que os eventos de chuva excessiva de 2023 se repetirão agora com as mesmas consequências e nos mesmos lugares.

Além disso, o Rio Grande do Sul neste período estará na faixa de transição entre o ar muito quente ao Norte e frio ao Sul, na Argentina. Dependendo do dia, ora o ar mais quente, ora o ar mais frio atuará sobre o território gaúcho, e esta verdadeira “queda de braço” entre as duas massas de ar contribuirá para a chuva excessiva e o risco de tempo severo no estado gaúcho.

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