O verão 2017/2018 começa nesta sexta-feira (21) no Hemisfério Sul às 20h22m (hora de verão). A estação este ano começa com o Pacífico Equatorial em estado de neutralidade. A temperatura da superfície do mar está nos níveis de El Niño, mas como a atmosfera na região ainda não reflete o aquecimento do mar não foi declarado um evento do fenômeno. Pelo aquecimento maior estar concentrado no Pacífico Central Equatorial e não no Leste, e pela atmosfera não ter ainda “acoplado” com o oceano, não devem ser esperados os impactos tradicionais de El Niño no verão do Sul do Brasil, ao menos no momento inicial. 

O verão tende a apresentar a comum irregularidade da chuva da estação com significativa variabilidade nos totais de chuva de uma área para outra, sem um cenário homogêneo em todo o Rio Grande do Sul. A maioria das regiões deve ter chuva irregular e existe o risco de períodos secos em que parte ou grande parte do Estado pode se ressentir da falta de precipitações mais volumosas com déficit hídrico e impacto na agricultura. É muito possível que dentro de algumas regiões, a chuva possa ficar abaixo ou acima da média, tamanha a irregularidade das precipitações que se prevê. Devem ser esperados episódios pontuais e localizados de chuva intensa com elevados volumes em pontos do território gaúcho, especialmente sob a presença de ar muito quente e úmido.

“A má distribuição temporal (quando chove) e espacial (onde chove) das precipitações é normal no verão gaúcho. Antes mesmo do começo da nova estação, no final da primavera, algumas áreas do Norte do Estado já se ressentiam de chuva abaixo da média neste mês, mas a estação reserva alguns eventos pontuais e passageiros de chuva volumosa para diversas áreas do Rio Grande do Sul”, destaca a meteorologista da MetSul Estael Sias. Esses ocorrem principalmente por temporais localizados de verão. 

São comuns estes episódios pontuais de chuva volumosa a excessiva, de curta duração, e com características muito localizadas ou regionalizadas. Do ponto de vista da climatologia histórica, as regiões Norte, Leste e Nordeste do Estado têm uma maior propensão a estes episódios de chuva volumosa, sobretudo o Litoral Norte que sofre maior influência das correntes de umidade que atuam nesta época do ano no Sudeste do Brasil e nos litorais de Santa Catarina e do Paraná. 

O verão é a época em que tradicionalmente ocorrem pancadas localizadas e passageiras de chuva que se dão, em regra, da tarde para a noite em dias de calor e umidade alta. Não raro chegam são acompanhadas de temporais, alguns fortes de vento e granizo, e podem despejar volumes altos de chuva em curto período com transtornos nas cidades por alagamentos. Casos mais extremos, sobretudo em dias de calor muito intenso com marcas entre 35ºC e 40ºC, trazem até tempestades severas com estragos por granizo, chuva excepcionalmente volumosa em curto período, vendavais, tornados e correntes descentes violentas de vento (downburst), como se viu em Porto Alegre em 29 de janeiro de 2016.

O tradicional calor, obviamente, vai se fazer presente. A MetSul projeta uma estação com temperatura próxima ou acima da média histórica na maioria das localidades gaúchas com algumas jornadas de calor muito intenso em que as máximas devem ficar próximas ou até superarem os 40ºC em partes do Estado. Antes do começo astronômico da estação, mas já dentro do verão climático neste mês de dezembro, o Rio Grande do Sul teve máxima de 40,7ºC no dia mais quente de 2018 que ocorreu na primavera. Mesmo sendo verão é provável que ocorram na estação dias de temperatura amena com maior influência de rápidas passagens de ar frio de trajetória marítima afetando mais o Sul e o Leste do Estado.

Vento. Quando pulsos de ar frio de trajetória marítima atuarem sobre o Atlântico Sul perto da costa gaúcha, o vento Nordestão nas praias se fará mais presente em nossas praias. Entre o fim do verão e o começo do outono, quando se espera padrão mais seco e com menor divergência de vento na atmosfera, o cenário pode se tornar propício para a gênese de ciclone atípico na costa de natureza subtropical ou mesmo tropical.  (Com foto de capa de Evandro Soares)